segunda-feira, 26 de março de 2018

Andando em Espírito 4 - Fruto do Espírito: Amor


A partir desta aula, entraremos em uma nova fase de nosso estudo sobre como andar em espírito, pois iniciaremos o estudo sobre o fruto do espírito, descrito em Gálatas 5:22. Neste verso, o apóstolo Paulo, pelo Espírito Santo, faz o contraste entre as obras da carne (versos 19 a 21) e o fruto que é dado quando se anda em espírito.
"Mas o fruto do espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança." (Gálatas 5:22)
Iniciaremos nosso estudo pelo primeiro "fruto" que é o amor. Na verdade, a palavra fruto está no singular e não no plural. Muitas pessoas acabam chamando de "frutos" do espírito, o que não tira o sentido da afirmação, mas o termo "fruto" pode ser entendido como o resultado da atuação do nosso espírito através de nossas almas e corpos.

O Amor é um Sentimento?


Se nós olharmos o significado da palavra "amor" em um dicionário de português, veremos uma diversidade de sentidos que vão desde atração sexual até a filantropia, contudo, o amor enquanto fruto do espírito não tem absolutamente nada haver com desejo sexual ou mesmo desejo por coisas materiais (por exemplo: "fulano tem amor por carros").

Assim, precisamos entender o amor dentro do contexto bíblico para podemos andar de acordo com ele. Apesar de o amor se manifestar como um sentimento, na verdade, o amor precisa estar fundamentado sobre o conhecimento. Vejamos o versículo que nos dá esta base:
"Amados, amemo-nos uns aos outros; porque o amor é de Deus; e qualquer que ama é nascido de Deus e conhece a Deus.
Aquele que não ama não conhece a Deus; porque Deus é amor."
(1 João 4:7-8)
Antes de tudo, vemos, com base no verso acima, que o nosso Deus é a fonte do amor, pois Deus não possui amor, Ele é amor! Isto nos mostra que o amor bíblico não poderia ser ensinado pelo mundo, pois este mundo material no qual vivemos jaz no maligno, e não conhece a Deus.

O verdadeiro amor só pode ser compreendido por aqueles que já se converteram a Cristo e nasceram de novo. Infelizmente, muitos cristãos, mesmo tendo nascido de novo, não possuem conhecimento de Deus para compreenderem o amor e atribuem a Deus comportamentos que eles jamais aceitariam se vissem em um ser humano (por exemplo: acreditar que é Deus quem coloca doenças nas pessoas para lhes "ensinar" alguma coisa).

Este estudo não tem o propósito de entrar completamente neste tema da verdadeira natureza divina, mas indico o meu estudo sobre o tema "Amor - A Verdadeira Natureza de Deus" (link para a parte 1), que está aqui neste blog, apesar de ainda não estar completo.

Bem, além de precisarmos nascer de Deus para podermos andar no verdadeiro amor bíblico, é necessário uma segunda coisa: conhecer a Deus, já que Ele é o amor (bíblico).

Precisamos meditar nas Escrituras que revelam como é o amor de Deus para que possamos agir baseados nestas passagens que nos ensinam quem nós somos, afinal de contas, quando nascemos de novo, recebemos uma nova natureza em nossos novos espíritos.

A Importância do Amor


Passaremos a estudar, agora, uma das mais famosas passagens bíblicas que fala sobre o amor: o 13º capítulo da carta do apóstolo Paulo aos Coríntios. Esta carta foi escrita para uma igreja que enfrentava muitos problemas de contendas e divisões (1 Coríntios 1:11, 3:1-3), mas, apesar de serem cristãos carnais, eram objetos do amor de Deus, e o Senhor, através de Paulo, revela coisas tremendas sobre Quem verdadeiramente Ele é!
"Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.
E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria.
E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria."
(1 Coríntios 13:1-3)
Primeiramente, precisamos entender que não é uma coincidência o fato do amor ser o primeiro item da lista. De fato, muitas pessoas afirmam que o fruto do espírito é apenas o amor, sendo que os demais itens da lista são apenas características deste amor. Contudo, apesar de ser algo interessante, isto não é verdade, pois Paulo separa a fé do amor e os compara um com o outro (1 Coríntios 13:13).

De qualquer forma, a Bíblia textualmente afirma que o amor é o cumprimento da Lei (Romanos 13:10), e podemos entender que realmente o amor bíblico resume todo o fruto do espírito. Vamos entender mais um pouco sobre a importância do amor usando por base os versos citados acima.

Sem amor somos como metal


O primeiro verso de 1 Coríntios 13 afirma que sem o amor somos como "metal que soa ou como o sino que tine", ou seja, é algo que faz barulho definido, inteligente, contudo, não tem vida verdadeira em si mesmo.

A palavra original grega que foi traduzida como "metal", na verdade, significa "cobre". O cobre é um metal não nobre, que não é muito rígido, sendo facilmente moldado de acordo com a temperatura ou pressão que se coloque nele. Isto mostra que, se não agirmos em amor divino, seremos moldados pelas pressões do mundo.

O mundo caído sempre irá tentar nos modelar de acordo com sua cultura ímpia e o amor de Deus em nós precisa ser a base de nosso caráter de forma a impedir esta modelagem mundana. O amor trará estabilidade.

Já no segundo verso, aprendemos que, apesar da fé ser tão importante e nossa salvação vir através dela, a fé não supera o amor, e sem o amor, de nada adianta ter uma super fé de forma a vencer grandes barreiras. Ao longo da história, temos exemplos de muitas pessoas que acreditaram em seus ideias e perseveraram neles, obtendo sucesso em suas ideias. Contudo, não estavam movidas por Deus e todo aquele esforço de nada adiantou, pois não produziu salvação na humanidade.

