segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

Espírito, Alma e Corpo - Parte 7 - Compreendendo os espíritos


O que é um espírito? No texto de hoje, entenderemos um pouco mais sobre o mundo espiritual e sobre os espíritos em geral. Esta compreensão é necessária para que possamos entender melhor como funciona esta interação entre o mundo espiritual e o mundo material.

Antes de mais nada, é fundamental entendermos que somente a Bíblia é fonte fidedigna sobre o mundo espiritual, e não adianta você tentar entender os espíritos a partir de outras religiões que se fundamentam fora da Palavra de Deus.

Principalmente hoje, através da Internet, podemos encontrar muitos testemunhos de pessoas que tiveram experiências pós morte (e ressuscitaram para contar), bem como experiências com o mundo espiritual de pessoas vivas, contudo, se qualquer coisa que digam contrariar as Escrituras, podemos, certamente, rejeitar.
"Amados, não creiais a todo o espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo." (1 João 4:1)
Diversas grandes religiões da atualidade foram fundadas com base em "revelações" vindas de espíritos (que se passavam por anjos de Deus), mas que contrariavam frontalmente a Bíblia Sagrada, trazendo "um outro evangelho".
"Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema." (Gálatas 1:8)
Deixo esta advertência antes de entrarmos no assunto de hoje devido à importância desta verdade: somente a Bíblia é fonte correta de instrução sobre o mundo espiritual!

As características dos espíritos


Os espíritos não se sujeitam às leis do mundo material


São duas realidades diferentes, dois mundos, dois "reinos", etc. conforme já vimos logo na primeira parte deste estudo. Desta forma, os espíritos não estão sujeitos às leis da natureza, já que não pertencem a esta realidade física. Quando Jesus ressuscitado foi confundido com um espírito, ele afirmou o seguinte:
"Vede as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; apalpai-me e vede, pois um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho." (Lucas 24:39)
Isto mostra que, como não tem um corpo material, um espírito não envelhece, não adoece, não cansa, pode atravessar paredes, etc. ou seja, não possui estas limitações que temos no corpo.

Os espíritos podem se comunicar, ou seja, eles falam


Apesar de não ter corpo, um espírito pode falar, embora, em geral, não seja com voz fisicamente audível. Para poder falar audivelmente, o espírito precisa usar um ser humano. Vejamos alguns versos que mostram diferentes tipos de espírito falando:
ESPÍRITO DE DEUS: "Porque não sois vós quem falará, mas o Espírito de vosso Pai é que fala em vós." (Mateus 10:20) 
DEMÔNIO (ANJO CAÍDO): "E estava na sinagoga deles um homem com um espírito imundo, o qual exclamou, dizendo: Ah! Que temos contigo, Jesus Nazareno? Vieste destruir-nos? Bem sei quem és: o Santo de Deus." (Marcos 1:23-24) 
ESPÍRITO HUMANO: "Porque, se eu orar em língua desconhecida, o meu espírito ora bem, mas o meu entendimento fica sem fruto." (1 Coríntios 14:14)
Os espíritos têm grande interesse em comunicar de si para o homem. No caso do nosso Deus, Ele busca comunicar Sua vida a nós, nos livrando da morte; já no caso dos demônios, eles procuram ministrar ao homem suas maldades e mentiras a fim de poderem viver em nós e dominarem sobre a Terra.
"Mas o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios;
Pela hipocrisia de homens que falam mentiras, tendo cauterizada a sua própria consciência;"
 (1 Timóteo 4:1,2)
Vemos que os demônios buscam passar "ensinamentos" (doutrinas) para nós, e irão usar "homens que falam mentiras" (verso 2 acima) para isso. Se você vem acompanhando estes estudos, deve lembrar da lição passada (parte 6) quando eu falei sobre o "conselho dos ímpios", e seremos bem aventurados se não ouvirmos os conselhos de ímpios.

