terça-feira, 8 de maio de 2018

Andando em Espírito 9 - Frutificando em Fé


Embora o conceito de fé seja relativamente fácil de ser entendido, viver pela fé é um desafio diário. Precisaremos readaptar nossas mentes para podermos viver desta nova forma, pois fomos acostumados a vivermos nos baseando no que vemos e ouvimos com nossos sentidos naturais.

No entanto, ao nos convertermos a Cristo, recebemos um novo espírito e passamos a fazer parte de um Reino espiritual que nos é invisível aos olhos físicos. Desta forma, é imprescindível que aprendamos a andar, ou seja, agir, pelo espírito e não mais pelos sentidos naturais. Conforme já falei, "andar em espírito" é praticamente sinônimo de "andar pela fé" ou "andar pela Palavra", já que precisaremos viver agora nos baseando no que a Bíblia ensina.

É possível, ainda, crescer em fé. Através da nossa vida devocional, com a prática diária da oração e meditação na Palavra de Deus, nossa fé estará fortalecida para que possamos andar nela e, consequentemente, crescer nisso. Vamos compreender mais sobre este fruto.

O Que é Fé?



Podemos estudar a fé de diversas formas e as Escrituras nos dão diversas pistas sobre o que significa a fé dentro do contexto bíblico. Mas existe um versículo que explica de forma bem direta o que é a fé, vejamos:
“Ora, a fé é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos.” (Hebreus 11:1)
Observamos que o conceito de fé resume-se a duas coisas:

  • Certeza (grego: hypóstasis) do que estamos esperando
  • Prova (grego: élegchos) de coisas que não vemos

A primeira palavra utilizada, traduzida como "certeza", pode ser traduzida também como "fundamento", "substância", ou ainda como "aquilo que tem existência real". A segunda palavra, traduzida aqui como "prova", também pode ser traduzida como "convicção" ou "evidência".

Destas definições, podemos entender que a fé significa que você tem, dentro de você, uma evidência ou forte convicção de algo que ainda não se materializou. Mais especificamente, podemos dizer que a fé é a certeza gerada pela Palavra de Deus (ouvida ou lida) de que as coisas que Deus fala são verdadeiras, embora não estejamos vendo com nossos “olhos naturais”.

É importante ressaltar que esta convicção não pode vir de você mesmo, pois se assim for, não é a fé bíblica. A verdadeira fé é gerada pelo próprio Deus através da Sua Palavra. Como explicado na lição 2 "Guiados pela Palavra", as Escrituras, quando iluminadas pelo Espírito Santo, funcionam como um espelho que nos revela o mundo espiritual. Veja bem, se o homem acredita ou não na Palavra, isso não irá afetar o mundo espiritual, ele continuará existindo do mesmo jeito; contudo, se o homem crer e agir de acordo com a revelação, colherá os benefícios.


O Pai da Fé



A Bíblia nos dá um grande exemplo de um homem de fé: Abrão. Quando Abrão tinha 75 anos, o Senhor Deus fez uma promessa a ele:
“E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei e engrandecerei o teu nome; e tu serás uma bênção.” (Gênesis 12:2)
Só havia um problema: até aquela data, Abrão não tinha filhos, porque Sarai, sua esposa, era estéril. Ela já estava com 65 anos quando Deus falou com seu marido, já havia entrado no período da menopausa, onde há o encerramento dos ciclos menstruais e ovulatórios, fazendo com que a mulher não possa mais ser mãe.

Apesar de tal impossibilidade, Abrão acreditou que o Senhor Deus cumpriria sua promessa:
“E estando certíssimo de que o que ele tinha prometido também era poderoso para o fazer.” (Romanos 4:21)

Algo Real Mas Invisível


A fé não é um "salto no escuro" como muitos pensam, mas uma convicção de coisas reais, no entanto, invisíveis aos olhos naturais. Deus, quando falou com Abrão, usou o verbo no tempo passado:
“Como está escrito: "Eu o constituí pai de muitas nações". Ele é nosso pai aos olhos de Deus, em quem creu, o Deus que dá vida aos mortos e chama à existência coisas que não existem, como se existissem.” (Romanos 4:17)
Embora Abrão não tivesse nenhum filho ainda (e as chances de ter um um filho com sua esposa eram nulas), Deus fala como se ele já fosse pai de nações, pois aos olhos de Deus, já havia acontecido (Deus vê o futuro como se já houvesse acontecido).

Pouco antes do filho de Abrão e Sarai nascer, o Senhor muda o nome deles: de Abrão (“pai”) para Abraão (“pai de muitos”); e Sarai (“minha princesa”) para Sara (“princesa”), de forma a fazer com que eles confessassem a promessa diariamente com suas próprias bocas.

Olhar com os olhos da fé é olhar com os olhos de Deus: vendo Sua Palavra como já cumprida.

Podemos dizer que a fé enxerga coisas invisíveis ao ponto de agirmos nos baseando em tais coisas. A fé bíblica nos deixará firmes pois "veremos" a promessa como sendo algo já feito, assim como Moisés:
"Pela fé deixou o Egito, não temendo a ira do rei; porque ficou firme, como vendo o invisível." (Hebreus 11:27)

A Confissão de Fé


Certa vez, Cristo afirmou que da boca sai o que enche o coração (Lucas 6:25) e, portanto, quando nosso coração está cheio de fé, nossas palavras irão refletir esta fé.

A confissão de fé está intimamente ligada à própria fé, sendo necessária para que a fé opere:
“Se você confessar com a sua boca que Jesus é Senhor e crer em seu coração que Deus o ressuscitou dentre os mortos, será salvo.
Pois com o coração se crê para justiça, e com a boca se confessa para salvação.”(Romanos 10:9-10)
As nossas palavras irão denunciar se realmente cremos ou não em alguma coisa. Uma pessoa pode até disfarçar uma crença, mas não por muito tempo! Mais cedo ou mais tarde suas palavras irão denunciar o que está em seu coração.

O discípulo de Cristo precisa se encher da Palavra de Deus para que suas palavras demonstrem uma fé genuína. É essencial que confessemos a Palavra em todo o tempo.

Veja o que o Senhor disse para Josué, o homem que levaria o povo de Deus a conquistar a terra de Canaã:
“Não se aparte da tua boca o livro desta lei; antes medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer conforme a tudo quanto nele está escrito; porque então farás prosperar o teu caminho, e serás bem sucedido.” (Josué 1:8)
Deus usou Sua própria Palavra para criar o universo e, da mesma forma, nossas palavras têm poder quando ditas em fé sincera. Você deve ter muita atenção com o que sai de sua boca, pois palavras vãs (vazias de sentido) são também consideradas diante de Deus:
“Mas eu lhes digo que, no dia do juízo, os homens haverão de dar conta de toda palavra inútil que tiverem falado.” (Mateus 12:36)

“Ninguém vos engane com palavras vãs; porque por estas coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência.” (Efésios 5:6)
Encha o seu coração com a Palavra de Deus todos os dias, para que suas palavras estejam sempre de acordo com a vontade de Deus.

Fé e Paciência


A fé é fruto de nosso espírito e é maravilhoso o que podemos fazer com ela, mas, para que nossa fé possa “ter tempo” de trabalhar, é necessário um outro fruto: a paciência. Através das provas de fé, a paciência é trabalhada em nossas vidas. Isto significa que as nossas orações, em geral, não serão atendidas tão logo as façamos, mas teremos que aguardar o tempo de Deus enquanto pacientemente semeamos.
“Meus irmãos, tende grande gozo quando cairdes {ou vos forem enviadas várias provas} em várias tentações,sabendo que a prova da vossa fé produz a paciência.” (Tiago 1:2-3)
Precisamos entender que nossas orações funcionam de forma semelhante a sementes lançadas em um terreno: precisamos cuidar da terra, adubando-a e regando-a, para que, a seu próprio tempo, produza frutos.
“Porque necessitais de paciência, para que, depois de haverdes feito a vontade de Deus, possais alcançar a promessa.” (Hebreus 10:36)
Em muitas traduções a palavra “paciência” está como “perseverança”. A perseverança significa, segundo o dicionário Michaelis, não mudar de intenção ou orientação. Precisamos permanecer firmes, sem alterar a nossa confissão de fé, entendendo que é necessário a paciência para que as nossas orações produzam efeito. Sem paciência, nossa fé não terá tempo de agir:
“Para que vos não façais negligentes, mas sejais imitadores dos que pela fé e paciência herdam as promessas.” (Hebreus 6:12)

Como a Fé é Gerada?


Como já dito, Deus revela ao homem realidades que não podem ser atestadas pelos sentidos físicos, portanto precisam ser recebidas de outra forma, através da fé. Quando damos ouvidos à voz de Deus, não endurecendo nossos corações, a fé é plantada através da pregação da Palavra:
"Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? e como crerão naquele de quem não ouviram? e como ouvirão, se não há quem pregue?
(...)
De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus."
(Romanos 10:14,17)

Quando cremos na Palavra, recebemos o poder de Deus que foi disponibilizado por Sua graça através de Jesus. A fé nos permite acessar a Graça de Deus e obtermos a salvação comprada pelo Senhor através de Seu sacrifício. Esta salvação inclui, mas não se limita a, o perdão de pecados e a vida eterna, contudo, podemos dizer que todas as bênçãos que foram prometidas por Deus ao Seu povo podem ser acessadas através da fé.

