terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

Espírito, Alma e Corpo Parte 10 - Vida Após a Morte


O que acontece com o ser humano quando da morte física de seu corpo? Bem, esta questão já foi tratada na parte onde estudamos sobre as características do espírito humano. No entanto, como este assunto desperta grande interesse nas pessoas gostaria de tratá-lo de maneira mais fundamentada nesta parte 10 deste estudo, que funcionará como um apêndice.

Existem alguns segmentos cristãos que negam que nós permanecemos conscientes após a morte física. Geralmente, estes mesmos segmentos também negam outras coisas das escrituras tais como dons espirituais, principalmente o falar em outras línguas.

No que diz respeito à consciência após a morte, sempre que nos afastamos da literalidade da Palavra de Deus, caímos em um precipício onde será necessário negar outros versículos bíblicos e, no final, a própria Bíblia será posta em dúvida se realmente é a Palavra de Deus.

Acredito que existem muitos homens de Deus que são sinceros em suas crenças, contudo negam as características espirituais devido a ignorância nesta área específica.

No texto de hoje, veremos como a Bíblia, textualmente, nos mostra que, ao morremos fisicamente, permanecemos perfeitamente conscientes. A Bíblia é tão direta que aqueles que negam esta verdade são obrigados a fazer uma distorção na interpretação das Escrituras. Portanto, quero mostrar estas passagens de forma mais clara hoje.

O Rico e Lázaro


A passagem bíblica que se encontra em Lucas Capítulo 16 relata a história de um homem rico e um homem pobre cujo nome era Lázaro. Este, ao morrer, foi levado ao Paraíso, enquanto que aquele desceu ao inferno. O trecho bíblico relata uma eventual conversa feita entre o rico, que estava em tormentos, e Abraão, com quem Lázaro estava.

Muitas pessoas acreditam que este trecho bíblico é uma parábola, ou seja, é uma comparação que Jesus está fazendo e que não retrata, de fato, a realidade após a morte. Mas será que esta passagem bíblica é realmente uma parábola?

Vamos ver a definição de parábola encontrada no dicionário:
"Comparação desenvolvida em uma história curta, cujos elementos são eventos e fatos da vida cotidiana e na qual se ilustra uma verdade moral ou espiritual."
Observe que, quando Jesus contava uma parábola, Ele estava fazendo uma comparação usando elementos da vida cotidiana, tais como: moedas, sementes, árvores, animais, etc. com o fim de representar verdades espirituais e morais. 

Contudo, quando lemos a história do rico e de Lázaro, não encontramos nenhum elemento de comparação, ou seja, não encontramos elementos que demonstrem que Jesus está contando algo hipotético, com o fim de transmitir verdades espirituais ou morais.

Além disso, em nenhuma parábola contada por Jesus ele cita o nome de pessoas. Sendo que, na passagem bíblica citada, Jesus cita o nome de Lázaro e do próprio Abraão. Sendo assim, a passagem bíblica que relata a vida do rico e de Lázaro não pode ser entendida como parábola.

O testemunho do pastor Daniel Ekechukwu

O Pr. Daniel mostra a sua certidão de óbito.

O testemunho do Pastor nigeriano Daniel Ekechukwu se tornou muito conhecido em todo o mundo através do evangelista alemão Reinhard Bonnke. A impressionante história da morte e ressurreição desse pastor está muito bem documentada e pode ser encontrada na Internet. Acredito ser um testemunho verdadeiro devido à grande quantidade de testemunhas e por estar sendo divulgado através de um ministério bastante sério e cujos frutos são muito claros no que diz respeito a salvação de vidas.

Quero deixar bem claro aqui que qualquer testemunha precisa estar muito bem fundamentado nas santas escrituras. Além do que entendo que nem uma doutrina pode ser formada a partir de testemunho apenas.

Dito isto, uma das coisas que Deus mostrou ao Pastor Daniel foi que a oração do rico estava sendo atendida através da ressurreição dele. Hora se a história do rico e de Lázaro fosse uma ficção não teria sentido Deus atender a oração de um personagem fictício.

Testemunho do Pastor João Carlos Marques


Um outro testemunho que me chamou a atenção Foi a do pastor João Carlos Marques do Rio Grande do Sul. Este homem também teve a experiência de morrer e ressuscitar para contar a sua história. 