Os espíritos são inteligentes e reconhecem pessoas


Além de falar, os espíritos também reconhecem pessoas, ou seja, são seres inteligentes e capazes (criam até religiões, não é mesmo?), com memória, etc.. Vejamos alguns versículos sobre isto:
"Respondendo, porém, o espírito maligno, disse: Conheço a Jesus e bem sei quem é Paulo; mas vós, quem sois?" (Atos 19:15)
"Porque qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele está? Assim também ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus." (1 Coríntios 2:11)
Como são seres pessoais e inteligentes, com a capacidade de se comunicar com o homem, podem guiar ou inspirar este a fim de cumprir os seus (dos espíritos) propósitos. O próprio Senhor Jesus Cristo era alguém conduzido pelo Espírito Santo para cumprir a vontade de Deus Pai, vejamos isto no verso seguinte:
"Então foi conduzido Jesus pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo. (...)
E, chegando-se a ele o tentador, disse: Se tu és o Filho de Deus, manda que estas pedras se tornem em pães."
(Mateus 4:1,3)
Vemos, contudo, que uma das tentações de Jesus foi exatamente não se deixar ser conduzido por satanás, ou seja, os demônios também desejam nos conduzir, nos levando a sair da vontade de Deus. Quando assim fazemos, eles adquirem autoridade sobre nós e trazem consigo destruição. Observe o caso do endemoniado gadareno; ele era conduzido por um espírito, e, assim como Jesus, o espírito o também o levava para o deserto:
"Porque tinha ordenado ao espírito imundo que saísse daquele homem; pois já havia muito tempo que o arrebatava. E guardavam-no preso, com grilhões e cadeias; mas, quebrando as prisões, era impelido pelo demônio para os desertos." (Lucas 8:29)
No entanto, ser guiado por este demônio só trouxe destruição para a vida deste homem.

Os espíritos podem mudar de forma


Já conheci diversas pessoas de religiões espiritualistas e que se comunicavam com entidades espirituais. Algumas sabiam que estavam lidando com seres não humanos, já outros acreditavam estar se comunicando com pessoas humanas já falecidas. Há alguns anos atrás, eu e minha esposa aconselhamos uma senhora que nos contou como ela tinha relações sexuais com um espírito regularmente, chegando, inclusive, ao orgasmo. Graças a Deus, esta senhora (já idosa) foi liberta por Jesus, no entanto, muitos são enganados pelas ensinamentos deles e pela forma com a qual se apresentam.

Em 2009, passei várias semanas na cidade e Mossoró/RN para trabalhar na migração de um sistema (trabalho com informática), e conheci um jovem cristão recém convertido que me contou como ele passou anos conversando com um espírito que acreditava ser o seu avô.

Após ser evangelizado por um cristão, este o ensinou a "testar" o espírito para ver se realmente era o avô dele (obviamente, o cristão sabia que não era). À noite, como de costume, o pretenso "avô" do rapaz veio para conversarem, e o rapaz o ouviu; em um determinado momento, e sem ter grandes expectativas, o rapaz perguntou ao "avô" se ele (o avô) confessaria que Jesus Cristo veio em carne.

Assim que isso aconteceu, a aparência do "vovô" começou a derreter, conforme ele me falou... Por "baixo" do avô apareceu um ser horrível e assustador, o que fez com que o jovem começasse a gritar "pelo sangue de Jesus". O espírito ainda falou algumas coisas, mas depois desapareceu, e nunca mais voltou.

Vejamos alguns versos que mostram esta capacidade dos espíritos de adquirirem formas diversas:
"E, sendo Jesus batizado, saiu logo da água, e eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito de Deus descendo como pomba e vindo sobre ele." (Mateus 3:16) 
"E não é maravilha, porque o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz." (2 Coríntios 11:14)
No último verso acima, que fala da habilidade de satanás de se transfigurar, o verbo grego usado é o seguinte: μετασχηματίζω (metaschēmatizō). Esta palavra é formada pelas palavras gregas "meta" e o verbo advindo da palavra "schema". De acordo com o dicionário de grego bíblico Thayer, "schema" quer dizer:

  • Tudo em uma pessoa que atinge os sentidos: a aparência, comportamento, discurso, ações, estilo de vida, etc.

Ou seja, e não leve a mal o que vou dizer, mas satanás e seus anjos são os melhores atores que alguma TV ou cinema poderiam desejar: eles são atores tremendos e já vêm com todo o figurino embutido. Quando falei pra você não "levar a mal" o que eu disse, é exatamente para que não entenda que sou contra atores. Eu creio que as artes foram dadas por Deus ao homem, e não estou aqui afirmando que o trabalho de ator é do diabo, mas apenas estou procurando mostrar a você que não podemos confiar em demônios, pois eles são mentirosos e têm a capacidade de se transfigurar.