O verso 3 mostra que, mesmo que eu faça grandes sacrifícios por meus ideais, isso não será contado por Deus quando estivermos diante d'Ele para o julgamento, sendo necessário sermos motivados e movidos pelo amor de Deus para que nossos esforços sejam válidos e possamos receber o galardão.

Agora que já entendemos um pouco sobre a importância de darmos o fruto do amor, passemos a meditar sobre como é este amor divino.

As Características do Amor


Quero enfatizar que a descrição do amor que temos em 1 Coríntios 13 não se refere aos tipos de amor humanos, mas sim ao amor de Deus, ou seja, não temos condições de andar naquele nível se não estivermos em Cristo, além de quê precisaremos sacrificar nossa carne para que nosso novo espírito possa dominar nosso coração.

Para entendermos quem Deus é, precisamos entender a Sua principal característica: o amor. O idioma grego possuía 4 palavras para descrever o amor, sendo que a palavra usada em nosso texto estudado é agápe que se refere a um amor de conotação não sexual e não ligado diretamente a parentesco.

Passemos a meditar sobre as características do amor de Deus:
"O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece." (1 Coríntios 13:4)
Neste primeiro verso, cada palavra usada para descrever o amor poderia levar muito tempo para ser explicada, portanto, farei um resumo mais geral, e caberá a você pesquisar mais sobre elas.

Sofredor (grego: makrotymeo)


Significa que o amor é capaz de suportar sofrimentos por mais tempo, também poderia ser traduzido como longanimidade (de "longo ânimo"), paciência, capacidade de não perder as estribeiras facilmente. Também significa ser lento para vingar ou punir. Deus vem suportando as maldades humanas desde que o pecado entrou no mundo, além disso, vem sendo lento para punir os pecados e ainda demonstra paciência aguardando que as pessoas ouçam o evangelho e se arrependam. Quando nos arrependemos, Ele nos recebe de braços abertos e esquece nossos pecados.

Benigno (grego: chresteyomai)


Significa ser manso, suave, amável, etc. Bem, neste ponto a grande maioria das pessoas, principalmente os cristãos, se equivocam completamente ao terem a errônea ideia de um Deus geralmente revelado como muito agressivo. Esta ideia vem de uma falta de entendimento sobre a Velha Aliança e como Deus se revelava nela. Como já falei anteriormente, não dá pra explicar tudo aqui, mas vamos ficar com o que a Palavra revela sobre Deus (leia meu estudo sobre a Verdadeira Natureza de Deus e creio que ajudará você a compreender melhor).

O amor de Deus é manso e amável e é assim que nós somos em espírito, pois fomos recriados à Sua imagem. Iras, irritação, impaciência, etc. são coisas que não vêm do amor de Deus.

Não invejoso (grego: zeloo)


Esta palavra grega "zeloo" é nossa conhecida, pois temos a palavra "zelo" em português, embora não tenha o mesmo sentido. Neste sentido usado aqui (negativo), significa arder em ciúmes ou ter inveja. O amor de Deus não deseja o mal das pessoas, mas sim o bem. O desejo do Senhor para nós é que tenhamos vida plena em tudo, contudo, o pecado não tratado irá trazer a justa ira de Deus sobre seu agente. Deus quer sempre o nosso melhor.

Precisamos ter esta mesma atitude em nós, não agindo movidos por inveja ou ciúmes, mas em amor, buscando sempre o melhor para nosso próximo, assim como queremos para nós.

Não trata com leviandade (grego: perpereuomai) e não se ensoberbece (grego: phisioo)


Juntei estes dois porque possuem sentido semelhante em grego, sendo que o primeiro termo significa se exaltar ou se vangloriar. Já o segundo significa inflar ou inchar no sentido de ser arrogante ou orgulhoso.

O amor de Deus busca servir e vemos isto no caráter de Jesus pois veio para servir e não para ser servido.
"Porque o Filho do homem também não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos." (Marcos 10:45)
No mundo as pessoas se vangloriam por qualquer coisa. Se o indivíduo é um pouco mais inteligente ou experiente, se é mais rico ou poderoso, se é mais forte ou bonito, se sente mais importante que os demais, sendo este um sentimento carnal. Tudo recebemos de Deus e quando partirmos daqui, tudo ficará (coisas físicas). O amor de Deus nos leva à humildade, pois reconhecemos que tudo o que somos ou temos vem d'Ele e deve ser usado para glorificar ao Pai e a Jesus, bem como pra ajudar as pessoas a encontrarem a salvação.

Embora em português algumas destas características tenham sido traduzidas como adjetivos, em grego, todos os termos são verbos, ou seja, expressam ação. O amor não é algo "parado", é uma coisa que precisa ser traduzida em ações. Assim como a fé sem obras é morta, o amor de Deus precisa se traduzir em atitudes que demonstrem que estamos fluindo em amor.

Imitadores de Deus


Assim como Cristo é a imagem exata do Pai, também fomos chamado para andarmos nas mesmas pisaduras de nosso Senhor e Rei: Jesus. Deus nos torna novas criaturas a fim de quê O possamos servir de coração andando em amor:
"Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados;
E andai em amor
, como também Cristo vos amou, e se entregou a si mesmo por nós, em oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave."
(Efésios 5:1-2)
Deus derramou o Seu amor em nossos corações nos dando o Seu Espírito para que possamos, também, andar desta mesma forma. Este amor não vem de nós mesmos, e é preciso haver sacrifício do seu eu natural (o que chamo de "eu-corpo") para que nosso espírito possa manifestar Cristo em nossos corpos mortais.