Além de todas as bênçãos, todo o poder para sermos completamente libertos do pecado e incorporarmos a natureza divina encontra-se disponível através da Palavra, podendo ser acessado através da fé:
"Visto como o seu divino poder nos deu tudo o que diz respeito à vida e piedade, pelo conhecimento daquele que nos chamou pela sua glória e virtude;
Pelas quais ele nos tem dado grandíssimas e preciosas promessas, para que por elas fiqueis participantes da natureza divina, havendo escapado da corrupção, que pela concupiscência há no mundo." (2 Pedro 1:4)
Observamos aqui que toda a capacidade necessária para vivermos uma vida vitoriosa em Cristo já nos foi dada por Deus, mas é necessário que tenhamos o conhecimento desta realidade, e não apenas isso, este conhecimento precisa ser real dentro de nosso coração de tal forma que nos leve a agir.

Crescendo em Fé


Assim como nossos músculos se fortalecem na medida em que nos alimentamos corretamente e os exercitamos, assim também a fé irá crescer quando alimentarmos nossa alma com a Palavra e nos exercitarmos na prática dela.

O objetivo da fé é nos dar acesso à salvação providenciada por Deus em Jesus e, portanto, a fé é uma porta para que o caráter e natureza de Deus habite em nós. Quando Cristo habita em nós, passamos a andar em amor que, conforme já vimos, é a própria natureza de Deus. Vemos que não há como crescermos em fé sem crescermos também em amor.
"Sempre devemos, irmãos, dar graças a Deus por vós, como é justo, porque a vossa fé cresce muitíssimo e o amor de cada um de vós aumenta de uns para com os outros." (2 Tessalonicenses 1:3)
"Porquanto ouvimos da vossa fé em Cristo Jesus, e do amor que tendes para com todos os santos;" (Colossenses 1:4)
De fato, a fé só "opera", ou seja, "funciona", quando está conectada ao amor de Deus em nós. Podemos dizer que a fé deve nos levar a andar em amor e não deve estar dissociada dele.

Orando no Espírito Santo


Uma outra forma de crescermos em fé é dedicarmos tempo para orarmos no Espírito Santo, ou seja, orarmos em línguas. A Palavra de Deus diz que o que ora em línguas edifica-se na si mesmo, já em Judas, Deus nos mostra que esta edificação é sobre a nossa fé:
"Mas vós, amados, edificando-vos a vós mesmos sobre a vossa santíssima fé, orando no Espírito Santo." (Judas 1:20)
Não vou me deter muito neste tema, por fugir um pouco do centro de nosso assunto, mas vou resumir aqui o que considero de maior importância.

Nossa mente natural não compreende as coisas do Espírito Santo, pois não foi criada para interagir diretamente com o mundo espiritual (para isso, Deus nos deu um espírito). Então, apesar de termos o conhecimento da Palavra em nossa mente, ela não alcança toda a dimensão do mundo espiritual, por isso mesmo precisaremos orar em línguas, pois quando o fazemos, o nosso espírito está orando.

Nosso espírito está em contato pleno com o Espírito Santo e, por isso, sabe orar como convém. Portanto, ao orarmos em línguas, estaremos orando de acordo com a perfeita vontade de Deus e seremos edificados em nossa fé, apesar de nosso entendimento não compreender o que estamos falando. Todas estas coisas que falei estão explicadas em 1 Coríntios 14 e você mesmo poderá conferir.

Conclusão


Concluímos com esta lição a parte do fruto do espírito. Não entrarei em detalhes sobre as demais características deste fruto, mas incentivo você na fazer isto. Busque nas Escrituras as ocorrências das palavras: longanimidade (ou longânimo), benignidade (ou benigno), bondade (ou bom), mansidão (ou manso) e a temperança (domínio próprio).

Dedicar tempo para meditar nas Escrituras é o primeiro passo para conhecermos quem somos em Cristo e passarmos a andar de acordo com tal realidade.

Que a paz de Cristo seja com o seu espírito. Amém.

Pr. Wendell Costa

segunda-feira, 23 de abril de 2018

Andando em Espírito 8 - A Paz do Senhor


No mundo em que vivemos, enfrentamos todo tipo de dificuldade em nossas vidas. Nestes últimos tempos, tem sido difícil experimentar a sensação de paz. A ameaça terrorista, o crescimento da violência, as incertezas na economia, dentre outras coisas, têm roubado a paz de muitas pessoas.

Seria possível termos paz em meio a todas essas circunstâncias contrárias?

A resposta é: sim! Jesus nos dá paz; não, porém, uma paz circunstancial, mas uma paz que vem do próprio Reino de Deus e que domina os nossos corações, nos guardando das angústias e medos deste mundo.

O Deus de Paz


Quando Gideão viu o anjo do Senhor face a face, ficou muito atemorizado e achou que iria morrer. O Senhor lhe disse para estar em paz, pois não morreria. Então, Gideão edificou um altar e chamou-o de "o Senhor é paz" (Jeová Shalom).
"Então viu Gideão que era o anjo do SENHOR e disse: Ah, Senhor DEUS, pois vi o anjo do SENHOR face a face.
Porém o Senhor lhe disse: Paz seja contigo; não temas; não morrerás.
Então Gideão edificou ali um altar ao SENHOR, e chamou-lhe: O SENHOR É PAZ; e ainda até o dia de hoje está em Ofra dos abiezritas."
(Juízes 6:22-24)

Além de não morrer após ter visto o anjo do Senhor, Gideão recebeu a bênção da paz e da confiança quando Deus falou "paz seja contigo; não temas". Assim, o Senhor começava a se revelar como um Deus que dá paz aos homens.

Quando os anjos anunciaram o nascimento de Jesus para os pastores, eles disseram que haveria "paz na terra". Isto não significava que a terra estaria em paz, não era a "paz entre os homens" que o anjo falava, mas sim a paz de Deus para com os homens, não lhes imputando os seus pecados.
"E, no mesmo instante, apareceu com o anjo uma multidão dos exércitos celestiais, louvando a Deus, e dizendo:
Glória a Deus nas alturas, paz na terra, boa vontade para com os homens."
(Lucas 2:13-14)
Jesus veio para que pudéssemos ter paz com Deus, pois nossos pecados nos tornavam inimigos de Deus.
"Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo;" (Romanos 5:1)
Agora, sem a barreira do pecado, temos condições de desfrutar da bênção da paz que Deus nos concede. Além de ser "amor", Deus também é "paz". Ao quebrar a barreira que havia, Jesus nos possibilitou ter novamente a Presença de Deus dentro de nós, isto é, ter de volta a paz que é inerente a Deus:
"E o Deus de paz seja com todos vós. Amém." (Romanos 15:33)

Já Temos Paz


Esta paz não é uma paz circunstancial, mas uma paz eterna a qual temos direito quando recebemos Jesus como nosso Salvador e nos tornamos filhos de Deus:
"Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize." (João 14:27)
A paz que o mundo dá depende da situação do momento, ou seja, é circunstancial e momentânea. A paz que Cristo nos deixou não é a do mundo, é a paz DELE, que Ele tem por ser Deus encarnado. Esta é a paz que Jesus nos dá! Esta paz é uma paz que é característica do próprio Reino de Deus, assim como ensinei com relação à alegria:
"Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo." (Romanos 14:17)
O Reino de Deus é um lugar onde há paz perene. Nossos espíritos estão no Reino de Deus, pois nasceram lá e pertencem a este lugar de paz. Quando colocamos nossas mentes nas coisas do Reino, podemos andar em paz, mesmo quando, aqui na terra, as situações têm a capacidade de tirar-nos a paz.

Assim, o primeiro passo para andarmos dando o fruto da paz é exatamente crer que já a temos em Cristo Jesus!

Pondo Nossa Mente em Cristo



Nós não temos controle sobre todas as situações que nos envolvem neste mundo material. Por mais que nos esforcemos para evitar situações perigosas ou estressantes, fatalmente, seremos atingidos por alguma em um momento ou outro de nossas vidas. O próprio Jesus nos advertiu sobre tal coisa:
"Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo." (João 16:33)
Neste mundo caído, o inimigo opera através dos homens para tentar roubar nossa paz. Em especial, temos hoje em nosso país - o Brasil - uma crescente situação de violência e crise econômica que podem nos deixar completamente temerosos e inseguros. Dia a dia, somos bombardeados de más notícias sobre violência quando ligamos a TV ou lemos as notícias.

Como, então, podemos ter paz em meio a tantas notícias ruins?

Bem, precisamos evitar alimentar nossa alma com as más notícias, e passar a nos alimentar com a boa semente do Evangelho, que significa exatamente "boas notícias".