Em um dos trechos de seu testemunho ele compartilhou o que pôde contemplar o sofrimento daqueles que estavam em trevas sendo atormentados no inferno. Uma das coisas que ele lembrou foi exatamente da história do rico e de Lázaro, pois ele viu que as pessoas que estavam nas trevas, em tormento, podiam ver aqueles que estavam na luz, no entanto, os que estavam na luz não podiam ver os que estavam nas trevas.

Em verdade te digo "hoje"


Um outro momento onde Jesus falou explicitamente sobre o fato da pessoa permanecer consciente após a morte física é encontrado no Evangelho de Lucas no momento da crucificação.

Ali encontramos um ladrão que acreditou em Jesus pouco antes de morrer. Jesus o consolou dizendo:
"E disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso." (Lucas 23:43)
Por mais claro que o versículo seja, ainda existem pessoas e segmentos cristãos que buscam negar a literalidade do que Cristo disse, e acabam roubando a esperança que tal verdade nos traz. Acredito que isto se deve a ignorância, no entanto, não podemos deixar que a ignorância permita Satanás roubar está maravilhosa verdade que nos traz tanta esperança, que é saber que temos vida eterna.

Tais pessoas afirmam que Jesus não disse ao Ladrão que naquele dia ele estaria com Cristo no paraíso, mas sim que Jesus falou da seguinte forma:

"Em verdade te digo hoje: estarás comigo no paraíso (algum dia)".

Esta interpretação possui alguns problemas. Antes de mais nada, nenhuma versão séria  das Escrituras optou por traduzir dessa maneira. Basta pesquisar na internet em sites de Bíblias e você verá que praticamente todas as traduções traduzem da forma que a João Ferreira de Almeida traduziu, conforme descrito acima.

Além disso, esta célebre frase que Jesus usou várias vezes - "em verdade" - geralmente, não trazia o advérbio de tempo "hoje". Ora, isto é óbvio, porque se estou dizendo algo a você, será "hoje"!

Somente uma outra vez Jesus usou o termo "hoje" quando falou "em verdade", você se recorda onde foi? Vejamos:
"E disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje, nesta noite, antes que o galo cante duas vezes, três vezes me negarás." (Marcos 14:30)
Assim, vemos que quando Jesus falou ao ladrão na cruz que este estaria com Cristo no Paraíso, Ele quis dizer exatamente isso: que, naquele dia, o ladrão morreria (fisicamente), mas que seu espírito e alma estariam desfrutando da companhia de Cristo, dos santos e dos anjos em um lugar maravilhoso, preparado para nós!

A difícil escolha de Paulo: partir ou ficar


Outra clara passagem bíblica que mostra que a morte física não é o fim da linha para nós é esta:
"Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho.
Mas, se o viver na carne me der fruto da minha obra, não sei então o que deva escolher.
Mas de ambos os lados estou em aperto, tendo desejo de partir, e estar com Cristo, porque isto é ainda muito melhor.
Mas julgo mais necessário, por amor de vós, ficar na carne."
(Filipenses 1:21-24)
Vemos o anseio de Paulo, homem que sofreu tanto por amor ao Senhor e do evangelho, em desejar estar com o seu Mestre e Salvador Jesus. Ora, se ao morrer, Paulo simplesmente "apagasse", a passagem acima seria apenas um devaneio do apóstolo.

Um outro momento onde Paulo mostra que estava próxima a sua "partida" para estar com o Senhor é este:
"Porque eu já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, e o tempo da minha partida está próximo." (2 Timóteo 4:6)
Mais uma vez, vemos que não há base bíblica, principalmente no Novo Testamento, para afirmar que perdemos a consciência após a morte, e isto afora o que já vimos sobre as características do espírito humano.

Podemos deixar que esta maravilhosa esperança encha nosso coração em meio a este mundo de desesperança e trevas. Não se deixe vencer pelas mentiras do maligno, do mundo e dos religiosos, receba esta verdade dentro de você!

Que a paz do Senhor seja com o teu espírito. Amém.