Conclusão


Não nos tornamos maduros em amor da noite para o dia, mas este é um processo contínuo de aprendizado e crescimento. Na próxima aula, ainda dedicaremos tempo para conhecer o amor de Deus, de forma a podermos andar nele.

Que a paz do Senhor seja com o seu espírito. Amém.

Pr. Wendell Costa

segunda-feira, 19 de março de 2018

Andando em Espírito 3 - Ressuscitados com Cristo


Ao nos convertemos a Cristo, ocorre um milagre dentro de nós: o novo nascimento. Este nascimento é algo invisível que ocorre no âmbito do espírito. Apesar de sentirmos algo "diferente" - muitos falam sobre uma paz e uma alegria interior - não dá para nós apalparmos este novo espírito que surge. Isto é algo que precisamos conhecer através da Palavra, conforme ministrado na lição anterior.

As Escrituras nos revelam a verdade sobre o que acontece dentro de nós, em nosso espírito, quando da nossa conversão, e é este o tema de nosso estudo de hoje. Além disso, veremos algumas coisas mais sobre que atitudes tal conhecimento deve gerar em nós.

O Novo Nascimento


Jesus falou sobre esta questão no evangelho de João, capítulo 3. Ali, nosso Mestre falava com um outro mestre judeu chamado Nicodemos. Vejamos:
"Jesus respondeu, e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus." (João 3:3)
Observe que, para poder ver o Reino de Deus, que é um reino espiritual, é necessário passarmos por este milagre que chamamos de "novo nascimento". Jesus não trouxe uma nova religião, mas sim uma nova cidadania: uma cidadania de um reino que, neste momento, é invisível aos nossos olhos naturais, que é o Reino de Deus, um reino que não é deste mundo (João 18:36).

Nosso espírito se torna uma nova criatura, recriado pelo Espírito Santo diretamente dentro do Reino de Deus.
"Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo." (Tito 3:5)
Fomos regenerados, ou seja, gerados de novo pelo Espírito Santo. Obviamente, este processo não ocorre em nossos corpos, pois claro é que não mudamos fisicamente quando nos tornamos seguidores de Jesus.

Intelectualmente, ou seja, a nível de "alma", apenas damos o primeiro passo nesta caminhada de fé, não havendo transformação instantânea em nosso entendimento. Tal transformação é gradativa.

Lembro que, quando me converti a Cristo, apesar de ter sentido algo diferente em meu coração, não podia compreender o que tinha ocorrido, apenas achei aquilo tudo muito bom. Antes de minha conversão, eu sentia uma espécie de vazio dentro de mim, mas não compreendia o porquê, cheguei a acreditar que o tal "vazio" era pelo fato de eu não ser uma pessoa religiosa.

Contudo, não é uma simples religião, com seu conjunto de doutrinas e regras, que preenche o vazio do coração do homem, mas sim Deus é quem o faz. O homem foi criado para conter Cristo dentro de si.

Gradativamente, na medida em que conhecia as Escrituras, fui compreendendo o que havia ocorrido, e por consequência, este entendimento foi gerando em mim atitudes "de dentro pra fora", cada vez mais alinhadas com esta nova realidade espiritual. Assim, pude experimentar a justiça, paz e alegria que são parte inerente do Reino de Deus.

Assentados nas Regiões Celestiais



Conforme já ensinei anteriormente, não podemos depender de nossos sentidos físicos (os quais são parte dos nossos corpos), nem dos sentimentos e emoções da nossa alma para conhecermos e compreendermos o mundo espiritual. É necessário um "espelho", que é a Palavra de Deus, para que possamos nos enxergar como somos no nível do espírito.

Quando Deus nos salva, Ele cria em nós um espírito que já faz parte do Reino de Deus, e nos faz assentar com Cristo em lugares espirituais, os quais não vemos, nem sentimos, nem cheiramos, etc.
"Estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos),
E nos ressuscitou juntamente com ele e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus;"
(Efésios 2:5-6)
Quando lemos o livro de Efésios, desde seu capítulo primeiro, observamos que esta parte inicial desta epístola revela muita coisa sobre como somos e onde estamos no nível do espírito. Veja que o tempo verbal usado é o passado, isso na grande maioria das vezes, sendo que, em algumas outras, é usado o tempo presente.

Quando lemos que Deus "nos ressuscitou e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo", se dependermos dos nossos sentidos naturais, vamos achar que isto tudo não passa de algo figurado, ou seja, não é uma realidade.

No entanto, quando compreendemos a diferença entre o espírito, a alma e o corpo, nossos olhos podem ser abertos para enxergar quem nós somos, e tudo o que temos nesta nova realidade espiritual. Nosso espírito já está assentado, em Cristo, reinando com Ele. Longe de ser algo figurado, o texto fala de uma realidade espiritual.

Como andarmos em espírito se não compreendemos a realidade do espírito? Não haverá como fazermos isso. É necessário, primeiramente, entender que nosso espírito está assentado em Cristo, acima de todo sofrimento e mal deste mundo e que Deus já proveu tudo para nós, sendo isto uma realidade espiritual, ou seja, isto é um fato e não algo figurado.

Buscando as Coisas de Cima


Uma vez que o nosso espírito foi regenerado - recebemos um novinho em folha - e que este espírito está em Cristo, assentado nas regiões celestiais, precisamos levar nossa alma, ou seja, nossa mente e emoções para esta mesma realidade espiritual. Precisamos buscar trazer esta realidade do espírito, primeiramente, para nossa mente.
"Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus.
Pensai nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra;"
(Colossenses 3:1-2)
Os valores do Reino de Deus devem ocupar a nossa mente, e nossos esforços devem ser direcionados para experimentarmos a realidade maravilhosa do Reino Eterno do Senhor. Conforme já vimos na primeira parte deste estudo, não podemos obter o Reino de Deus manifestado em nossas vidas simplesmente praticando certas obras ou rituais. Ou seja, não podemos desfrutar da realidade das coisas apenas buscando ver a "sombra" delas, mas sim, vendo-as como efetivamente são.