A paz que Jesus nos deixou, irá se manifestar em nossos corações quando pusermos nossas mentes em Deus, permitindo que a semente da Palavra se torne uma árvore frondosa em nossos corações, e que as verdades das Escrituras se tornem uma rocha sólida dentro de nós.
"Tu conservarás em paz aquele cuja mente está firme em ti; porque ele confia em ti." (Isaías 26:3)
Somente a confiança plena nas verdades da Palavra é que fará com que nossa mente esteja em Deus e não no mundo. Veja bem, quando aceitamos a Cristo, nascemos de novo espiritualmente e nosso espírito está em paz, no Reino de Deus. Contudo, fisicamente, estamos aqui na terra, onde nem sempre teremos situações de paz.

Desta forma, haverá o conhecido conflito "carne x espírito" guerreando por nosso coração. O elemento chave é a "alma" (nossa mente)! A realidade na qual nossa mente estiver ligada determinará se desfrutaremos de paz ou de medo, angústia, etc.

Assim como acontece com os demais "frutos" do espírito, tais como amor, alegria, bondade, etc. desfrutar de paz em meio ao caos deste mundo requer um esforço no sentido de tirarmos o foco do mundo caído e pormos nossa mente em algo invisível. Além disso, é um crescimento em Deus, ou seja, leva tempo.

Paz e Segurança


Se você tiver observado, boa parte dos versículos que falam sobre paz também citam a segurança. Isto mostra que a paz está intimamente ligada a uma sensação de segurança. O salmista afirmava que dormia em segurança porque sabia que Deus o guardava:
"Em paz também me deitarei e dormirei, porque só tu, Senhor, me fazes habitar em segurança." (Salmos 4:8)
Como vivemos em um mundo de muita insegurança, se não confiarmos na proteção dada pelo Senhor, estaremos fadados a uma vida sem paz. Precisamos aprender a confiar e usufruir da segurança e direção que Deus nos dá através desta aliança que temos com o Pai.

O famoso Salmo 91 fala sobre uma segurança tremenda que Deus dá para aqueles que se protegem debaixo da sombra do Altíssimo:
"Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do Onipotente descansará.
(...)
Mil cairão ao teu lado, e dez mil à tua direita, mas não chegará a ti."
(Salmos 91:1,7)

É algo tremendo não é? Mas para muitas pessoas cristãs, isto é apenas um belo poema, porque elas não sabem como se colocar debaixo desta sombra a fim de receber proteção. O que seria esta "sombra" dada por Deus?

A resposta pode ser encontrada no próprio Salmo 91, conforme veremos agora:
"Porquanto tão encarecidamente me amou, também eu o livrarei; pô-lo-ei em retiro alto, porque conheceu o meu nome.
Ele me invocará, e eu lhe responderei; estarei com ele na angústia; dela o retirarei, e o glorificarei."
(Salmos 91:14-15)
Quero falar sobre dois pontos que nos mostram como permanecer debaixo desta poderosa sombra, onde seremos protegidos do mal e onde podemos desfrutar desta paz e descanso.

Obedecendo a Palavra


Jesus explicou que o que ouve a Sua Palavra e a pratica é como um homem prudente que construiu a sua casa sobre uma rocha, e que, assim fazendo, foi capaz de resistir firme contra as intempéries da vida. Já o que ouve e não pratica a Palavra é como um tolo que constrói sua casa sobre um fraco fundamento de areia, e que, ao enfrentar as tribulações da vida, cai com grande queda (Mateus 7:24-27).

Isto mostra que quando ouvimos a Palavra e a praticamos, estamos nos colocando sob esta sombra, a qual nos guarda do sol causticante que representa a tribulação e perseguição que sofremos (veja a explicação da parábola do semeador sobre a semente plantada em terra pedregosa, em Mateus 13:21).

Assim, quando atendemos ao que Deus nos fala, além de estarmos construindo nossas vidas sobre verdades eternas, também nos pomos em uma situação onde Deus pode nos proteger de todo o mal. Mas quando não atentamos para a Palavra do Senhor, e nos comportamos como ímpios, a paz fugirá de nós, pois:
"Mas os ímpios não têm paz, diz o Senhor." (Isaías 48:22)

Invocando ao Senhor


Não quero entrar em muitos detalhes sobre o tema da oração por ser um tema muito amplo, mas o verso 15 do Salmo 91 afirma "ele me invocará, e eu lhe responderei". Isto mostra que precisamos invocar, ou seja, orar e suplicar ao Senhor, para que Ele nos atenda em resposta à nossa oração.

O apóstolo Paulo, pelo Espírito Santo, também nos orienta a não andarmos ansiosos ou inquietos com qualquer coisa, mas apresentarmos todos os nossos pedidos a Deus:
"Não estejais inquietos por coisa alguma; antes as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus pela oração e súplica, com ação de graças." (Filipenses 4:6)
Ao percebermos o menor sinal de inquietação em nosso coração, ou seja, qualquer coisa que comece a roubar nossa paz, precisamos, além de colocar nossa mente em Deus e Sua Palavra, apresentar nossas vidas ao Senhor orando e buscando a Sua intervenção. Se a situação for mais grave, a oração deve ser mais intensa, gerando "súplicas". Além disso, devemos "velar sobre nossas orações com ações de graças" (Colossenses 4:2), a fim de nos mantermos firmes em fé enquanto aguardamos a manifestação da promessa.

Quando tomamos estas atitudes, a consequência será a do verso que vem logo em seguida:
"E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos pensamentos em Cristo Jesus." (Filipenses 4:7)

Conclusão


Tudo começa ao entendermos que Deus já nos deu paz em Jesus Cristo, e que, vivendo pela fé, iremos desfrutar desta graça. Precisamos ser diligentes no sentido de colocarmos nossa mente em Deus, e edificarmos nossas vidas sobre a rocha da Palavra. Também é necessário vigiarmos em oração e súplica para que a paz sobrenatural proteja nosso coração e mente de toda inquietação.

Que esta paz sobrenatural de Deus seja com você. Amém.

Pr. Wendell Costa

segunda-feira, 16 de abril de 2018

Andando em Espírito 7 - A Alegria que Fortalece


Nesta sétima lição sobre o tema "andando em espírito", quero continuar falando sobre o fruto da alegria. Você sabia que andar em alegria significa ter forças para cumprir todo o chamado de Deus na sua vida?

A vida de um verdadeiro cristão não é uma vida fácil, pois enfrentamos muita resistência espiritual e somos atribulados em praticamente todas as áreas da nossa vida. Mas Deus não nos deixou sem saída, pois providenciou uma forma de podermos nos renovar constantemente em nossas forças, a fim de podermos suportar as adversidades e prosseguir como vencedores.

Esta saída é a alegria do Senhor!

Nossa Atitude Diante das Dificuldades


O Rei Davi era um homem acostumado a enfrentar desafios. Desde a sua juventude, ele enfrentou situações que, sem a ajuda de Deus, ele não teria suportado. Quando ainda era bem jovem, lutou contra animais selvagens, tais como leão e urso, também enfrentou um gigante que era o dobro do seu tamanho chamado Golias e o venceu sem ter o mesmo arsenal.

Contudo, em uma certa ocasião, Davi enfrentou uma situação que o fez chorar com todas as suas forças, e que a grande maioria de nós talvez não conseguisse ultrapassar.

Imagine se você chegasse em sua casa e toda sua família tivesse sido sequestrada. Acredito que a maioria de nós entraria em parafuso ao ter que lidar com uma situação como esta, não é verdade? E se, além disso, todos os seus vizinhos quisessem matar você, por culparem você pela situação toda!

Pois bem, esta foi a situação que o Rei Davi enfrentou:
"E Davi e os seus homens chegaram à cidade e eis que estava queimada a fogo, e suas mulheres, seus filhos e suas filhas tinham sido levados cativos.
Então Davi e o povo que se achava com ele alçaram a sua voz, e choraram, até que neles não houve mais forças para chorar.
Também as duas mulheres de Davi foram levadas cativas; Ainoã, a jizreelita, e Abigail, a mulher de Nabal, o carmelita.
E Davi muito se angustiou, porque o povo falava de apedrejá-lo, porque a alma de todo o povo estava em amargura, cada um por causa dos seus filhos e das suas filhas; todavia Davi se fortaleceu no Senhor seu Deus."
(1 Samuel 30:3-6)
A reação de Davi e do povo foi de desespero e, por isso, choraram muito até não terem mais forças. Contudo Davi não foi vencido pela tristeza nem pelo medo de ser apedrejado, mas buscou em Deus força e direção sobre o que fazer.

Se Davi tivesse simplesmente cedido a tristeza ele teria perdido todos os seus bens e a sua família, bem como de todos os que o estavam acompanhando. É natural nos entristecermos diante de circunstâncias difíceis, mas devemos fazer como o rei Davi, que encorajou a si próprio e buscou ao Senhor para não se deixar vencer pela tristeza.