Pr. Wendell Costa

domingo, 18 de fevereiro de 2018

Espírito, Alma e Corpo - Parte 9 - Compreendendo o Corpo


Neste último texto da série sobre "espírito, alma e corpo", vamos meditar sobre o corpo humano, sempre lembrando que o estudo é baseado na Bíblia e sob a ótica, digamos, teológica, e não médica ou psicológica.

Conforme já vimos, o homem é formado por 3 partes distintas, sendo que a terceira é o corpo. Já pudemos estudar, isoladamente, na parte 7, o espírito; na parte 8, a alma; e, nesta parte, vamos nos concentrar no corpo.

Já vimos que o corpo foi formado do pó da terra e está vinculado a esta, assim como o espírito está vinculado ao mundo espiritual. Para que o homem pudesse exercer seu domínio sobre a terra, Deus deu a este homem um corpo formado a partir dos elementos da terra. Quando o homem cedeu à tentação de satanás e pecou, toda a terra caiu debaixo de maldição, e isto incluiu, também, o corpo humano.

Deus prometeu que irá salvar nosso corpo quando da ressurreição, no entanto, precisamos santificá-lo, ainda que o corpo seja mortal e tendencioso ao pecado.

A Maldição Sobre a Terra


Logo após o pecado de Adão e Eva, Deus fala sobre as consequências que aconteceriam:
"E a Adão disse: Porquanto deste ouvidos à voz de tua mulher, e comeste da árvore de que te ordenei, dizendo: Não comerás dela, maldita é a terra por causa de ti; com dor comerás dela todos os dias da tua vida.
Espinhos, e cardos também, te produzirá; e comerás a erva do campo.
No suor do teu rosto comerás o teu pão, até que te tornes à terra; porque dela foste tomado; porquanto és pó e em pó te tornarás."
(Gênesis 3:17-19)
Deus avisou ao homem que a terra produziria "espinhos e cardos". Além do seu sentido literal, podemos aqui enxergar um sentido figurado, que foi explicado por Jesus quando o Senhor ensinou a parábola do semeador. Vamos ver:
"E outros são os que recebem a semente entre espinhos, os quais ouvem a palavra;
Mas os cuidados deste mundo, e os enganos das riquezas e as ambições de outras coisas, entrando, sufocam a palavra, e fica infrutífera."
(Marcos 4:18-19)
Vemos aqui que Jesus comparou os cuidados deste mundo, os enganos das riquezas e as ambições de outras coisas com os espinhos, os quais sufocam a Palavra de Deus nos corações dos homens, impedindo ela de dar fruto. A versão desta parábola que está no evangelho de Lucas fala, ainda, sobre os "deleites da vida" (Lucas 8:14).

O mundo formou toda uma estrutura maligna que desvia os homens da Palavra de Deus, formando como que uma camada de espinhos sobre o solo do coração, com o objetivo de impedir que a Palavra de Deus opere em nossas vidas.

Mesmo quando nos convertemos a Cristo, e nosso espírito é nascido de novo, ainda temos que lidar com a alma e o corpo, sendo que esta última parte – o corpo – continuará produzindo "espinhos e cardos", pois está debaixo da maldição de Gênesis 3:19.

O Sacrifício do Corpo


Entendendo que nosso corpo está vinculado à terra e que ele continuará a produzir desejos e vontades contrárias à Palavra de Deus, qual será a solução para vivermos uma vida de santidade em corpos mortais?

A resposta é: precisamos oferecer nossos corpos como um tipo de sacrifício a Deus! Vejamos o que Paulo, pelo Espírito Santo, fala sobre isto:
"Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional." (Romanos 12:1)
A ideia de sacrifício era muito bem compreendida à época na qual esta epístola foi escrita, pois as religiões de então tinham, em seus rituais, a parte onde eram oferecidos sacrifícios, geralmente de animais, aos seus deuses. Entre o povo de Israel, que vivia debaixo da Lei de Moisés, também era algo normal e fácil de ser entendido.

Um sacrifício significa que alguém irá morrer a fim de aplacar a ira dos deuses, ou seja, sacrifício significa "morte"!

Quando a Escritura fala sobre oferecermos nossos corpos como sacrifício, isto significa que precisamos oferecê-lo para a morte. Obviamente, o termo "sacrifício vivo" mostra que não é a vontade de Deus que nos ofereçamos para morrer fisicamente, mas sim, fala do sacrifício de nossas vontades carnais.