Já vimos, na primeira lição, que os rituais e obras religiosas do Velho Testamento eram apenas sombras de algo que haveria de vir, e que a realidade das coisas se encontra em Cristo, e em forma espiritual.

O verbo grego traduzido para "pensai", no verso 2 acima citado, é fronêo que significa, dentre outras coisas, "direcionar a mente para algo, buscar ou esforçar-se por algo". Nós temos a capacidade de direcionar nossos pensamentos e desejos para qualquer coisa que quisermos, bastando para isto, que coloquemos o devido valor nela.

Em Mateus 6:21, Jesus disse que onde colocássemos o nosso tesouro, ali também estaria nosso coração. Isto mostra que nós podemos direcionar o nosso coração, e por consequência, nossos sentimentos, ideias, planos, etc. Basta que dediquemos tempo e esforço àquilo. Se valorizarmos as coisas de Deus, dedicaremos mais tempo pra o Senhor, e abriremos mão das coisas que não trazem edificação. Assim fazendo, nosso coração será direcionado às coisas do alto.

Abençoados com Todas as Bênçãos


Por falar em "dar valor" às coisas do alto, cheguei à conclusão que, por não vermos as riquezas espirituais, não damos a elas o devido valor. Mas se você meditar um pouco sobre este tema, poderá entender que, na verdade, as pessoas buscam as riquezas materiais pela necessidade de riquezas espirituais. O lado espiritual sempre tem preeminência, apesar disto ser, em geral, inconsciente.

Os homens buscam bens materiais para terem suas necessidades básicas supridas, mas além disso, desejam ter felicidade, segurança, paz, alegria, reconhecimento, desejam se sentir amadas, etc. Contudo, todas estas coisas já estão disponíveis em Cristo, de forma gratuita e plena no âmbito do espírito.
"Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo;" (Efésios 1:3)
Quando lemos o termo "bênçãos espirituais", não compreendemos bem a que isto se refere. Geralmente, é associado a coisas como ter paz, alegria, etc. contudo, a palavra bênção, no contexto bíblico, se refere a algo bem mais abrangente. Vamos analisar o que esta palavra "bênção" trazia à mente daqueles que a conheciam desde o Antigo Testamento.

No livro de Gênesis, capítulo 27, temos aquela passagem onde Rebeca ajuda Jacó a roubar a bênção do seu pai Isaque. Se vermos o conteúdo desta bênção, poderemos compreender o potencial que existe em uma bênção:
"Assim, pois, te dê Deus do orvalho dos céus, e das gorduras da terra, e abundância de trigo e de mosto.
Sirvam-te povos, e nações se encurvem a ti; sê senhor de teus irmãos, e os filhos da tua mãe se encurvem a ti; malditos sejam os que te amaldiçoarem, e benditos sejam os que te abençoarem."
(Gênesis 27:28-29)
A bênção que Isaque ministrou sobre Jacó fez com que a nação de Israel fosse escolhida para ser aquela que geraria o próprio Rei dos reis, Jesus Cristo, sendo uma bênção que produzirá efeitos por toda a eternidade! Através desta bênção, riquezas materiais e imateriais foram reservadas para o povo de Israel. Se Israel não tivesse se afastado do seu Deus, eles seriam, certamente, a nação mais poderosa da terra, além de a mais rica.

Veja que tudo está na bênção! Termos sido abençoados com toda sorte de bênçãos espirituais não significa apenas que temos paz e alegria, mas sim que temos simplesmente tudo o que Deus Pai deu a Cristo, ou seja, poder, autoridade, prosperidade, saúde, e um reino eterno de paz e alegria que jamais passará. Tudo isto está nesta bênção espiritual: é real, contudo, invisível, mas que pode e deve se manifestar aqui neste mundo, ainda que não de forma plena, pois o mundo não está em Deus, mas no maligno. A plenitude desta bênção se manifestará quando da vinda do Senhor Jesus à Terra.

Coração Iluminado


Imagine que você está em um quarto escuro. Neste quarto existem móveis, roupas, objetos espalhados pelo chão, e assim por diante. Se você tentar caminhar por ele, poderá esbarrar em alguma coisa ou mesmo quebrar algum dos objetos. Contudo, se você consegue acender a luz, verá tudo muito bem e poderá dispor dos objetos como queira.

Minha pergunta é: quando tudo estava escuro, os objetos estavam lá? Obviamente, você responderá que sim. Mas, apesar de estarem todos os objetos lá, você teria bastante dificuldade em dispor deles, isto porque estava escuro e você não conseguia enxergar e manipular corretamente os objetos.

A mesma coisa acontece quando não compreendemos o que a palavra de Deus nos ensina sobre a realidade do espírito, as bençãos espirituais e quem nós somos em Cristo. Estaremos como alguém que está andando no escuro e não consegue dispor das coisas que já estão lá mas que estão invisíveis.