Morte: a separação entre o espírito e o corpo


Alguns segmentos cristãos pregam que quando o homem morre, ele "apaga", e só voltará a estar consciente quando Jesus voltar e houver a ressurreição dos mortos. Infelizmente, estes grupos cristãos não possuem conhecimentos básicos sobre o que é um espírito. Com isso, deixam de dar aos cristãos a maior esperança que poderiam ter por terem optado seguir Jesus: compreender que já possuem a vida eterna em seus espíritos!
"E todo aquele que vive, e crê em mim, nunca morrerá. Crês tu isto?" (João 11:26)
Ora, foi exatamente para nos libertar do medo da morte que Jesus veio morrer em nosso lugar (leia Hebreus 2:15), se você vai morrer e apagar, que esperança há nisso? Além disso, este ensino é frontalmente contrário às Escrituras, principalmente as do Novo Testamento. Vejamos:

Não existe nenhum fundamento bíblico para se dizer que o espírito humano é, de alguma forma, diferente dos demais espíritos. Ou seja, qualquer espírito é eterno, invisível no natural, não se sujeitando às leis físicas, é inteligente, fala, etc.

Algumas pessoas se confundem com o termo "dormir" como no caso abaixo, vamos examiná-lo:
"E todos choravam, e a pranteavam; e ele disse: Não choreis; não está morta, mas dorme. E riam-se dele, sabendo que estava morta." (Lucas 8:52-53)
Antes de mais nada, o uso do verbo "dormir" aqui não se refere ao espírito da menina, mas sim ao seu corpo. Quando se fala em morte física, a Bíblia se refere a "dormir", pois o corpo volta à terra até que haja a ressurreição dos mortos. Isto é falado no livro de Daniel:
"E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno." (Daniel 12:2)
Veja que só quem "dorme no pó da terra" é o corpo humano, pois foi feito do pó e volta a ele quando da morte física (veja também Eclesiastes 12:7) e não o espírito. Mas vamos continuar com a passagem em Lucas:
"Mas ele, pondo-os todos fora, e pegando-lhe na mão, clamou, dizendo: Levanta-te, menina.E o seu espírito voltou, e ela logo se levantou; e Jesus mandou que lhe dessem de comer." (Lucas 8:54-55)
Vemos acima que o espírito dela "voltou" para dentro do corpo. Ora, se ele voltou é porque estava em outro lugar. Vemos outras passagens sobre o que acontece com o nosso espírito quando da morte física. Por exemplo, assim como aconteceu com Jesus (Lucas 23:46), também aconteceu com o primeiro mártir da igreja, que foi Estêvão:
"E apedrejaram a Estêvão, que em invocação dizia: Senhor Jesus, recebe o meu espírito." (Atos 7:59)
Estêvão entrega seu espírito a Jesus, sabendo que era apenas o corpo que "adormecia" (no pó da terra).

O apóstolo Paulo usava a terminologia "partir/partida" para se referir à morte. Vejamos:
"Mas de ambos os lados estou em aperto, tendo desejo de partir, e estar com Cristo, porque isto é ainda muito melhor." (Filipenses 1:23)
"Porque eu já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, e o tempo da minha partida está próximo." (2 Timóteo 4:6)
Mas quem iria "partir"? Obviamente seria o Paulo-espírito, já que o Paulo-corpo foi degolado pelo Império Romano e, depois, enterrado. Agora, dormindo no pó da terra, o corpo de Paulo aguarda a volta de Jesus para a conclusão da nossa salvação: a ressurreição dos mortos.

Conclusão: Fomos salvos em espírito


Jesus, através de Sua morte, sepultamento e ressurreição, nos trouxe a salvação completa. Contudo, esta salvação inicia com a transformação instantânea de nossos espíritos, a salvação gradativa da alma e a esperança da ressurreição, onde nossos corpos serão transformados.
"Mas, agora, estamos livres da lei, pois morremos para aquilo em que estávamos retidos; para que sirvamos em novidade de espírito, e não na velhice da letra." (Romanos 7:6)
Morremos para o pecado e recebemos um espírito novo em folha, que ama a Deus e que foi recriado à sua Imagem. Agora, com este novo espírito, fomos libertos do poder de satanás, que nos aprisionava pelo nosso velho espírito caído. Podemos, então, servir ao Pai de forma plena, pois nosso espírito é justo e perfeito aos Seus olhos. No entanto, precisamos desenvolver esta salvação em nossa alma, mas isto será assunto para os próximos textos.