Esta ideia de sacrificar (fazer morrer) as vontades do nosso corpo está em diversas outras passagens do Novo Testamento. Vejamos algumas:
"E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências." (Gálatas 5:24) 
"Mortificai, pois, os vossos membros, que estão sobre a terra: a fornicação, a impureza, o afeição desordenada, a vil concupiscência, e a avareza, que é idolatria;" (Colossenses 3:5)
Por mais espiritual que você seja, não poderá fugir do fato de que seu corpo continuará tendo desejos pelas coisas que Jesus comparou a espinhos (preocupações desta vida, desejo de riquezas, deleites deste mundo, etc.), além dos pecados aos quais você se entregou antes de ser salvo.

Nosso Corpo é Inteligente


É importante entendermos que nosso corpo é inteligente e produz vontades as quais perceberemos como sendo NOSSAS VONTADES. Como seu corpo faz parte de você, chegará ao seu coração os desejos dele – do corpo –, e é sua responsabilidade sacrificá-los, a fim de viver para Deus.

Deus não vai fazer você deixar de sentir os desejos do corpo. Se Ele fosse fazer isto agora, teria que matar você! E Deus precisa de nós aqui na terra, para que anunciemos o evangelho da salvação aos perdidos, bem como instruir os discípulos (Marcos 16:15 e Mateus 28:19-20). Desta forma, temos que lidar com o corpo aqui mesmo, até que Jesus volte e transforme nossos corpos, eliminando, definitivamente, o problema do pecado.

Como fazer para mortificar as vontades do corpo? Bem, o primeiro passo é compreender quais são as vontades do corpo (ou da carne) a fim de discernir, ou seja, separar, o que é carnal do que é intelectual (da alma) e o que é espiritual.

As Escrituras nos orientam quanto a isto, vejamos algumas passagens:
"Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: adultério, fornicação, impureza, lascívia, idolatria, feitiçaria, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, invejas, homicídios, bebedices, glutonarias, e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus." (Gálatas 5:19-21)
Não tenho como ensinar sobre cada uma destas obras da carne, contudo, indico a você a minha série de estudos sobre a doutrina do "Arrependimento de Obras Mortas", que está em nosso canal do YouTube:

O segredo está na "alma"


A grande chave para andarmos pelo espírito, ao invés de andarmos pelos desejos do corpo, está em nossa alma, principalmente no "entendimento". Conforme já ensinei nas outras partes deste estudo, o nível de transformação de nossa alma é quem vai determinar como somos guiados. Essa transformação é um processo gradativo, lento, e que depende de nosso esforço em abandonar as influências pecaminosas e encher nosso coração com a "boa semente" da Palavra de Deus.

Contudo, mesmo quando somos maduros em Cristo, ainda precisaremos dominar sobre nossas vontades, a fim de santificarmos nossos corpos. Veja, por exemplo, o grande apóstolo Paulo: mesmo após tantos anos de ministério, ainda precisava subjugar o seu corpo:
"Antes subjugo o meu corpo, e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado." (1 Coríntios 9:27)
Aqui neste verso, a palavra traduzida como "subjugar" significa literalmente bater (ou incomodar) até vencer. No novo testamento, ela só é usada outra vez em Lucas 18:5, na parábola do juiz iníquo. Naquela parábola, a viúva importunou o juiz de tal forma que ele decidiu julgar a causa da mulher porque não aguentava mais a importunação dela.

Assim também, nosso corpo precisará ser vencido por insistência nossa. Com a capacidade do Senhor, que flui através de nosso novo espírito, podemos vencer os desejos do corpo, e, gradativamente, os mesmos permanecerão sob controle, mas isto somente se insistirmos em fé.

Novamente enfatizo que a carne será sempre um "ponto de tentação" para nós, até que Jesus volte e transforme nossos corpos. Não ache que você poderá, em algum momento, deixar de vigiar. Pode ficar certo de que, ao não vigiar, a carne, o mundo e o diabo estarão sempre prontos a tentar você para o pecado.