Por isso, é necessário acendermos a luz para que possamos enxergar aquilo que já é nosso através de Jesus Cristo. Esta era a oração do apóstolo Paulo pela igreja de Éfeso:
"Não cesso de dar graças a Deus por vós, lembrando-me de vós nas minhas orações: (...) Tendo iluminados os olhos do vosso coração, para que saibais qual seja a esperança da sua vocação, e quais as riquezas da glória da sua herança nos santos;" (Efésios 1:16-18)
Podemos ver que o apóstolo não orava para que Deus abençoasse os efésios, mas sim, para que Deus iluminasse o coração deles, de forma a que eles compreendessem o que já lhes era dado em Cristo. A partir do momento em quê você conhece as "riquezas da glória" e o "poder" disponíveis em Cristo, você poderá começar a dispor deles para poder cumprir a sua missão aqui na terra de forma primorosa.

Conclusão


O novo nascimento nos elevou a mais alta posição em espírito, sendo que, para que possamos dispor das bênçãos espirituais que nos foram dadas, é necessário termos o nosso coração iluminado pela revelação do Senhor.

Vamos compreender mais sobre as características da nova criatura nas próximas lições. Que a paz do Senhor seja com o teu espírito. Amém.

Pr. Wendell Costa

segunda-feira, 12 de março de 2018

Andando em Espírito 2 - Guiados pela Palavra


Como podemos andar em espírito? Será que alguém espiritual é aquela pessoa que está o tempo todo sentindo amor, alegria, paz, paciência, etc.? Ou será que precisamos agir mesmo quando não sentimos vontade de fazer o que a Palavra manda?

Quando eu me converti a Cristo, sofri muito quando percebi que as vontades pecaminosas ainda continuavam em mim, cheguei a duvidar de que realmente havia ocorrido alguma mudança efetiva, pois, apesar de eu desejar servir ao Senhor, os sentimentos eram misturados.

Nesta lição de hoje, veremos que andar em espírito não significa ser guiado pelos sentimentos, mas sim pela Palavra de Deus!

A Luz que Ilumina Nosso Caminho


Não é possível tocarmos no mundo espiritual com nosso corpo físico, tampouco nossos sentimentos e emoções revelam a verdade sobre o Reino de Deus, nem sobre o império do adversário. Por que é assim?

O mundo espiritual é uma realidade separada do mundo físico e é regido por outras leis; as leis da natureza não funcionam no mundo espiritual, e nem mesmo nosso intelecto foi criado com a capacidade de compreender esta outra dimensão em sua forma plena. Para isto, Deus nos deu um espírito, o qual é um ser pertencente à realidade espiritual e é capaz de compreender as coisas espirituais.

Assim, para que possamos agir de acordo com o novo espírito recebido de Deus, precisamos do conhecimento e sabedoria revelados pela Palavra.
"Lâmpada para os meus pés é tua palavra, e luz para o meu caminho." (Salmos 119:105)
Muitas pessoas vêem este versículo como algo puramente poético, quando, na verdade, ele fala de algo muito prático: é a Palavra que nos ilumina o mundo invisível, nos mostrando como precisamos agir no nosso dia a dia.

O mundo em que vivemos é um mundo de escuridão espiritual, as pessoas buscam toda sorte de orientações e conselhos em fontes espirituais que são malignas, já outras pessoas ignoram a realidade espiritual à sua volta e vivem completamente alheios à existência de Deus, espíritos, anjos, demônios, etc.


Imagine que você está em uma floresta perigosa, com diversos animais peçonhentos, tais como cobras, aranhas, insetos, etc.; além disso, está de noite e sem lua cheia. Que situação mais assustadora, não é? Além disso, você está com fome, mas ficou paralisado por não conseguir nem ao menos caminhar. De repente, você descobre que está com uma lanterna militar na sua mochila, e quando você a acende, consegue enxergar tudo muito bem ao seu redor. Além disso, a luz forte espanta muitos animais que estavam cercando você!

Esta ilustração acima mostra bem como funciona a Palavra de Deus neste mundo de escuridão: os espíritos malignos que nos cercam são expostos, e mais que isto, eles fogem diante da forte luz de Cristo que está em nós. O comportamento humano também é exposto revelando que tipo de espírito está por trás das ações dos homens.
"Mas aquele que odeia a seu irmão está em trevas, e anda em trevas, e não sabe para onde deva ir; porque as trevas lhe cegaram os olhos." (1 João 2:11)
Quando somos manipulados pelos sentimentos, e não guiados pela palavra, podemos estar andando em trevas espirituais, esquecendo-nos de quem Deus é e de quem nós somos em espírito. O verso acima mostra que, ao andarmos segundo a carne e odiarmos nossos irmãos, agimos como alguém que está sem a lanterna em uma floresta escura, a qualquer momento, poderá ser atingido por um escorpião ou serpente, e nem ao menos saberá o que o atingiu!

Um Espelho para o Mundo Espiritual


Uma outra forma de enxergar a Palavra de Deus é vê-la como um espelho que nos mostra quem somos em espírito.
"Porque, se alguém é ouvinte da palavra, e não cumpridor, é semelhante ao homem que contempla ao espelho o seu rosto natural;
Porque se contempla a si mesmo, e vai-se, e logo se esquece de como era."
(Tiago 1:23-24)

Quando ouvimos ou lemos a Palavra de Deus, enxergamos a verdade sobre o mundo espiritual ao nosso redor, e estas verdades devem nos levar agir de acordo com as revelações que recebemos. Tiago nos alerta para o fato de que se ouvirmos a Palavra e não obedecemos é como se estivéssemos olhando em um espelho para nosso rosto, e após sairmos da frente do espelho, nos esquecemos de como somos.