Que a paz do Senhor Jesus seja com o teu espírito. Amém.

Pr. Wendell Costa

segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Espírito, Alma e Corpo - Parte 6 - Árvores Junto a Ribeiros

Uma outra forma de entendermos o tema "espírito, alma e corpo" é nos vermos como árvores. Sim, por mais estranho que pareça, esta é uma comparação muito usada na Bíblia e hoje, entenderemos um pouco sobre o porquê dela.

Vejamos um primeiro versículo que fala sobre isto:
"A ordenar acerca dos tristes de Sião que se lhes dê glória em vez de cinza, óleo de gozo em vez de tristeza, vestes de louvor em vez de espírito angustiado; a fim de que se chamem árvores de justiça, plantações do Senhor, para que ele seja glorificado." (Isaías 61:3)
O contexto deste versículo nos mostra que ele se refere à Nova Aliança, onde Jesus muda o nosso espírito nos tornando novas criaturas, conforme já vimos em outros momentos deste estudo.

As Partes de Uma Árvore


Longe de querer precisão científica, gostaria de falar um pouco sobre as partes principais de uma árvore, a fim de fazemos a comparação necessária ao nosso estudo de hoje. Basicamente, uma árvore é composta das seguintes partes: raiz, caule, folhas, frutos e flores. Veja tudo isso na imagem abaixo:


RAIZ: Apesar de estarmos vendo a raiz na figura, geralmente, ela fica escondida na terra, de onde extrai os nutrientes e a água necessária para sua sobrevivência. Portanto, a raiz é a conexão da planta com a fonte de seus nutrientes e da água, que é a terra.

CAULE: O caule leva os nutrientes da raiz para as folhas onde ocorre o processo da fotossíntese, e também traz de volta o produto obtido após o processo, a fim de alimentar toda a planta. Desta forma, dentro do caule ocorre um fluxo das seivas, a bruta e a elaborada (veja a próxima imagem).


FOLHA: É nas folhas onde ocorre o processo da fotossíntese, onde a seiva bruta é transformada em seiva elaborada que irá alimentar o resto da planta. Além disso, cada árvore possui um tipo de folha diferente e dá a "cara" da árvore, permitindo que a reconheçamos.

FRUTO: O fruto é algo que a árvore produz e que serve para proteger a semente, além de servir de alimento às pessoas e animais. Quanto melhor o tipo de solo e quanto mais água houver, em geral, melhor será o fruto produzido.

FLOR: A flor, na verdade, é uma espécie de folha modificada e faz parte do processo de reprodução das plantas, além de ter o propósito de dar beleza às plantas, já que Deus é um grande Artista.

SEMENTE: A semente é produzida junto com o fruto e serve para multiplicar aquela árvore específica, conforme o Senhor criou para ser.
"E disse Deus: Produza a terra erva verde, erva que dê semente, árvore frutífera que dê fruto segundo a sua espécie, cuja semente está nela sobre a terra; e assim foi." (Gênesis 1:11)

Somos Como Árvores


O propósito de dar toda esta explicação sobre como funciona uma árvore é exatamente devido ao que está escrito na Palavra de Deus, pois somos como árvores:
"Pois será como a árvore plantada junto a ribeiros de águas, a qual dá o seu fruto no seu tempo; as suas folhas não cairão, e tudo quanto fizer prosperará." (Salmos 1:3)
Vimos lá em Isaías 61:3 que o Senhor nos faria "árvores de justiça", já aqui no Salmo primeiro, vemos a Escritura afirmando que temos características de árvores, tanto dando fruto como tendo folhas. Mas o que significa isto?

Além disso, a Palavra também fala que temos raiz, pois, João Batista advertiu que, para aqueles que não produzissem frutos dignos, haveria um machado que os cortaria pela raiz:
"Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento, e não comeceis a dizer em vós mesmos: Temos Abraão por pai; porque eu vos digo que até destas pedras pode Deus suscitar filhos a Abraão.
E também já está posto o machado à raiz das árvores; toda a árvore, pois, que não dá bom fruto, corta-se e lança-se no fogo."
(Lucas 3:8,9)

A Raiz: o espírito


Analisando, agora, à luz do que temos estudado, podemos entender que nossa raiz se refere ao nosso espírito, pois está conectado ao mundo espiritual e é invisível aos nossos olhos naturais, assim como a raiz de uma árvore está conectada à terra, e fica invisível.