Observe que Davi teve uma atitude ativa de se encorajar no Senhor, ele não ficou apenas esperando algo acontecer. Davi tinha falhas, mas não é à toa que foi chamado "homem segundo o coração de Deus" (1 Samuel 13:14).

A Lição de Neemias


Um outro grande exemplo de alguém que não se deixou abater diante de circunstâncias contrárias foi Neemias. Ele havia sido comissionado por Deus para reconstruir os muros de Jerusalém e iniciar o processo de restauração da Nação de Israel.

Contudo, diversos inimigos se levantaram contra esta tarefa e o povo tinha que trabalhar enquanto estava vigilante, pois os inimigos poderiam atacar a qualquer momento. Ou seja, o estado era de tensão constante.

Não sei quanto a você, mas eu já trabalhei em lugares onde a situação era de tensão e reconheço que isto não é algo fácil de se lidar. Apesar de ter trabalhado em estado de tensão, minha situação não se comparava com a situação de terem pessoas querendo lhe matar enquanto você desempenha uma tarefa que Deus te deu. Esta foi a situação em que Neemias teve de liderar o povo de Deus.

Quando Neemias e o sacerdote Esdras leram a lei de Deus para o povo, eles começaram a se entristecer. Mas não era vontade de Deus que o povo dele se entristecesse, então veio a instrução para se alegrar:
"Disse-lhes mais: Ide, comei as gorduras, e bebei as doçuras, e enviai porções aos que não têm nada preparado para si; porque este dia é consagrado ao nosso Senhor; portanto não vos entristeçais; porque a alegria do Senhor é a vossa força." (Neemias 8:10)

Através de Neemias e do sacerdote Esdras, o povo de Deus foi instruído a se alegrar com grande alegria, pois isto seria fonte de força para que eles pudessem dar continuidade a tarefa que lhes havia sido dada pelo próprio Deus.

Aperfeiçoando-se no Poder de Deus


Quando lembramos da vida e obra do apóstolo Paulo, imediatamente nos vem à mente as grandes provações pelas quais ele passou. Ele mesmo relata um pouco delas:
"Recebi dos judeus cinco quarentenas de açoites menos um.
Três vezes fui açoitado com varas, uma vez fui apedrejado, três vezes sofri naufrágio, uma noite e um dia passei no abismo;
Em viagens muitas vezes, em perigos de rios, em perigos de salteadores, em perigos dos da minha nação, em perigos dos gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre os falsos irmãos;
Em trabalhos e fadiga, em vigílias muitas vezes, em fome e sede, em jejum muitas vezes, em frio e nudez."
(2 Coríntios 11:24-27)
Confesso que tanto sofrimento me assusta um pouco, e nem de perto passei pelo que aquele homem de Deus passou. Como ele pôde suportar tudo aquilo e ainda nos escrever para nos regozijarmos, assim como vimos na lição passada?

Bem, o próprio Paulo conta como ele havia orado ao Senhor pedindo para que Deus o livrasse daquele "espinho na carne" que tanto o afligia. A resposta de Deus, no entanto, foi um tanto estranha, pois disse assim...
"...A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza (...)" (2 Coríntios 12:9)
Este parece ser um "não" de Deus, não é? Mas a verdade é que o Senhor estava revelando a Paulo, e consequentemente, a nós, a chave para nossa vitória diante das tribulações!

Não tenho tempo para explicar de forma mais profunda aqui, mas antes de prosseguir, é necessário explicar melhor o contexto desta situação descrita nesta passagem bíblica. Antes de mais nada, o espinho na carne que Paulo fala não foi dado por Deus como algumas pessoas entendem. O texto claramente mostra que o espinho na carne era um "mensageiro de satanás", e como satanás é adversário de Cristo, obviamente, Deus não tinha nada haver com aquele mensageiro (anjo).

Então, porque Deus não o podia remover? Bem, a resposta rápida é a seguinte: porque Deus não podia! Ora, se Deus pudesse, neste momento, remover toda influência de satanás na vida das pessoas, então, Deus teria que julgar o mundo agora! Sabemos que há, sim, um tempo estabelecido onde Ele irá fazer isto, mas não é agora.

O próprio Jesus nos advertiu que "se a mim me perseguiram, também vos perseguirão a vós; se guardaram a minha palavra, também guardarão a vossa." (João 15:20). O mensageiro de satanás não "batia" em Paulo diretamente, mas o atingia através dos homens, conforme ele mesmo vem descrevendo no capítulo 11 citado antes. Se você quiser ver de onde Paulo tirou a expressão "espinho" se referindo a pessoas, leia Josué 23:13 e Juízes 2:3, em ambos os casos a palavra "espinho" referia-se aos habitantes da terra de Israel, pois caso não fossem expulsos, seriam usados por satanás para atacar o povo de Deus.

Dito isto (não com tanta profundidade quanto o tema merece), passemos a estudar a resposta dada por Deus para Paulo.

Considerando que Paulo era um instrumento poderoso nas mãos de Deus, e que satanás havia designado um demônio só pra tentar destruí-lo; considerando que havia homens dispostos a serem instrumentos do diabo para perseguir Paulo e que ainda não é chegado o tempo do juízo final, onde os pecadores serão eternamente separados dos justos, Deus revela a Paulo o grande "segredo":
"E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo." (2 Coríntios 12:9)
O apóstolo compreendeu a Palavra do Senhor e decidiu se gloriar (exultar) em meio a todas aquelas dificuldades, pois assim fazendo, o poder de Cristo o sustentaria. Já não seria mais Paulo operando na terra, mas sim Cristo nele.

Exercitando a Fé


Através de Tiago, Deus também nos mostra que é em meio às provações que temos a oportunidade de pormos em prática a fé de forma a que a natureza de Deus produza em nós fruto:
"Meus irmãos, tende por motivo de grande gozo o passardes por várias provações,
sabendo que a aprovação da vossa fé produz a perseverança [ou "paciência"]; e a perseverança tenha a sua obra perfeita, para que sejais perfeitos e completos, não faltando em coisa alguma."
(Tiago 1:2-4)
Não há como crescermos no fruto do espírito se não pusermos em prática a Palavra de Deus nos tornando experimentados nela. Só a prática da Palavra nos fará crescer.

Acredito que todos nós, cristãos, desejamos crescer espiritualmente, adquirindo sabedoria e maturidade para cumprir nossa missão na terra, sermos prósperos e frutíferos para a glória de Deus. Contudo, quando enfrentamos uma situação de adversidade, seja provações ou perseguições, nos desesperamos e achamos que Deus nos abandonou.

Embora que creia que Deus não seja o autor das provações que nos atingem, Ele nos promete que está conosco em meio a elas, jamais nos deixando nem nos desamparado, e fornecendo a sabedoria e o poder para que possamos passar pelas provações e nos tornarmos mais maduros em Cristo. Mas precisamos aproveitar os momentos de provação para exercitarmos a fé, andando em alegria, mesmo quando a situação for, no natural, de tristeza ou de desespero.

Se não usarmos os momentos de provação para exercitar a nossa fé, perderemos a oportunidade de crescer e sair do estágio de infância espiritual, onde muitos cristãos estão. O escritor aos Hebreus adverte sobre isto:
"Porque qualquer que ainda se alimenta de leite não está experimentado na palavra da justiça, porque é menino.
Mas o mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem como o mal."
(Hebreus 5:13,14)
Observe que o discernimento só vem com a experiência, onde você aplicou a Palavra em uma situação adversa, obteve a vitória e cresceu em decorrência disto. Quando você aplica a Palavra, você cresce no fruto do espírito.

Para crescer na alegria de Deus, é necessário encorajar-se a si mesmo no Senhor e buscar se alegrar nas verdades da Palavra, principalmente em momentos de adversidade. Você cresce no fruto, não é algo que já venha pronto.

Conclusão


Concluímos, com esta lição, a parte do fruto do espírito no que diz respeito à alegria, mostrando como, através dela, Deus nos fornece força para vencermos as batalhas em nossa carreira cristã.

Que a paz do Senhor Jesus seja com o teu espírito. Amém.

Pr. Wendell Costa

quarta-feira, 11 de abril de 2018

Acessando a Graça pela Fé



A Palavra nos diz pra não nos desviarmos nem para a esquerda, nem para a direita, não é? Isto mostra que existe um equilíbrio entre tudo o que a Bíblia ensina. Muitas pessoas acham que Deus é "soberano"... e isso eu concordo, desde que seja respeitada a definição da palavra "soberania".

Por exemplo, o Brasil é soberano perante as demais nações, isso significa que ele decidirá seus assuntos sem ter que estar submisso a um outro país ou pessoa. Um rei é um soberano em um país, ou seja, não existe ninguém acima dele em termos de autoridade.

Assim sendo, Deus é sim "soberano", desde que esta definição da palavra seja respeitada, mas quando se diz que "tudo o que acontece no mundo é porque Deus quer, já que ele é soberano" se está extrapolando o conceito de "soberania". Assim como nem tudo o que acontece dentro do Brasil está de acordo com as leis brasileiras, assim também, nem tudo o que acontece neste mundo está de acordo com a vontade de Deus.