Sobre este assunto, os maiores enganos que eu vi na igreja são os seguintes:

1º) Acreditar que, com o tempo, os desejos da carne irão simplesmente desaparecer. Isto não é verdade, eles precisam ser subjugados com insistência e, só assim, serão dominados. Mesmo um apóstolo como Paulo precisava subjugar seu corpo após muitos anos de ministério e tantos sofrimentos por amor a Cristo.

2º) Acreditar que, se você ainda sente vontades pecaminosas, isto significa que você não foi transformado em seu "núcleo", ou seja, em seu espírito. Este é um grande engano e pode levar a pessoa a ceder à carne por achar que "ela é assim mesmo" e que não houve mudança alguma.

Precisamos entender que, quando a Palavra afirma que somos novas criaturas, não se refere ao nosso corpo, nem mesmo à nossa alma (parte intelectual/emocional), mas sim ao nosso espírito; e que o corpo continuará "fraco" para o pecado:
"Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; na verdade, o espírito está pronto, mas a carne é fraca." (Mateus 26:41)

Conclusão


É necessário atender às palavras do nosso Senhor Jesus e mantermos a vigilância, bem como uma vida de oração para que não caiamos no engano do pecado, pois quando cedemos à carne e fazemos suas vontades, colheremos destruição em nossas vidas. Satanás irá conseguir nos atingir, pois ele encontrará lugar:
"Não deis lugar ao diabo." (Efésios 4:27)
Se olharmos o contexto deste versículo acima, veremos que damos lugar ao diabo quando pecamos. Portanto, se você já foi santificado em espírito, quando se converteu a Cristo, precisa se santificar também na alma e no corpo: na alma sendo transformado pela renovação de seu entendimento, e no corpo, oferecendo-o em sacrifício vivo.

Que a graça do Senhor Jesus seja com o teu espírito. Amém.

Pr. Wendell Costa

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

Espírito, Alma e Corpo - Parte 8 - Compreendendo a alma


Hoje trataremos da alma humana. Este termo traz uma certa confusão com o espírito, então, tentarei fazer a separação entre os dois. Vemos que esta separação existe, pois a própria Escritura fala sobre ela:
"Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração." (Hebreus 4:12)
Desta forma, a própria Palavra de Deus fala sobre esta divisão, e vai além, afirmando que somente a Palavra pode fazê-la. Assim sendo, vamos meditar sobre a alma humana.

Compreendendo o termo "alma"


É muito comum, especialmente aqui no Brasil, as pessoas confundirem o termo "alma" com "espírito", entendendo que são a mesma coisa; no entanto, como já vimos anteriormente, há uma divisão entre estas duas "partes" do homem.

Vejamos o sentido da palavra alma em seus idiomas originais. Os termos em hebraico foram extraídos do dicionário Brown-Driver-Briggs, já os termos em grego foram obtidos do dicionário Thayer.

Hebraico: nephesh
1) alma, pessoa, vida, criatura, apetite, mente, ser vivente, desejo, emoção, paixão
1a) aquele que respira, a substância ou ser que respira, alma, o ser interior do homem

Grego: psyquê
1) respiração
1a) o fôlego da vida
1b) vida
1c) aquilo no qual há vida
2) a alma
2a) o lugar dos sentimentos, desejos, afeições, aversões, etc.

Ao longo das Escrituras estas palavras são traduzidas como: vida, fôlego de vida, ou alma (lugar dos sentimentos interiores do homem). Desta forma, vemos que a alma está mais para o lado psicológico do ser humano, ao invés do termo espírito, que é usado quando nos referimos ao mundo eterno espiritual no qual Deus habita.

Quando as Escrituras usam a palavra "alma" pode estar se referindo ao homem enquanto ser vivente, como pode estar se referindo ao lugar das ideias, emoções e sentimentos. E será com este último significado que iremos estudar esta parte do ser humano.

Como a alma é formada


A alma compreende nosso entendimento (intelecto), emoções, sentimentos, etc. e é onde formamos nossa visão de mundo: a cosmovisão. Na medida em que vamos crescendo e nos desenvolvendo intelectualmente, começamos a formar em nossa mente as ideias que irão determinar o curso de nossas vidas aqui na terra.