Quando Adão pecou, o espírito dele foi desarraigado de Cristo e o homem perdeu a fonte de vida eterna que tinha. Com o tempo, começou a produzir frutos de maldade, pois começou a obter os "nutrientes" (conhecimento) a partir das trevas.

Uma pessoa que está conectada espiritualmente com o império de satanás não poderá dar bons frutos, por mais que tente. Não existe um meio termo para o nosso espírito: ou estamos ligados ao Reino de Deus, ou estaremos ligados à morte (lugar espiritual). Jesus deixou isso muito claro quando falou que só existem dois tipos de árvores:
"Assim, toda a árvore boa produz bons frutos, e toda a árvore má produz frutos maus." (Mateus 7:17)
Sem Cristo, o homem não conseguirá produzir bons frutos. No máximo, conseguirá ser um "religioso", mas não vai produzir a verdadeira vida, pois não está ligado, em espírito, a Deus.

O Caule: a alma


Se você vem acompanhando estes estudos já poderá estar fazendo a ligação entre o caule e a nossa alma, certo? Pois bem, assim como o caule leva a seiva bruta da raiz para as folhas, e de volta para a raiz e toda a árvore, assim também a nossa alma funciona como este canal através do qual o mundo espiritual irá se manifestar em nosso corpo.

A chave para uma vida abundante está na alma, pois é ela que irá permitir (ou não) o fluxo de vida que provém de nosso espírito. Através da renovação do nosso entendimento, podemos experimentar a realidade do Reino de Deus em nossas vidas terrenas. Se você é cristão, seu problema não está em seu espírito, pois é nascido de novo e está conectado ao Reino de Deus através de Cristo.

No entanto, se a realidade da nova criatura não domina sua mente, você pode ser como o homem que fez um cruzeiro e só comeu bolachas durante toda a viagem, pois não sabia que toda a alimentação estava inclusa na viagem (o homem levou uma mala cheia de bolachas para se alimentar por todo o cruzeiro, pois não leu o contrato onde era informado que a alimentação fazia parte do preço já pago).
"E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus." (Romanos 12:2)

Folhas e frutos: dados através do corpo


Podemos ver as folhas e os frutos como sendo produzidos pelo nosso corpo, ou seja, nós, enquanto árvores, produzimos ações (fruto) e temos uma personalidade (folhas) que irá refletir de qual dos dois mundos estamos obtendo nossa sabedoria e conhecimento: do Reino de Deus ou do mundo caído e perdido (o qual está em trevas espirituais).

Revisando o Salmo Primeiro


Voltemos ao nosso Salmo de número um e vejamos como deve ser nossa atitude para que possamos ser árvores frutíferas e belas para nosso Deus.
"Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores." (Salmos 1:1)
O primeiro passo será não atentarmos para os conselhos (orientações) que o mundo nos passa. É o que a Palavra chama de "conselho dos ímpios". Um ímpio é alguém que não teme ao Senhor, e irá te aconselhar de acordo com a sabedoria do mundo caído, e não com a sabedoria de Deus.

Ao contrário do que muita gente pensa, vemos conselhos de ímpios o tempo todo. Basta ligar a TV, rádio, ver redes sociais como Facebook, Twitter, YouTube, etc. Existem muitos e muitos programas ensinando sobre tudo que diz respeito à vida: casamento, criação de filhos, carreira profissional, emoções, suicídio, etc.

Estes conselhos serão conselhos de ímpios se não vieram do Céu. Eles irão levar você ao próximo passo: o caminho dos pecadores. Posteriormente, a pessoa vai para o último, que é a "roda dos escarnecedores", onde, além de viver uma vida de pecado, a pessoa irá empreender perseguição aos que vivem para o Senhor.