De fato, ocorre exatamente o contrário, pois este mundo jaz no maligno e a vontade de Deus não ocorre aqui de forma automática. É necessário buscar tal vontade, e há um esforço para que ela se manifeste aqui. Uma das principais áreas onde precisamos fazer este esforço é exatamente exercer nossa fé na oração, a fim de que "a vontade de Deus seja feita aqui na terra como é feita no Céu".

Assim sendo, crer que Deus fará a vontade d'Ele independentemente de nossa fé é algo que nos levará ao comodismo, pois acreditaremos que nossas orações serão apenas "palavras vãs", já que Deus fará o que Ele quiser e ponto final.

Digamos que este é um "desvio para a direita", pois assim pensando, a pessoa não terá interesse em exercer sua fé em nenhuma situação, por acreditar que Deus fará o que for a Sua vontade, e nada do que você fizer vai mudar isso.

Vamos, agora, entender que existe uma outra distorção, ou seja, um "desvio para a esquerda"!

Existem outros cristãos que afirmam que, através da nossa fé, nós geramos realidades espirituais, pois "movemos o braço de Deus". Tais ensinamentos são no sentido de que, quando andamos em fé, podemos gerar qualquer coisa que quisermos, pois:
"Jesus disse-lhe: Se tu podes crer, tudo é possível ao que crê." (Marcos 9:23)
É comum tais pessoas usarem o Velho Testamento, naquela ocasião em que Jacó lutou com o anjo, para afirmarem que é necessário "lutar com Deus", em oração, para que Ele te abençoe.

EUGENE DELACROIX, 798 - 863: Jacob wrestling with the Angel. Chapel of the Holy Angels, St Sulpice, Paris.


Além desta ocasião, algumas outras passagens bíblicas, tais como "a parábola do juiz iníquo" (Lucas 18:1-8) e a "parábola do amigo importuno" (Lucas 11.5-8) são retiradas de seu contexto e usadas para se ensinar que precisaremos "dobrar" a vontade de Deus através da nossa insistência em oração.

Isto traz sobre nós uma carga muito pesada, pois vencer Deus não é algo que podemos chamar de "fácil". Existe um equilíbrio no Novo Testamento, onde é necessário exercer fé, não para "forçar" Deus a fazer o que se está pedindo, mas para acessar o que Ele, pela Sua graça, já proveu para nós em Cristo!

A Fé do Novo Testamento


Mas o que realmente significa "fé", dentro do contexto da Nova Aliança? O que ela produz, se é que produz alguma coisa?

Bem, se olharmos o conceito de fé, veremos que a fé é como que os nossos "olhos espirituais", os quais permitem que possamos enxergar algo invisível mas real.
"Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem." (Hebreus 11:1)
A fé permite que acessemos o que já foi preparado por Deus para nós, mas ela não gera nada "novo", apenas dá acesso que já está pronto no âmbito do espírito.
"Pelo qual também temos entrada pela fé a esta graça, na qual estamos firmes, e nos gloriamos na esperança da glória de Deus." (Romanos 5:2)
Desta forma, não temos como gerar nada nas regiões celestiais por meio da fé, como que forçando Deus a agir em resposta à nossa fé. Deus não age em resposta à nossa fé, mas sim, nós, pela fé, acessamos o que Ele já preparou para nós.

Mas você pode dizer: "a Bíblia diz que a fé pode remover montanhas"...

Ocorre que, através da fé, aquilo que Deus já prometeu e nos deu em Cristo vem a se tornar realidade material. Neste sentido, podemos dizer que a fé gera realidades materiais, pois libera o poder de Deus que já nos foi dado e que está "sobre nós" e "em nós".
"E qual a sobreexcelente grandeza do seu poder sobre nós, os que cremos, segundo a operação da força do seu poder." (Efésios 1:19)
"Ora, àquele que é poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos, segundo o poder que em nós opera." (Efésios 3:20)

A primeira parte do livro de Efésios traz as revelações sobre tudo o que Deus já fez em Cristo, e por isso, boa parte dos verbos estão no pretérito ou no presente, pois falam de coisas que já aconteceram.
"Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo;" (Efésios 1:3)
As bênçãos, apesar de serem algo imaterial, possuem o poder de gerar coisas materiais. Então, isto mostra que toda a provisão que Deus preparou para nós já está disponível em Cristo, no âmbito do espírito. A nossa fé servirá de acesso para que tais bênçãos se manifestem no mundo físico através da Lei da Semeadura: semeamos no reino espiritual e este reino se manifestará no mundo material.

Entender que, em Cristo, Deus já nos abençoou plenamente tira um peso de nossos ombros, pois tentar forçar Deus a fazer alguma coisa e nos abençoar (lutar com Deus) não é uma coisa fácil. Muitos crentes estão cansados e fatigados pois estão tentando lutar com Deus para que Ele os abençoe!

Em Cristo, as Promessas são SIM


Deus estabeleceu o caminho da fé para que pudéssemos receber tudo o que Ele, em Sua misericórdia, preparou para nós. Todos os pecados do mundo, em todas as épocas, já foram pagos em Cristo.
"E ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo." (1 João 2:2)

Infelizmente, por mais que os pecados da humanidade já tenham sido pagos, esta graça só é acessada através da fé. A fé é nossa resposta à verdade da Palavra de Deus. Quando ouvimos e cremos na promessa, ganhamos acesso ao poder disponível para que tal promessa se manifeste em nós.

Jesus já pagou todo o preço que era necessário, pois Ele viveu uma vida justa, sem pecado, morrendo na cruz e atraindo todo o juízo de Deus para que, n'Ele, nós pudéssemos receber a bênção de Abraão. Desta forma, Deus não vai negar nada ao Seu Filho, e, por isto, em Cristo, todas as promessas são "sim":
"Porque todas quantas promessas há de Deus, são nele sim, e por ele o Amém, para glória de Deus por nós." (2 Coríntios 1:20)

Recebendo Cura do Senhor


Quando cremos e oramos por cura, por exemplo, não estamos fazendo com que Deus faça provisão de cura para nós. Na verdade, a provisão para a nossa cura já foi feita quando Jesus fez o Seu sacrifício:
"Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido." (Isaías 53:4)
O tempo verbal aqui está no passado. Isto mostra que, na cruz, Jesus já levou toda a doença. Então, a provisão para a cura já foi feita, Deus já nos abençoou com saúde. Falando da Nova Aliança, Deus, através do profeta Jeremias assim declarou:
"Eis que eu trarei a ela saúde e cura, e os sararei, e lhes manifestarei abundância de paz e de verdade." (Jeremias 33:6)
Todas as promessas que foram feitas na Velha Aliança se cumprem em Cristo. Portanto, n'Ele, já temos esta bênção. A fé, tão somente, irá dar acesso a esta graça, ou seja, a nossa fé na Palavra irá liberar o poder que acompanha a Palavra de Deus. Vemos isto claramente quando o apóstolo Paulo ministrou cura a um homem aleijado, pois a fé daquele homem liberou o poder de cura:
"E estava assentado em Listra certo homem leso dos pés, coxo desde o ventre de sua mãe, o qual nunca tinha andado.
Este ouviu falar Paulo, que, fixando nele os olhos, e vendo que tinha fé para ser curado,
Disse em voz alta: Levanta-te direito sobre teus pés. E ele saltou e andou."
(Atos 14:8-10)
Veja que Paulo não orou a Deus pedindo para curar aquele homem, mas apenas foi um agente "liberador" do poder de Cristo, para que a cura se manifestasse. Deus já fez provisão de cura quando Jesus morreu e ressuscitou por nós.

Recebendo a Paz


Vamos falar sobre a paz. Se você está precisando de paz, é necessário saber que tal paz já nos foi dada. Assim como acontece no que diz respeito à cura, Deus também não irá gerar paz para nós através de nossa fé, pois Jesus já nos deixou a Sua:
"Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize." (João 14:27)

Através da fé na Palavra, e consequente obediência, podemos ter acesso a esta paz que já está em Cristo, disponível para todo o que crê. Quando nossa mente está firme na palavra, nossa alma estará ancorada em Cristo, e podemos andar em paz, a despeito das circunstâncias ao nosso redor.

"Tu conservarás em paz aquele cuja mente está firme em ti; porque ele confia em ti." (Isaías 26:3)

Conhecendo Nossa Salvação


O que nós precisamos fazer é conhecer o que nos é dado gratuitamente em Cristo, a fim de tomarmos posse desta herança. Nossa fé não terá capacidade de obter coisas que Deus já não proveu em Cristo.

Algumas pessoas já vieram até a mim para pedir que eu orasse por coisas que eu não podia orar, pois sabia que não eram de acordo com a vontade de Deus. Você só receberá do Senhor aquilo que faz parte da aliança feita através de Jesus.