O apóstolo Paulo também fala sobre o fato de que hoje nós vemos a Deus e as verdades sobre o reino espiritual através de um espelho.
"Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido." (1 Coríntios 13:12)
A palavra grega traduzida para "enigma" - αἴνιγμα (ainigma) - quer dizer "algo dito de forma obscura". Definitivamente, isto não quer dizer que a Palavra de Deus seja obscura, mas sim que, estando nós neste mundo de trevas, a Palavra não fica tão clara em nossas mentes, tendo em vista que nascemos e crescemos neste mundo de pecado, sendo que o aprendizado da Palavra é gradativo. Este mundo jaz no maligno e não em Deus.

É interessante notar que, na época bíblica, os espelhos não eram tão bons quanto os que temos hoje, pois eram mais semelhantes há uma panela inox bem polida. Ou seja, a imagem refletida nos espelhos de então não era tão perfeita como as que temos hoje.

Assim também acontece quando enxergamos a realidade espiritual através da palavra de Deus, a nossa visão do mundo espiritual será melhor à medida em que vamos adquirindo conhecimento de Deus revelado pelas Escrituras Sagradas. Quanto mais nós formamos em nossa mente a imagem mais e mais nítida do mundo espiritual, mais teremos condições de andar em espírito.

Não Andando por Vista nem por Emoções


Cheguei a achar que quando fosse alguém espiritualmente maduro, eu não seria mais afetado por sentimentos negativos, tais como angústia, medo, frustração, etc. Contudo, o fato de você se tornar mais e mais maduro na fé não significa que deixará de ter sentimentos. Os sentimentos fazem parte de nossa natureza, sendo reflexos dos sentimentos do próprio Deus.

Nosso Senhor Jesus Cristo, cordeiro imaculado do Pai, também teve sentimentos de medo e angústia ao se aproximar do momento em que levaria os pecados de toda a humanidade na Cruz do Calvário:
"E tomou consigo a Pedro, e a Tiago, e a João, e começou a ter pavor, e a angustiar-se.
E disse-lhes: A minha alma está profundamente triste até a morte; ficai aqui, e vigiai."
(Marcos 14:33,34)
Ora, se nosso Mestre e Senhor, o qual nunca pecou, passou por sentimentos assim, quem somos nós para querermos estar acima de qualquer angústia ou sentimento? Contudo, Jesus não se moveu por eles, pois clamou ao Pai por socorro, e, sendo atendido, foi fiel até a morte!

Isto mostra que alguém que é espiritual não é alguém desprovido de sentimentos e emoções, mas sim alguém que segue em frente, guiado pela Palavra, e busca ao Senhor por socorro em tempo de necessidade.

Vivendo Pela Fé


Assim sendo, amados do Senhor, andar em espírito, essencialmente, significa andar por fé, olhando para coisas espirituais através do espelho da Palavra e não sendo guiados pelas circunstâncias ao nosso redor (mundo físico), nem pelos sentimentos e emoções da alma (mundo psíquico).
"Por isso estamos sempre de bom ânimo, sabendo que, enquanto estamos no corpo, vivemos ausentes do Senhor;
Porque andamos por fé, e não por vista."
(2 Coríntios 5:6-7)
A nossa fé precisa ser sobre a Palavra de Deus, que revela a verdade sobre tudo. Esta fé viva nos leva a agir com base em algo muito firme. A fé não é um "tiro no escuro", mas é exatamente o contrário: é uma atitude certeira sobre algo que foi iluminado em seu coração pela revelação do Espírito Santo.

Muitas pessoas no mundo dizem que tem fé, contudo, ao olharmos para as suas vidas, observamos que elas não obedecem ao evangelho, são guiadas pelas circunstâncias e sentimentos, se desesperam frente às adversidades e temem a morte física. O que demonstra que, realmente, tais pessoas não tem fé, pelo menos, não a fé bíblica, que é gerada pela Palavra de Deus quando ilumina nosso coração.
"De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus." (Romanos 10:17)
Quando olhamos para o espelho espiritual da Palavra de Deus e contemplamos quem somos em Cristo, esta imagem irá nos levar a agir de forma diferente da forma do mundo. Obviamente, como já falado, esta imagem irá se tornar mais e mais clara, na medida em que dedicarmos tempo para "ruminar" (meditar) nas revelações, e também nos afastarmos da má influência do mundo pecaminoso.

Conclusão


Andar em espírito significa, essencialmente, andar pela fé na Palavra de Deus, crendo nela e, como consequência, agindo de acordo com ela.

O escritor aos Hebreus assim resume a atitude de Moisés quando fugiu do Egito: "porque ficou firme, como que vendo o invisível" (Hebreus 11:27). Esta imagem da realidade da Palavra vai se tornando mais e mais concreta dentro de nós, em nossa alma, e nos levará a produzir ações correspondentes.

Que a graça do Senhor seja com o teu espírito. Amém.

Pr. Wendell Costa

segunda-feira, 5 de março de 2018

Andando em Espírito 1 - Obras e Rituais


O que é "andar em espírito"? Se você é cristão, já ouviu a expressão "fulano é alguém espiritual", ou já pode ter ouvido esta outra: "beltrano é alguém carnal". Afinal de contas, o que significa ser alguém espiritual ou ser alguém carnal?

Bem, a Palavra de Deus nos diz que devemos andar em espírito, e isto é algo que precisamos entender. Nesta nova série de estudos, vou mostrar como nós, cristãos nascidos de novo, podemos atender a este mandamento do Senhor e andarmos em espírito.

Vejamos o que as Escrituras nos falam no que diz respeito a este tema:
"Digo, porém: Andai em Espírito, e não cumprireis a concupiscência da carne.
Porque a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes opõem-se um ao outro, para que não façais o que quereis.
Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais debaixo da lei."
(Gálatas 5:16-18)
Ora, "andar em espírito" não significa que nosso espírito irá sair de nosso corpo e começar a andar por aí, mas sim que iremos viver a nossa vida tendo por base as realidades espirituais da nossa nova vida em Cristo.