Levando nossa alma à Fonte correta


Nossa alma precisa receber da fonte correta, que é a Palavra de Deus. Somente a Palavra possui a verdadeira sabedoria do Reino e irá nos levar a produzir bons frutos. A Palavra precisa dominar nossa vida de tal forma que não irá sobrar lugar para mais nada.
"Antes tem o seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite." (Salmos 1:2)
Antes, eu não entendia como a Palavra de Deus poderia ocupar minha mente "de dia e de noite", pois eu achava que isso implicaria em eu ter que ler a Bíblia o tempo todo. Assim, não haveria condição de eu estudar, trabalhar, etc.

Ocorre que não é isto que a Palavra diz. Meditar não significa "ler a Bíblia" o tempo todo. De fato, se você lê demais, não será capaz de meditar sobre o que leu devido à sobrecarga de informações. O que você precisa é não encher seu coração de conhecimento errado, como já vimos. Guarde o seu coração de uma sobrecarga de imagens, fotos, jornais, TV, internet, etc.

Busque viver uma vida onde a sua prioridade seja o Senhor e Sua Palavra. Medite nas Escrituras e evite se alimentar de outras fontes. Faça de Deus a sua Fonte. Deixe que a Palavra ocupe sua mente em todo o tempo. Viva em torno da Palavra. Torne o Reino de Deus algo tão real dentro de você, de forma que você fique mais ciente da Presença do Pai do que do mundo físico ao seu redor.

Conclusão


Somos como árvores que foram reenxertadas em Cristo, a fim de produzir bons frutos. No entanto, nossa alma ainda pode buscar sabedoria e conhecimento do mundo e precisamos redefinir isto. Quando deixamos a influência do mundo perdido e nos concentrarmos no Reino de Deus, iremos produzir os frutos e teremos uma personalidade que reflita Cristo.

Que a paz do Senhor seja com o teu espírito. Amém.

Pr. Wendell Costa

segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

Amor - A Verdadeira Natureza de Deus - Parte 12

O Deus de Amor no Velho Testamento


Já vimos que a Lei de Moisés não foi dada como solução definitiva para o pecado, e nem tinha o propósito de revelar a verdadeira natureza de Deus, mas sim de expor o pecado do homem e preparar o caminho para o Salvador Jesus Cristo, que é a solução definitiva para o nosso pecado. Contudo, podemos ver um Deus de amor mesmo em meio a toda a dureza da Velha Aliança.

Nesta parte, vamos examinar alguns pontos importantes da Lei Mosaica e perceber o cuidado do Senhor com os mais fracos, tais como órfãos, viúvas e estrangeiros.

O Ano do Jubileu


Quando comparamos Israel com as nações que existiam ao seu redor, um grande diferencial que vemos era o Ano do Jubileu. A cada ciclo de 49 anos, haveria um ano especial onde a terra que havia sido vendida a outras famílias deveria voltar à sua família de origem.
"E santificareis o ano quinquagésimo, e apregoareis liberdade na terra a todos os seus moradores; ano de jubileu vos será, e tornareis, cada um à sua possessão, e cada um à sua família." (Levítico 25:10)
E para quê servia o ano do jubileu? Bem, a Lei dada por Deus à nação de Israel, neste aspecto, evitaria que famílias se tornassem pobres definitivamente. De fato, a terra só poderia ser "arrendada" e não vendida.

Naquele ambiente, predominantemente rural, o valor da terra era obtido a partir do número de colheitas que o comprador obteria e não pelo valor da terra em si, ou seja, a terra valia o que ela poderia produzir e, desta forma, não havia espaço para a especulação, tão comum nos dias de hoje (pessoas ricas adquirem grandes porções de terra e as mantém improdutivas, apenas aguardando para que se valorizem para, então, serem vendidas).

O ano do jubileu forçava uma cultura de trabalho com a finalidade de prosperidade geral do povo e não de apenas algumas famílias, com isto, se evitava a pobreza permanente de parte da população. Apesar disso, a propriedade privada era respeitada, não podendo isto ser ligado ao socialismo.

Proibição parcial da escravidão


Outra coisa bem interessante era a proibição de se escravizar um israelita. Para entendermos a profundidade desta proibição é necessário lembrar de como era o coração do homem e a cultura da época, coisa que já vimos em partes anteriores deste estudo. A escravidão era totalmente normal entre todas as nações. Os próprios israelitas haviam acabado de ser libertados dela quando saíram do Egito.