Imagine um ladrão de banco que encontra você em um evangelismo. Daí, ele pede pra você orar por ele, para que, no próximo assalto, Deus o proteja e ele não seja morto pela polícia, e ainda escape com o dinheiro roubado. Será que o Senhor irá atender esta oração?

Obviamente não, porque assaltos não fazem parte da aliança feita conosco em Jesus. Não há nenhuma promessa de Deus que diga que podemos assaltar em paz e sermos bem sucedidos. Muito pelo contrário, a palavra diz que "o que furtava não furte mais" (Efésios 4:28).

Assim, é necessário conhecermos quais são as bênçãos que nosso Pai já preparou através de Seu Filho. Precisamos conhecer, através da Palavra revelada pelo Espírito, aquilo que nos é dado nesta aliança que temos com Cristo:
"Mas nós não recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito que provém de Deus, para que pudéssemos conhecer o que nos é dado gratuitamente por Deus." (1 Coríntios 2:12)
Por esta razão, o apóstolo Paulo, após escrever os primeiros versos de Efésios, onde Deus nos revela o que Ele fez provisão para nós na Nova Aliança, não pede para Deus "abençoar os Efésios". De fato, se analisarmos a oração do apóstolo, veremos que o que ele pede é para que Deus os ilumine:
"Para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê em seu conhecimento o espírito de sabedoria e de revelação;
Tendo iluminados os olhos do vosso entendimento, para que saibais qual seja a esperança da sua vocação, e quais as riquezas da glória da sua herança nos santos;"
(Efésios 1:17,18)

Tudo o que a igreja precisava era "conhecer" o que Deus já havia feito por ela através da obra redentora de Jesus. Quando somos iluminados, a nossa fé nos permitirá o acesso ao que Deus preparou para nós, nesta vida e no porvir.

Que a paz do Senhor seja com o teu espírito. Amém.

Pr. Wendell Costa

segunda-feira, 9 de abril de 2018

Andando em Espírito 6 - A Alegria do Senhor


Deus é uma pessoa alegre. Isto pode parecer contrário a nossa ideia do caráter de Deus, contudo se não compreendermos esta verdade não conseguiremos dar o fruto da Alegria porque nós sempre iremos refletir o Deus que nos cremos.

As religiões e o mundo buscaram passar para nós uma ideia de Deus que está equivocada. Além disso uma falta de entendimento sobre o Deus revelado pelo Velho Testamento contribui para que tenhamos uma ideia errônea de quem Deus é. Muitos têm esta ideia de um Deus que está sempre pronto a nos punir ou que realmente não se importa conosco.

Assim como ocorre com o amor também precisaremos compreender o caráter de Deus de alegria para que possamos dar o fruto correspondente.

A Boa Criação de Deus


Quando o Senhor Deus criou todas as coisas, Ele afirmou, ao concluir, que sua criação era boa:
"E viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom..." (Gênesis 1:31)
O senhor criou todas as coisas com muita beleza e criatividade. O homem estava suprido de todas as suas necessidades e não era afligido por doenças nem pela morte. Deus se comunicava todos os dias com um homem e o homem podia desfrutar na presença do seu Pai Celestial e também das coisas do planeta onde ele estava. De forma gradativa, o homem ia conhecendo a Criação e ao próprio Deus.

Quando o pecado entrou em cena roubou esta vida feliz e plena que Deus deu ao ser humano. Aquilo não era a vontade de Deus, pois Deus não criou o homem para morrer nem para sofrer, as tristezas e angústias que entraram na vida do homem foram devido ao pecado e a maldição que sobreveio sobre planeta.

Jesus veio para restaurar o homem à antiga posição, sendo que, neste momento, esta restauração é feita inicialmente no nível do espírito conforme já vimos anteriormente. Este novo espírito do homem é cheio de alegria, sendo esta uma das características do fruto que vem do espírito recriado:
"Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo (...)" (Gálatas 5:22)
Observamos que uma das características do fruto do espírito é o gozo, ou seja, alegria, mas assim como é com relação ao amor, não podemos depender dos sentimentos ou das circunstâncias ao nosso redor para andarmos nesta alegria do espírito, isto é algo que vem através do verdadeiro conhecimento de Deus.

Um Reino de Alegria


Quando nascemos de novo conforme o terceiro capítulo do evangelho de João, nós entramos no Reino de Deus. Este Reino é um lugar de alegria, e é um lugar que foi construído dentro do próprio Deus, por esta razão Deus não permite o pecado entrar nele. Vamos examinar esta passagem bíblica:
"Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus.
O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito."
(João 3:5-6)
Aqui, Jesus explicava a Nicodemos a separação que existe entre as duas realidades: a física e a espiritual, pois quando nascemos da carne (nosso corpo), nos foi dado um corpo físico para interagir neste mundo. Aprendemos a viver em um mundo que está em trevas espirituais, e nos entristecemos diante das diversas circunstâncias negativas que enfrentamos aqui, tais como a miséria, a fome, doenças, roubos e a morte.

Contudo, ao nascermos do Espírito, somos inseridos no Reino de Deus, um lugar de plenitude, um lugar onde a perfeita vontade de Deus é sempre feita, onde não há mais morte, nem pranto, nem clamor. O Reino de Deus é um lugar de alegria:
"Porque o Reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo." (Romanos 14:17)

Quando da restauração da criação, Deus eliminará as coisas que nos trazem tristezas e assim poderemos desfrutar de alegria eterna.
"E Deus limpará de seus olhos toda a lágrima; e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas." (Apocalipse 21:4)
Contudo, neste momento, precisaremos andar pela fé na Palavra, a fim de darmos o fruto da alegria, pois o mundo em que vivemos jaz no maligno, sendo um lugar mergulhado em pecado e onde há diversos tipos de situações que poderão roubar nossa alegria. Mas, se pusermos os nossos olhos em Cristo, olhando para a realidade espiritual através da fé, poderemos deixar esta alegria que vem de Deus inundar o nosso coração.

Alegrar-se: um mandamento


Durante nossa vida aprendemos que só podemos nos alegrar se as circunstâncias ao nosso redor nos forem favoráveis. Assim, nos tornamos escravos das circunstâncias e das emoções como se não tivéssemos domínio sobre elas.

Mas não é assim que a Bíblia nos ensina. Em diversas ocasiões, Deus ordenou ao seu povo que se alegrasse.
"E ali comereis perante o Senhor vosso Deus, e vos alegrareis em tudo em que puserdes a vossa mão, vós e as vossas casas, no que abençoar o Senhor vosso Deus." (Deuteronômio 12:7)
"Também sacrificarás ofertas pacíficas, e ali comerás perante o Senhor teu Deus, e te alegrarás." (Deuteronômio 27:7)
"Mas alegrem-se os justos, e se regozijem na presença de Deus, e folguem de alegria." (Salmos 68:3)
Vemos, queridos, que Deus ordenava ao Seu povo para se alegrar. Ora, se nós não tivéssemos domínio sobre os nossos sentimentos, tais mandamentos seriam impossíveis de serem cumpridos, já que precisaríamos de circunstâncias totalmente favoráveis para que pudéssemos nos alegrar.

E é interessante que, caso o povo não servisse ao Senhor com alegria, seriam responsabilizados por tal atitude:
"Porquanto não serviste ao Senhor teu Deus com alegria e bondade de coração, pela abundância de tudo.Assim servirás aos teus inimigos, que o Senhor enviará contra ti, com fome e com sede, e com nudez, e com falta de tudo; e sobre o teu pescoço porá um jugo de ferro, até que te tenha destruído." (Deuteronômio 28:47-48)
Também no Novo Testamento, temos diversos versículos que nos ordenam a alegrar, vejamos um desses:
"Regozijai-vos sempre no Senhor; outra vez digo, regozijai-vos." (Filipenses 4:4)
Você sabia onde estava o apóstolo Paulo quando escreveu este verso? Estaria Paulo em um lindo cruzeiro pela Grécia? Ou talvez em seu castelo, com criados o servindo? Ou em seu escritório chique em Nova Iorque?

A resposta é que o "escritório" de onde Paulo escreveu esta linda orientação para os cristãos era uma prisão romana. Se hoje as prisões não são os locais mais agradáveis do mundo, naquela época, acredito que eram muito piores, porque os presos não tinham tantos direitos como temos hoje, e nem havia os "direitos humanos" para interceder por eles. Caso um preso tentasse fugir, a pena era morte imediata.

Pois bem, lá de seu "escritório prisão", Paulo, pela inspiração do Senhor, nos ordena a nos alegrarmos em Deus "sempre", ou seja, em qualquer situação. Mas como podemos fazer isto?

Dominando as Emoções


Quando falamos sobre o amor, pudemos entender que o amor de Deus já foi derramado em nossos corações através do novo nascimento. Recebemos um novo espírito, conforme prometido em Ezequiel 11:19, que foi criado à imagem de Deus. Assim, dentro de nós, temos a capacidade de andar nos mandamentos de Deus, coisa que na Velha Aliança não era possível.