Nossa família, escola, trabalho, amigos, igreja, etc. terão forte influência sobre como "veremos" o mundo, determinando, assim, nossos hábitos e como conduziremos nossas vidas. Com o passar do tempo, vamos formando em nossa alma nossa visão sobre coisas como: Deus, família, amizade, trabalho, religião, etc.

Estas ideias irão compor nossa filosofia de vida, e nossas atitudes serão correspondentes a esta filosofia. Vou dar um exemplo: a forma como você vê "família" determinará o valor que sua família terá para você, levando você a se esforçar mais ou menos para preservá-la.

Caso você não tenha lido a parte 4 deste estudo, recomendo que leia (Parte 4: os estados da matéria). Ali eu explico como o mundo espiritual busca influenciar nossa mente de forma a produzir em nós atitudes correspondentes ao reino espiritual influenciador. Isto vale tanto para a influência boa do Reino de Deus, como para a má influência do reino de satanás.

Assim, a principal "moeda" com a qual a alma trabalha é o conhecimento. Quando tentou Adão e Eva, a serpente lhes ofereceu conhecimento rápido através da desobediência deles. A tal árvore do conhecimento do bem e do mal abriu as portas para que satanás pudesse "ministrar" seu império de trevas no homem.

Alma: um elo de ligação entre os mundos


Quando nosso entendimento vai sendo formado, baseado no conhecimento que vai recebendo ao longo dos anos, nossas atitudes começam a refletir nossa ideia de mundo (cosmovisão). Assim, o mundo espiritual vai conseguindo agir através de nós.

Vemos esta verdade na seguinte passagem bíblica:
"E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados,
Em que noutro tempo andastes segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos da desobediência;
Entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como os outros também."
(Efésios 2:1-3)
Devido ao pecado, o homem permitiu aos demônios habitarem neste mundo, contudo, eles são invisíveis aos olhos naturais, e só conseguem agir quando o homem anda segundo os desejos malignos que foram alimentados pelo conhecimento errado. A grande maioria das pessoas, incluindo cristãos, não consegue reconhecer a operação de satanás. Contudo, sempre que fazemos a vontade da carne e dos pensamentos (carnais) estamos cedendo a operação desses espíritos invisíveis.

Da mesma forma, quando nos convertemos a Cristo e passamos a conhecer o Reino de Deus e Sua justiça (retidão), passamos a andar de acordo com a nova realidade espiritual na qual fomos inseridos. Para que os benefícios do Reino de Deus possam se manifestar em nossas vidas, será necessário uma mudança na alma tão logo haja a mudança no espírito.

Conforme já vimos, a mudança no espírito ocorre quando a pessoa se converte a Jesus, e nasce de novo espiritualmente (João 3:3-6), e, a partir de agora, precisará ser transformada em sua alma a fim de dar lugar a esta nova vida em Cristo.
"E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus." (Romanos 12:2)
O verso acima mostra que, ainda que você tenha nascido de novo em espírito, esta nova vida só começará a ser vivida e manifestada no seu corpo quando seu entendimento for transformado. Entender a vontade de Deus permitirá que não andemos aqui como os demais ímpios, que sofrem por não estarem ligados a Deus.
"Por isso não sejais insensatos, mas entendei qual seja a vontade do Senhor." (Efésios 5:17)
Não entender a vontade de Deus fará com que o cristão, ainda que salvo e nascido de novo, aja com insensatez, dando lugar ao maligno em sua vida e trazendo condenação para si.

O espelho da Palavra


Até bastante tempo atrás eu me esforçava para andar segundo a Palavra de Deus, para orar bastante e procurar agradar a Deus com minhas atitudes. Este é um desejo normal de todo cristão. Contudo, falhava constantemente, e me condenava muito por isso. Por mais que eu tentasse, orando e jejuando, eu sempre errava em algum ponto ou outro e me frustrava. Isto atrapalhava meu crescimento em Deus e meu ministério.