E, de fato, era possível ter escravos, desde que não fosse do próprio povo de Israel, pois só era possível escravizar estrangeiros. Ora, isto era algo muito diferente do que ocorria nas nações da época, algo que demonstrava muito respeito a pessoa humana, não sendo comum.
"Quando também teu irmão empobrecer, estando ele contigo, e vender-se a ti, não o farás servir como escravo.
Como diarista, como peregrino estará contigo; até ao ano do jubileu te servirá;
(...)
E quanto a teu escravo ou a tua escrava que tiveres, serão das nações que estão ao redor de vós; deles comprareis escravos e escravas."
(Levítico 25:39-44)
Apesar de ainda permitir a escravatura, a Lei de Moisés possuía diversos mandamentos que buscavam proteger as pessoas que se encontravam em tal condição, garantindo a alimentação (Levítico 25:6), o descanso semanal (Deuteronômio 5:14), punição em caso de morte do servo (Êxodo 21:20), etc.

O cuidado com os excluídos


Deus demonstrava muito cuidado com os excluídos da sociedade. Se hoje temos mais justiça social, estatuto do adolescente, estatuto do idoso, etc. saiba que este tipo de coisa não existia à época. Basta lembrarmos como os reis do Egito e Judeia ordenaram a morte de milhares de crianças inocentes sem o menor remorso (se quiser, releia a parte 10 deste estudo).

Assim, o Senhor se preocupou em levar os israelitas a se colocarem no lugar de um estrangeiro para terem cuidado de não maltratá-los, pois eles também haviam sido maltratados no Egito e experimentaram o quanto é ruim ser humilhado e surrado.
"Que faz justiça ao órfão e à viúva, e ama o estrangeiro, dando-lhe pão e roupa. Por isso amareis o estrangeiro, pois fostes estrangeiros na terra do Egito." (Deuteronômio 10:18-19)
Garanto a você que nenhuma nação da época possuía uma lei ordenando que o povo "amasse os estrangeiros"... Provavelmente, seria mais comum os estrangeiros serem escravizados ou, quando muito, serem postos para fazer os serviços mais desprezíveis.

Além do mandamento visto acima, o Senhor estabeleceu que a maldição viria sobre o que se aproveitasse dos mais fracos a fim de obter vantagens:
"Maldito aquele que perverter o direito do estrangeiro, do órfão e da viúva. E todo o povo dirá: Amém." (Deuteronômio 27:19)

Dízimos para os "excluídos"


Atualmente, muitas denominações são bem rigorosas no que diz respeito ao dízimo, e usam o Velho Testamento para manipular as pessoas para darem dízimos e ofertas através da acusação e constrangimento. Contudo, alguns versículos são omitidos. A maioria das igrejas não usa os dízimos e ofertas para ajudar os necessitados, mas apenas para o crescimento do seu próprio "império" religioso.

O Deus de amor ordenou que, a cada 3 anos (o dízimo era dado uma vez por ano), o dízimo era pra ser compartilhado entre aqueles que não possuíam terras, bens, escravos, etc.
"Ao fim de três anos tirarás todos os dízimos da tua colheita no mesmo ano, e os recolherás dentro das tuas portas;
Então virá o levita (pois nem parte nem herança tem contigo), e o estrangeiro, e o órfão, e a viúva, que estão dentro das tuas portas, e comerão, e fartar-se-ão; para que o Senhor teu Deus te abençoe em toda a obra que as tuas mãos fizerem."
(Deuteronômio 14:28-29)

Deus não queria sacrifícios


No Velho Testamento, os pecados começaram a ser punidos com rigor. Já vimos o porquê disto, e não vou detalhar os motivos novamente. No entanto, aqueles que se achegaram mais a Deus, tais como os profetas, chegaram à compreensão de que o seu Deus realmente não queria o sacrifício de animais.

Os sacrifícios foram ordenados para que o homem pudesse compreender que "sem derramamento de sangue não há remissão de pecados" (Hebreus 9:22). Cada vez que o homem pecasse, ele deveria oferecer animais de sua criação, os quais ele perderia para sempre. Era um ato de fé, pois eles acreditavam que Deus os abençoaria por tal atitude, e que o pecado, caso não fosse coberto, iria trazer maldição.