No entanto, para que isto ocorra, ainda é necessário vencermos a nossa carne, que continuará tendenciosa ao pecado e às fraquezas, tais como angústia e tristeza. Ora, se até o próprio Jesus se entristeceu, também poderá acontecer conosco. A nossa atitude diante da tristeza é que determinará se tal tristeza irá nos dominar ou se dominaremos sobre ela.

Entristecer-se não é pecado, mas também não é um mandamento, e a tristeza segundo o mundo gera morte (2 Coríntios 7:10), ou seja, irá dar lugar ao diabo em nossas vidas, o qual irá trazer sua destruição. Deus não deseja isto para nós, por isso Ele já fez provisão para que possamos nos alegrar.

Dominar sobre nossos corpos agora é possível pelo fato de Deus ter substituído os nossos espíritos e nos enchido do Seu Espírito, agora estamos devidamente capacitados para obedecer Sua Palavra. No entanto, este é um processo gradual, onde vamos melhorando a cada dia, na medida em que aprendemos Sua Palavra, sedimentamos ela em nosso coração e frutificamos.

Alegrando-se na Verdade


A alegria do espírito não depende das coisas do mundo, não é uma alegria que venha, por exemplo, de piadas, ou de você ter ganhado muito dinheiro. É uma alegria que vem do Reino de Deus, e do próprio Deus. Como já enfatizei em outras ocasiões, o mundo espiritual não pode ser (geralmente) sentido. Não, precisamos enxergar o mundo espiritual pela revelação da Palavra de Deus.

Assim também, se você depende de "sentir" alegria para poder se alegrar, estará fadado ao fracasso sempre. A alegria só fluirá do seu espírito se você levar a si mesmo a fazer isto com base na verdade da Palavra.

Quando os setenta voltaram alegrando-se por terem visto os espíritos se sujeitando a eles pelo nome de Jesus, o Senhor imediatamente os corrigiu:
"Mas, não vos alegreis porque se vos sujeitem os espíritos; alegrai-vos antes por estarem os vossos nomes escritos nos céus." (Lucas 10:20)
Veja que Jesus os corrige por terem se alegrado por algo que "viram" (com os olhos físicos), mas Jesus os orienta a se alegrar por uma "verdade invisível", que era ter os nomes escritos nos céus.

Quando nos alegramos tendo por base uma verdade da Palavra, geralmente não teremos nada "físico" sobre o qual apoiar nossa alegria, mas teremos algo "real", embora invisível. A Palavra de Deus é a maior força que existe no universo, e é ela que nos fornece a base de nossa alegria.

Logo após ensinar os discípulos sobre a verdadeira motivação para a alegria, Jesus também se alegrou sobre uma verdade:
"Naquela mesma hora se alegrou Jesus no Espírito Santo, e disse: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, que escondeste estas coisas aos sábios e inteligentes, e as revelaste às criancinhas; assim é, ó Pai, porque assim te aprouve." (Lucas 10:21)
Jesus não viu ou ouviu nada "físico" para se alegrar! Jesus apenas se alegrou com base em uma verdade. A alegria que é fruto do espírito não tem nada haver com alegria advinda de piadas ou de circunstâncias favoráveis neste mundo, mas é uma alegria que vem do mundo espiritual.

O combate carne x espírito


Já aprendemos que os desejos da carne são contrários aos desejos de nosso espírito recriado. Portanto, não estou afirmando que será fácil se alegrar em meio às circunstâncias difíceis, mas estou afirmando que Deus nos mudou para que pudéssemos andar como mais que vencedores.

Muitas vezes será difícil para você se alegrar em meio a adversidade, mas já vimos que, se agirmos em fé, podemos nos alegrar em Deus.

Quando estavam evangelizado em Filipos, Paulo e Silas foram presos, surrados e acorrentados no pior lugar da prisão. Dá para imaginar como aqueles homens estavam após tal coisa? Os seus corpos todos doloridos e feridos, deviam estar com fome, sede e fedendo. Após terem servido a Deus com tanto amor, o que receberam como recompensa foi aquilo!

Todas as circunstâncias eram contrárias à alegria. Quem, em sã consciência, iria se alegrar numa situação dessas?

Mas estes dois homens conheciam o Deus que pregavam. Eles sabiam que a alegria que estava no espírito deles era constante, e não dependia de circunstâncias deste mundo para existir. Assim, eles simplesmente começaram a louvar e orar em alto e bom som, e já sabemos o que aconteceu...

"E, perto da meia-noite, Paulo e Silas oravam e cantavam hinos a Deus, e os outros presos os escutavam.
E de repente sobreveio um tão grande terremoto, que os alicerces do cárcere se moveram, e logo se abriram todas as portas, e foram soltas as prisões de todos."
(Atos 16:25,26)
Muitos de nós queremos ver o poder de Deus agindo em nossas vidas assim com ocorria com os apóstolos, contudo, ao menor sinal de problemas, já começamos a murmurar, reclamar e questionar "onde está Deus?". Será que estamos realmente acreditando no que está escrito na Bíblia?

Conclusão


Alegrar-se em Deus (na Palavra, e não pelas circunstâncias) é algo que podemos fazer, principalmente, agora na Nova Aliança, onde o Senhor nos dá um espírito novo, que é alegre. Quando tomamos a atitude de louvarmos ao Senhor no meio da tribulação, deixamos o nosso novo espírito fluir através de nós e passaremos a manifestar o fruto da alegria através de nossos corpos físicos.

Então, alegre-se no Senhor!

Que a graça do nosso Deus seja com o seu espírito. Amém.

Pr. Wendell Costa

domingo, 1 de abril de 2018

Andando em Espírito 5 - O Amor diz a Verdade e Perdoa


No mundo perdido, as pessoas conseguem andar em amor, contudo não é o amor que provém de Deus, pois o mundo jaz no maligno e não conhece a Deus, e já vimos que só quem ama com o amor de Deus é quem é nascido d'Ele e O conhece (1 João 4:7).

Desta forma, quando nos convertemos a Cristo, nosso conceito de amor estava distorcido, sendo necessário renovarmos a nossa mente com a Palavra a fim de compreendermos o que é o verdadeiro amor, o amor que provém de nosso Criador.

Nesta lição, continuaremos a estudar e conhecer o amor de Deus em três aspectos de extrema importância: o primeiro é que o amor sempre diz a verdade, o segundo é que o amor corrige, e o último é que o amor perdoa as ofensas que lhe são feitas. Estas características são imprescindíveis para que possamos andar neste amor de Deus.

O Amor Folga com a Verdade


Quando eu era pequeno, minha mãe me dizia que eu precisava enxugar muito bem o cabelo porque era assim que "os ricos faziam". Como qualquer criança, eu queria ser rico, já que havia nascido em uma família relativamente pobre. Assim, eu procurava sempre enxugar muito bem os cabelos, já me preparando para ser rico no futuro!

Posteriormente, descobri que os ricos não se preocupavam em enxugar os cabelos de forma tão vigorosa, e estas mentiras que são contadas pelos pais aos filhos trazem muitas consequências negativas, sendo que a principal é fazer com o que o filho deixe de confiar nas palavras de seus pais.

Muitos pais inventam histórias e mentiras para fazer com que seus filhos obedeçam às suas palavras, tomem banho, se alimentem corretamente, estudem, etc. Se perguntarmos a eles o motivo disto, alguns talvez citem o "amor que eles têm pelos filhos" como elemento motivador dessa prática. Mas será que Deus é assim? Será que o amor de Deus mente para levar os Seus filhos a obedecerem aos Seus mandamentos?

Vamos continuar com nosso estudo baseado no grande capítulo do amor da Bíblia que, em seu sexto verso, afirma o seguinte sobre o amor:
"Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade;" (1 Coríntios 13:6)
O verbo "folgar" aqui significa, originalmente, se alegrar ou se regozijar (grego: chaíro), ou seja, o amor de Deus se alegra quando a verdade está presente na vida de alguém. Além disso, Jesus afirmou que o diabo é que é  o pai da mentira (João 8:44), e nenhuma mentira procede de Deus. Deus não é apenas amor, mas Ele também é a própria Verdade:
"Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim." (João 14:6)

Mentira é injustiça


Dentro do contexto do versículo de 1 Coríntios 13:6, vemos que a injustiça é contrastada com a verdade. Isto nos mostra que, quando mentimos, estamos andando em injustiça (falta de retidão), e não haverá bons frutos a serem colhidos, por mais que tentemos justificar a mentira como tendo sido motivada por "amor". Este não será o amor de Deus, mas o amor humano, carnal e egoísta.

Quando estávamos pastoreando, tivemos que lidar com mentiras de irmãos diversas vezes, e posso garantir a você que nunca vi nenhum fruto bom advindo dessas mentiras. Por mais que advertíssemos os irmãos acerca da prática da mentira, era comum que acontecessem. Após algum tempo, podíamos ver a colheita na vida do irmão ou irmã, e lá íamos nós gastar tempo de oração e aconselhamento, revisando tudo o que já havíamos dito antes.