Convido você a mergulhar neste novo estudo que irá nos ensinar sobre este importante tema.

Andar em Espírito: Um Mandamento


No verso 16 visto acima, temos um mandamento: "andai em espírito" (aqui, estou colocando o termo "espírito" com o "e" minúsculo para demonstrar que entendo ser o espírito humano). O verbo original em grego está realmente no tempo "imperativo", que é o tempo verbal que expressa uma ordem, pedido, conselho, etc.

Logo depois, temos "...e não cumprireis a concupiscência da carne", neste caso, o verbo está em um tempo verbal chamado aoristo, que não possui correspondente em português, mas que pode ser traduzido como gerúndio + particípio, ou seja, poderia ser traduzido como "não tendo cumprido". Isto mostra que quando andamos em espírito, por consequência, não cumpriremos os desejos da carne.

Esta forma de ver o andar em espírito pode ser estranha para muitas pessoas, pois fomos ensinados a ver a religião como um conjunto de regras que obedecemos para agradarmos a Deus. No entanto, a salvação trazida por Jesus é muito mais que uma religião e não se resume a um conjunto de regras.

Quando andamos da forma como Deus ordena, nós não andaremos em pecados. Mas esta forma santa de viver é uma consequência, um sub-produto, do "andar em espírito". Assim, antes de explicar o que significa "andar em espírito", gostaria de mostrar a você que seguir preceitos religiosos, ainda que seja a religião cristã, não significa que você está andando em espírito.

Regras e Rituais


Em Gálatas 5, vemos um claro contraste entre o "andar pelo espírito" e o "andar pela carne". A partir do verso 19, o apóstolo Paulo, pelo Espírito Santo, mostra quais são estas obras da carne: adultério, prostituição, impureza, lascívia, iras, contendas, etc. Quem pratica estas obras não está agradando a Deus, pois são obras pecaminosas, ou seja, vão contra a natureza divina.

Chega a ser intuitivo o fato de que, se as pessoas praticam estas obras, isso irá provocar destruição na sociedade. Assim, a grande maioria das religiões cria regras pra controlar o comportamento das pessoas, procurando evitar os males advindos de um comportamento maligno. Mas, será que apenas obedecendo estas regras religiosas, nós podemos realmente agradar a Deus? E será que obedecer a esses preceitos podem nos mudar realmente?
"Se, pois, estais mortos com Cristo quanto aos rudimentos do mundo, por que vos carregam ainda de ordenanças, como se vivêsseis no mundo, tais como:
Não toques, não proves, não manuseies
As quais coisas todas perecem pelo uso, segundo os preceitos e doutrinas dos homens;" (Colossenses 2:20-22)
O versículo acima mostra que as religiões e suas regras não são coisas de Cristo, mas sim coisas do mundo, pois foram criadas por homens e não reveladas por Deus (a exceção é os rituais da Lei de Moisés, os quais explicarei mais adiante). Desta forma, apenas obedecer a regras e rituais, ainda que demonstrem auto controle e disciplina, não nos ligam de volta a Deus, pois apenas Cristo pode fazer isto.

De fato, se apenas obedecermos a ordenanças, regras e rituais, estaremos andando segundo a carne, e não segundo o espírito. Veja o verso seguinte ao citado acima:
"As quais têm, na verdade, alguma aparência de sabedoria, em devoção voluntária, humildade, e em disciplina do corpo, mas não são de valor algum senão para a satisfação da carne." (Colossenses 2:22,23)
Certa vez, um irmão novo convertido me falou que, agora que ele havia sido batizado, gostaria de saber o que "podia e o que não podia" na igreja, e quais eram as "regras" pra ser cristão. Tentei explicar a ele que a vida cristã não era um conjunto de regras, mas que ele poderia se orientar pela regra do amor:
"Porque toda a lei se cumpre numa só palavra, nesta: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo." (Gálatas 5:14)
No demais, a vida cristã pode ser resumida da seguinte forma: Cristo nos torna novas criaturas, mortas para o pecado e vivas para Deus; a partir de agora, precisamos aprender quem é esta nova criatura e andar de acordo com ela!

"Se queres ser perfeito..."


Certa vez um jovem rico veio até Jesus para saber como herdar a vida eterna. Apesar de esta história estar nos 3 evangelhos sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas), usarei a versão de Mateus. Bem, ao responder ao jovem, Jesus fala o seguinte:
"Disse-lhe Jesus: Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, e segue-me." (Mateus 19:21)
Aquele jovem sabia que "havia algo mais", e ele desejava isto, contudo, não foi capaz de se desfazer dos bens, já que era rico, para seguir Jesus. Muitas pessoas conhecem esta história mas não a compreendem por inteiro. Gostaria de tecer algumas considerações sobre ela.

Jesus sabia o que estava no coração do jovem, e por isso falou "se queres ser perfeito (...)". Aquele jovem também sabia que não era perfeito e que havia algo além dos mandamentos que ele já seguia desde a infância (ele afirmou isso verso 20). O jovem sabia que apenas seguir mandamentos, ainda que dados por Deus, não o havia tornado "perfeito".

Jesus veio trazer algo que a Lei de Moisés não podia trazer: a justificação e a perfeição!

Somente através de Jesus Cristo somos aperfeiçoados diante de Deus, contudo, isto não vem através da observância de regras e rituais religiosos. Apenas fazer certa obra, ou cumprir certo ritual não tem poder para fazer a transformação que o homem precisa: uma transformação no espírito humano.