Mas, no fundo, no fundo, os homens sabiam que a morte de um animal não poderia pagar um pecado, pois pecado é algo espiritual, e é algo cometido por um homem, e só um homem poderia pagar o pecado. Vejamos o que o rei e profeta Davi falou:
"Pois não desejas sacrifícios, senão eu os daria; tu não te deleitas em holocaustos.
Os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus."
(Salmos 51:16-17)
É importante lembrar que Davi escreveu este salmo após ser confrontado pelo profeta Natã. Davi havia cometido adultério com Bate-Seba e ordenou a morte de seu marido, Urias, que, por sinal, era um homem fiel ao rei.

Contudo, apesar da gravidade de seu pecado, Davi escreve afirmando que Deus não desejava sacrifício, mas sim arrependimento! Davi conhecia ao seu Deus.

O caso do profeta Jonas


Um outro caso que me chama a atenção é o do profeta Jonas. Deus ordenou a Jonas que fosse até Nínive para clamar contra ela devido ao seu pecado. Contudo, Jonas fugiu indo para uma outra cidade: Társis. Acredito que você conheça esta história: Deus enviou uma baleia que engoliu Jonas e o levou ao arrependimento de sua desobediência.

Já ouvi pessoas dizerem que Jonas fugiu da tarefa que o Senhor havia passado para ele por ter medo, ou seja, Jonas foi covarde. Contudo, isto não é verdade.

Jonas conhecia a Deus, e sabia que sua tarefa tinha o propósito não de destruir, mas de trazer arrependimento. Deus, sendo um Deus de amor, não deseja derramar Sua ira sobre nós, mas sim nos salvar. Vejamos o que o próprio Jonas fala sobre suas motivações ao fugir do Senhor:
"E orou ao Senhor, e disse: Ah! Senhor! Não foi esta minha palavra, estando ainda na minha terra? Por isso é que me preveni, fugindo para Társis, pois sabia que és Deus compassivo e misericordioso, longânimo e grande em benignidade, e que te arrependes do mal." (Jonas 4:2)
De fato, Jonas fugiu porque ele queria que Nínive fosse destruída! E sabia que Deus o estava enviando para levar arrependimento à cidade, assim como, realmente, ocorreu. Como profeta do Senhor, Jonas já devia ter visto isto acontecer outras vezes, ou seja, Deus enviava o profeta para advertir a pessoa, caso ela desse ouvidos à advertência, era poupada do juízo.

Jonas conhecia a impiedade de Nínive e queria que Deus a destruísse, mas o Senhor é amor, e faz o que está a seu alcance para levar o perdão ao homem sem, contudo, comprometer sua santidade e justiça.

O maior mandamento da Lei


Quando perguntado sobre qual seria o maior mandamento da Lei de Moisés, Jesus respondeu:
"E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento." (Mateus 22:37-38)
No entanto, Jesus não parou por ali, o Mestre continuou afirmando...
"E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo.
Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas."
(Mateus 22:39-40)
Jesus nos mostra que toda a Lei de Moisés e os profetas precisam ser interpretados com base em amor, tanto amor a Deus como amor ao nosso próximo, e que estes dois mandamentos estão vinculados um ao outro.

Não compreender o caráter de amor de Deus nos transformará em meros religiosos que seguem regras "secas" mas que não têm um propósito de edificação de laços familiares. Desde o princípio, não vemos o Senhor preocupado em criar religiosos, mas sim em desenvolver em nós o entendimento de que somos todos irmãos e que Deus é o nosso Pai.

Jesus nos desvenda o verdadeiro caráter de Deus: o amor. Um amor que foi ao ponto de levar o Deus Criador de todas as coisas a se tornar um homem e se oferecer para uma morte humilhante e dolorosa em prol de nossa salvação.

E é com base neste amor, que passamos a entender toda a Escritura, e, em especial, a Lei de Moisés com toda sua aparente dureza e rigor. Entendemos que Deus teve que fazer aquilo para que o homem pudesse entender que havia se afastado muito da pureza, bondade e misericórdia do Pai, e que precisava se arrepender e receber a cura definitiva: Jesus Cristo, nosso bendito Salvador.

Que a graça do Senhor Jesus seja com você.

Pr. Wendell Costa

Não estejam inquietos por coisa alguma

Imagem 1: a ansiedade tem atingido boa parte da população. Viver uma vida sem preocupações e inquietações é praticamente uma utopia nos dias...