Os ázimos

Pão ázimo (pão de frigideira). Fonte: www.daltonrangel.com.br/pao-azimo-pao-de-frigideira

Um ázimo (ou "pão ázimo") é um tipo de pão mais duro, e portanto mais difícil de comer, porque é feito sem fermento. O fermento faz com que a massa inche, aumentando de volume com os vazios do ar. Obviamente, não é pecado comer um pão feito com massa levedada, contudo, esta característica do pão "inchado" é usada na Bíblia como uma figura que representa o pecado, em especial, a mentira.

Um pão ázimo mostra o volume real da massa utilizada na sua fabricação, enquanto quê, com um pão normal, não dá pra saber se aquele volume representa a verdadeira quantidade de massa usada ou se é mais o "inchaço" provocado pelo fermento mesmo. Não sei se você já passou por isso, mas já comprei pães (principalmente os de massa salgada) que, quando eu abri para passar manteiga, o pão virou uma folha de papel! Dava pra ver claramente que foi usada tão pouca massa que  o recheio do pão era de ar atmosférico.

Quando os homens mentem, eles estão se comportando como um pão feito de massa levedada, onde a maior parte do recheio é vazio. Por isso que a Bíblia nos orienta a agirmos como um pão ázimo, falando aquilo que realmente é, sem o uso de meias verdades ou subterfúgios a fim de passarmos para os outros algo que não é a verdade.
"Por isso façamos a festa, não com o fermento velho, nem com o fermento da maldade e da malícia, mas com os ázimos da sinceridade e da verdade." (1 Coríntios 5:8)

O Amor Corrige e Repreende


Uma outra grande mentira contada por satanás ao homem, e assimilada pelo mundo, é que o amor não corrige nem repreende. Nos dias atuais aqui no Brasil e em muitas partes do mundo, diversas leis tem sido criadas para liberar os homens para cometerem toda sorte de maldades e perversões sem que haja nenhum tipo de punição.

As leis brasileiras refletem esta nova ideia de que deve-se evitar a punição a todo custo. Um grande exemplo disto é a quase total impunidade de alguém com menos de 18 anos. Ao mesmo tempo que pode votar, pode também matar alguém e terá a proteção do Estado para que não seja maltratado.

Será que isto é amor? O amor de Deus corrige, repreende ou pune?

Vamos começar do início. Deus deu aos pais a capacidade e autoridade para disciplinar os seus filhos. Esta atitude é necessária para que o pecado não domine o coração da criança (Provérbios 22:15). Quando os pais não corrigem e punem seus filhos, eles estariam andando em amor? Vejamos o que a Verdade da Palavra de Deus nos ensina:
"O que não faz uso da vara odeia seu filho, mas o que o ama, desde cedo o castiga." (Provérbios 13:24)
Temos visto o surgimento de toda uma geração de homens fracos, sem atitude e sem disciplina, mais amantes dos prazeres do que de Deus, e que são, acima de tudo, irresponsáveis e sem habilidade para conduzir uma família, ou seja, não sabem ser bons maridos nem bons pais.

Uma das razões desta lástima é porque não foram corretamente instruídos e disciplinados por seus pais "desde cedo". Desta forma, vivem em torno de seus próprios umbigos, buscando sempre satisfazer seus próprios prazeres. Se você quiser ver quais as características dos homens nos últimos tempos, basta ler 2 Timóteo 3:1-7.

Como entrei neste assunto, gostaria só de deixar claro que toda correção e disciplina precisa ser feita em amor, e não para destruir seu filho. Obviamente, não estamos falando de violência contra os filhos, mas de um castigo que tem por objetivo livrar seu filho da perdição e forjar nele um caráter de integridade, honestidade e responsabilidade.
"Não retires a disciplina da criança; pois se a fustigares com a vara, nem por isso morrerá." (Provérbios 23:13)

O amor pune o pecado


No Velho Testamento, quando ainda não existia o novo nascimento, muitos pecados eram punidos com a morte. Muitas pessoas criticam estas passagem por acharem ser elas extremamente duras e parecerem contrárias ao amor pregado por nós, cristãos. No entanto, este entendimento está errado.

O pecado é algo maligno que, uma vez adotado como estilo de vida, irá produzir terríveis frutos de impiedade e destruição na vida e na descendência dos que o praticam. Assassinatos, roubos, adultérios, miséria, doenças, dentre outras consequências, atingirão à sociedade pecadora, e ainda levarão os homens à perdição eterna após a morte.

Antes do Novo Testamento, a única forma de barrar o pecado era através do temor. A Lei de Moisés foi dada para preparar o caminho para que o Filho de Deus pudesse vir à Terra e nos salvar. Era necessário separar um povo santo, e a única forma de coibir a prática do pecado era a punição severa. Muitos dos pecados eram punidos com a morte, e mesmo pecados, digamos, "mais leves" tinham consequências nos bens da pessoa: ela teria que sacrificar seu gado para que ela mesma não sofresse.

Esta foi uma atitude de amor da parte de Deus, e não de maldade. O mundo jamais entenderá tal coisa porque possui a mente obscurecida exatamente pelo pecado, e a pessoa só consegue enxergar isso quando se converte a Cristo e começa a entender o Reino de Deus.

O pecado lança os homens nas trevas eternas de separação de Deus. A morte física não é o final de todas as coisas. Deus, em Seu amor, forçou a santidade no povo de Israel a fim de que pudesse enviar Seu Filho ao mundo para nos salvar do fogo eterno. A falta de punição sobre o pecado é que seria uma falta de amor da parte de Deus, e não o contrário.
"E os juízes inquirirão bem; e eis que, sendo a testemunha falsa, que testificou falsamente contra seu irmão,
Far-lhe-eis como cuidou fazer a seu irmão; e assim tirarás o mal do meio de ti.
Para que os que ficarem o ouçam e temam, e nunca mais tornem a fazer tal mal no meio de ti." 
(Deuteronômio 19:18-21)
Observem o motivo pelo qual o pecado era punido com rigor: para que as outras pessoas tivessem temor e não o praticassem. Graças a Deus que hoje, na Nova Aliança, podemos desfrutar de uma mudança real dentro de nosso coração, o que nos permite seguir a Palavra de Deus não mais pelo medo, mas pelo novo nascimento e pelo conhecimento de Seu amor por nós. Contudo, a Lei ainda deveria ser aplicada aos pecadores, para que houvesse respeito, na sociedade, aos valores da Palavra de Deus (1 Timóteo 1:8).

O Amor Perdoa


O último aspecto que eu quero falar aqui é sobre esta grande característica do amor: o desejo e a capacidade de perdoar. Acabamos de ver que o amor corrige, repreende e pune, assim, parece ser contraditória a afirmação de que o amor perdoa o mal feito.

De fato, o amor de Deus por nós é enorme e Ele deseja sempre nos perdoar. Ao mesmo tempo, o amor disciplina, corrige e pune o pecado, não porque Deus ama fazer isso, mas porque Ele é justo e juiz de todo universo.

Tudo o que Deus faz é motivado por Seu amor por nós, mas há algo que Deus não pode fazer: Ele não pode nos manipular como a marionetes. Deus não criou robôs pré programados para obedecê-lo, mas criou seres com domínio sobre o planeta (Gênesis 1:26-28). Uma vez que Deus deu ao homem tal domínio, Ele mesmo não irá contra a Sua Palavra retirando-o (o domínio). Assim, é necessário que decidamos obedecê-lo de nossa própria vontade.

Ao enviar Jesus Cristo ao mundo, Deus nos deu a possibilidade de recomeçarmos a nossa vida, não mais servindo ao pecado.

Ele mesmo pagou o preço pelo nosso pecado e nos perdoou. Veja que Deus não deixou de punir o pecado: Jesus assumiu nossos pecados. Agora, em Cristo Jesus, somos perdoados por completo de todas as nossas maldades.

Assim, o amor de Deus se cumpre em Cristo de forma plena: o pecado é punido e podemos ser perdoados de forma gratuita, sem que Deus se contradiga.

Agora, nós também precisamos andar neste mesmo amor perdoador. Assim como Deus nos perdoou em Cristo de forma gratuita, precisamos perdoar àqueles que nos fazem mal, afinal, devemos ser "imitadores de Cristo, como filhos amados" (Efésios 5:1).

Se não agirmos desta forma, e retivermos o perdão àqueles que nos machucaram, a mesma regra valerá para nós, ou seja, Deus também não nos perdoará:
"Se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai vos não perdoará as vossas ofensas." (Mateus 6:15)

Conclusão


Concluímos, com esta lição, um estudo sobre o amor, primeira característica do fruto do espírito de Gálatas 5:22. Lembrando que não temos condições de andar em amor de nós mesmos (do nosso "eu natural"). Este amor vem de Deus e precisamos deixar ele fluir em nós através do conhecimento de como é este amor. Tal conhecimento deve gerar em nós atitudes de amor.

Que a paz do Senhor Jesus, nosso eterno Rei, seja com a sua vida, amém.

Pr. Wendell Costa

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