A Lei de Moisés: Uma Sombra


Infelizmente, a igreja do Senhor parece não compreender a diferença entre a Antiga e a Nova Aliança, e tenta misturar as duas alianças, sendo que não há compatibilidade entre elas: ou você está em uma ou está em outra.
"Separados estais de Cristo, vós os que vos justificais pela lei; da graça tendes caído." (Gálatas 5:4)
Na Nova Aliança, que é uma aliança muito superior à antiga, Deus nos dá aquilo que a Lei de Moisés não conseguia dar, pois Deus nos torna novas criaturas (2 Coríntios 5:17) e nos aperfeiçoa. Aperfeiçoar significar tornar "perfeito", ou "completo". Esta realidade é espiritual, contudo é bem real, e não apenas teórica, como alguns pensam.

Os diversos rituais, ofertas e sacrifícios trazidos pela Lei de Moisés eram apenas sombra de coisas futuras e não a realidade das coisas. Tais rituais não tinham a capacidade de nos tornar perfeitos em espírito, mas apenas apontavam para algo que haveria de vir, ou seja, apontavam para Cristo e a Nova Aliança.

Falando sobre a Velha Aliança (a Lei de Moisés), o escritor aos Hebreus assim fala:
"Que é uma alegoria para o tempo presente, em que se oferecem dons e sacrifícios que, quanto à consciência, não podem aperfeiçoar aquele que faz o serviço;
Consistindo somente em comidas, e bebidas, e várias abluções e justificações da carne, impostas até ao tempo da correção."
(Hebreus 9:9,10)
Mesmo os rituais dados por Deus para o povo hebreu não tinham o poder de torná-los justos aos olhos de Deus. De qualquer forma, eles precisavam ter fé naquilo que faziam, e, através da fé na Palavra de Deus, eram justificados, no entanto, o ritual em si não o fazia, mas sim a fé.

Muitos cristãos ainda buscam se justificar por meio de rituais sem ter uma compreensão clara do porquê da Lei de Moisés. Desta forma, tentam compatibilizar as alianças e fazer uma espécie de mistura entre elas, sendo que cada denominação faz a sua própria mistura, o que faz com que haja muitas diferenças doutrinárias entre as diversas denominações cristãs.
"Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados,
Que são sombras das coisas futuras, mas o corpo é de Cristo."
(Colossenses 2:16,17)
Precisamos entender que até mesmo coisas como a guarda do sábado não foram projetados para a Nova Aliança, mas são sombras de coisas que temos hoje em Cristo. Estas figuras buscavam formar na mente dos homens uma imagem física de coisas que haveriam de vir, de forma a permitir que Deus preparasse o caminho para a Nova Aliança através de sangue, o sangue do próprio Filho de Deus.

Não há como eu tratar aqui sobre cada figura usada na Velha Aliança e o que ela representava na Nova, nem há como mostrar os propósitos da Lei de Moisés, portanto, indico o meu estudo sobre a Verdadeira Natureza de Deus Parte 11 - Os Propósitos da Lei, que poderá lançar mais luz sobre este tema pra você.

A Justificação Mediante a Fé


Ser justificado significa que Deus nos torna justos perante Ele. Esta justificação não podia ser obtida pelas nossas próprias obras. A Lei de Moisés restringiu o pecado pelo temor, pelo medo da morte, pois muitos dos pecados eram punidos com morte. Isto serviu de preparação para a vinda de Jesus, mas não foi projetado para continuar para os que se convertessem a Cristo.

Vamos examinar o que Deus nos fala no livro de Romanos:
"Porquanto o que era impossível à lei, visto como estava enferma pela carne, Deus, enviando o seu Filho em semelhança da carne do pecado, pelo pecado condenou o pecado na carne;" (Romanos 8:3)
A Lei era um conjunto de regras, rituais e sacrifícios que foram ordenados ao povo de Israel, no entanto, eles não conseguiam se manter nessa Lei por muito tempo sem falhar. Na verdade, este era o objetivo: expor o coração pecaminoso do homem. Assim, a lei estava "enferma" (fraca) pela carne do homem, que era pecadora. Mesmo que a Lei fosse de Deus, ou seja, era algo espiritual, os homens estavam escravizados pelo pecado, não sendo capazes de obedecer aos mandamentos com perfeição.

Deus envia o Seu Filho Jesus, em forma de homem, e Jesus é feito pecado por nós, recebendo sobre Si mesmo a condenação do pecado através de Sua morte na cruz. Assim, o pecado é condenado em Jesus, e nós podemos, através da fé, receber o perdão dos nossos pecados e a vida eterna.

Esta grande salvação não vem através de nada que façamos, ela é imputada por Deus quando cremos neste sacrifício de Jesus. É uma salvação gratuita, sendo-nos, contudo, exigida a para que a recebamos.

Assim sendo, somente através do milagre do novo nascimento, trazido por Jesus, é que nós podemos receber este presente de Deus: a regeneração (recriação) de nosso espírito; um espírito novo, santo, perfeito, para podermos servir a Deus em "novidade de espírito":
"Mas agora temos sido libertados da lei, tendo morrido para aquilo em que estávamos retidos; para que sirvamos em novidade de espírito, e não na velhice da letra." (Romanos 7:6)

Conclusão


Nesta primeira parte sobre o "andar em espírito", entendemos que não são através de obras ou rituais que andamos em espírito. Inclusive, ao seguirmos tal mentalidade, estamos, na verdade, andando segundo a carne.

Nas próximas lições, veremos como conhecer quem nós somos em espírito, a fim de andarmos de acordo com esta nova realidade em Cristo.

Que a paz do Senhor seja com o teu espírito. Amém.

Pr. Wendell Costa

Não estejam inquietos por coisa alguma

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