Quando comecei a entender este assunto "espírito, alma e corpo", comecei a compreender que eu já era uma nova criatura em espírito, e que nada que eu fizesse poderia acrescentar qualquer coisa a isto. Passei a entender, também, que meu espírito era perfeito e que as minhas obras eram apenas consequências da operação deste novo espírito que eu havia recebido do Pai.
"À universal assembléia e igreja dos primogênitos, que estão inscritos nos céus, e a Deus, o juiz de todos, e aos espíritos dos justos aperfeiçoados;" (Hebreus 12:23)
Conforme já vimos, não podemos sentir o nosso espírito, pelo menos, não de uma forma tão clara. É necessário que a Palavra nos revele quem somos. De fato, a Palavra de Deus funciona como um espelho através do qual nós enxergamos quem nós somos em espírito:
"Porque, se alguém é ouvinte da palavra, e não cumpridor, é semelhante ao homem que contempla ao espelho o seu rosto natural;
Porque se contempla a si mesmo, e vai-se, e logo se esquece de como era."
(Tiago 1:23,24)
Assim, a Palavra funciona como este espelho que nos mostra quem somos no âmbito do espírito, e pela fé na Palavra, começamos a andar de acordo com o que nos é revelado. Claro que precisamos do poder do Espírito Santo dentro de nós nos dando capacidade. Esta força não vem de nós mesmos (nem do nosso corpo, nem da nossa alma, mas sim do Espírito Santo através de nosso espírito recriado).

Quando meditamos na Palavra do Senhor, passamos a entender quem nós somos em espírito, e, na medida em que estas verdades vão penetrando mais fundo em nosso coração, começarão a mudar a forma como vemos a vida, e assim, o Reino de Deus começará a se manifestar em nós.

Se não compreendermos que existe uma realidade espiritual em nós, muitas passagens bíblicas parecerão inverídicas ou, como muitos entendem, figuradas! Veja só esta aqui:
"Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo;" (Efésios 1:3)
O verbo "abençoou" está no passado, ou seja, isto é algo que já foi feito. Contudo, fomos abençoados em nosso espírito, e não no corpo ou na alma. Por mais que você não "sinta" que é abençoado, esta é uma verdade imutável da Palavra. E como poderei desfrutar destas bênçãos espirituais?

A resposta é: você precisa que estas verdades dominem sua alma a tal ponto que elas sejam mais reais para você do que a realidade física ao seu redor. E isto é feito através semeadura da Palavra em seu coração, conforme veremos no próximo tópico.

A semente da Palavra


Tão logo um bebê nasce, precisa do leite da mãe para receber os nutrientes necessários ao seu desenvolvimento. Assim também, tão logo alguém nasça de novo, precisará receber o leite da Palavra para que possa crescer.
"Desejai afetuosamente, como meninos novamente nascidos, o leite racional, não falsificado, para que por ele vades crescendo;" (1 Pedro 2:2)
Este "leite racional" é exatamente a instrução da Palavra de Deus, revelando a você quem você é em Cristo, e como é o Reino de Deus do qual você, agora, faz parte. Infelizmente, muitas pessoas não têm recebido este leite racional quando nascem de novo! Em muitas igrejas falta o ensino das doutrinas básicas encontradas no livro de Hebreus 6:1-2, e isto faz com que os cristãos não tenham um crescimento saudável em Deus.

Quando ensinou a parábola do semeador, Jesus mostrou que a Palavra funciona como uma semente que, quando lançada no coração, e sem que haja impedimos para o seu crescimento, irá crescer e começar a produzir frutos (atitudes) de acordo com a respectiva semente.

Não vou entrar neste assunto aqui por ser longo, mas gostaria de indicar a você o estudo sobre esta parábola da nossa irmã Bruna Monastirski, do nosso ministério, que poderá ajudar você e compreender como se tornar um "solo fértil" para a Palavra de Deus.

Link para a primeira parte do estudo (ao todo são 6 partes): A parábola do semeador - parte 1

Conclusão


Entendemos, então, que quando as Escrituras afirmam que temos uma "alma" separada do espírito, significa este lugar do entendimento e emoções, e que esta alma precisa ser transformada pela Palavra de Deus para que possa permitir que a realidade do Reino de Deus se manifeste através de nosso corpo.

Que a paz do Senhor seja com o teu espírito. Amém.

Pr. Wendell Costa

Não estejam inquietos por coisa alguma

Imagem 1: a ansiedade tem atingido boa parte da população. Viver uma vida sem preocupações e inquietações é praticamente uma utopia nos dias...