quarta-feira, 1 de abril de 2020

Foi Deus Que Mandou o Coronavírus?


"O coronavírus é uma praga, um tormento enviado por Deus sobre quem Ele quiser. As doenças não acontecem por si mesmas, mas por mandamento ou decreto de Deus."
Com a chegada do coronavírus e a decretação da pandemia pela Organização Mundial da Saúde, muitos governos adotaram medidas de isolamento social, com o fim de combater a contaminação muito rápida, tentando evitar, desta maneira, a sobrecarga dos sistemas de saúde. Juntamente com a pandemia do vírus, veio também uma onda de explicações sobre as causas da praga.

Muitos cristãos entenderam que a pandemia do coronavírus é uma praga enviada por Deus e até mesmo conseguiram um versículo que daria base bíblica para o isolamento social, a fim de "escaparmos da ira de Deus":
"Vai, pois, povo meu, entra nos teus quartos, e fecha as tuas portas sobre ti; esconde-te só por um momento, até que passe a ira." (Isaías 26:20)
Mas será que temos base bíblica para dizer que esta pandemia foi enviada por Deus para exercer juízo sobre os moradores da Terra? Incluindo os Seus filhos? Vamos examinar a questão à luz da Bíblia!

Pandemias não são algo novo


Sempre que ocorrem tragédias de maior magnitude, tais como terremotos, maremotos, ataques terroristas ou pandemias, Deus acaba sendo culpado por isso. Por exemplo, teve até pastor (famoso) afirmando que o ataque às torres gêmeas do World Trade Center foi um ato de Deus,  não apenas "permitido", mas "projetado" por Ele. Os cristãos parecem realmente ignorar a verdadeira natureza de amor de Deus, além de demonstrarem desconhecer a atual dispensação na qual estamos: A Graça!

Na sequência, falarei como funciona a ira de Deus na Graça, mas analisando algumas informações sobre a pandemia, vemos que estão sendo afetados principalmente os idosos [1]. Estaria Deus com raiva dos idosos e derramando sobre eles a Sua ira? Ora, falando em "ira divina", sabemos que é mencionada na Bíblia, mas é motivada pelo pecado e não pela idade.

Além disso, basta fazermos uma rápida pesquisa na história e veremos que terríveis doenças já assolaram o mundo depois de Cristo. Se tais doenças são manifestação da ira de Deus, então nem seria algo novo. A peste negra (peste bubônica), que atingiu o planeta no século 14, causou a morte de um número estimado entre 75 e 200 milhões de pessoas [2].

A gripe espanhola (cujos sintomas são semelhantes ao Sars-CoV-2) assolou a humanidade em 1918, tendo, inclusive, matado o então presidente do Brasil, Rodrigues Alves, em 1919. O número estimado de mortes gira entre 40 a 50 milhões de pessoas [2].

Policiais de Seattle (EUA) vestindo máscaras cirúrgicas durante a pandemia de 1918 (Foto: Wikimedia Commons)

A ira de Deus explicada


A ira de Deus não é como a ira humana, esta é passional e variável, aquela é justa e invariável,  consistindo numa retribuição pelo pecado. Aqui na Terra, a ira de Deus é uma ação divina punitiva, antecipando o juízo que ocorrerá no final. Para os que conhecem Direito, podemos entender que a ira de Deus manifestada na Terra é semelhante a uma "decisão" que um juiz precisa tomar no decorrer do processo, mas ainda não é a "sentença final".

Entenda ainda que, para que o mal fosse refreado, Deus criou uma lei que tem a finalidade de restringir a maldade e promover o bem, nós a chamamos de Lei da Semeadura. Esta Lei diz que "tudo o que o homem semear, isso também ceifará" (Gálatas 6:7). Portanto, quando o homem colhe na Terra o resultado dos pecados, não é devido a uma decisão pontual divina, mas sim por causa de uma lei.

Uma lei não é uma opção pessoal, mas sim uma regra GERAL, ou seja, vale para todos.

Agora, vejamos a explicação dada pelo apóstolo Paulo que, pelo Espírito Santo, nos revela como opera a ira divina:
"Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda a impiedade e injustiça dos homens, que detêm a verdade em injustiça.
(...)
Por isso também Deus os entregou às concupiscências de seus corações, à imundícia, para desonrarem seus corpos entre si;
(...)
Por isso Deus os abandonou às paixões infames. Porque até as suas mulheres mudaram o uso natural, no contrário à natureza.
(...)
E, como eles não se importaram de ter conhecimento de Deus, assim Deus os entregou a um sentimento perverso, para fazerem coisas que não convêm;"
(Romanos 1:18, 24, 26, 28)
Lendo os versos anteriores, observamos que a ira divina consiste simplesmente em abandonar os homens aos seus próprios desejos pervertidos. Assim fazendo, os homens serão destruídos pelos seus próprios pecados, cometidos a partir de seus desejos infames. O diabo se alimenta disso e obterá acesso ao homem para dominar sobre ele, trazendo roubo, morte e destruição (João 10:10).

Ao entregar-se ao pecado, o homem sofrerá consequências de tais atos, e estas consequências serão manifestadas a partir da Terra, não por ter chegado o momento do julgamento final, mas por causa da Lei da Semeadura.

Todos os que estão sem Cristo estão sob a ira



"Aquele que crê no Filho tem a vida eterna; mas aquele que não crê no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus sobre ele permanece." (João 3:36)
Todos os homens se tornaram pecadores (Romanos 3:23) e ficaram sob a ira de Deus, mas Cristo veio ao mundo para nos salvar dessa situação. Através de Sua morte e ressurreição, temos a possibilidade de sermos justificados, tendo os pecados removidos e, assim, herdar a vida eterna.

Contudo, este livramento não é automático, pois é necessário que a pessoa creia de todo o coração no Filho de Deus e em Seu sacrifício por nós. Uma vez salvo, você terá à sua disposição o poder de Deus, que Ele liberou através do evangelho.

Precisamos nos lembrar que TODOS NÓS já estivemos sob a ira de Deus, mas isso não significa que Ele nos destruiu, enviando pragas ou terremotos para nos matar...
"Entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como os outros também." (Efésios 2:3)
Deus esperou pacientemente cada um de nós, ao longo dos anos, a fim de demonstrar Seu amor e graça para conosco, nos revelando Seu perdão em Cristo. Ocorre que, como já vimos, o homem pecou e declarou independência do Reino de Deus, assim sendo, o próprio homem retirou Deus de sua vida e o Senhor deixou que o homem fizesse sua escolha, embora tenha alertado das consequências dela.

Não há vida verdadeira fora de Deus.

No que diz respeito à ira futura, chegará o tempo do juízo final sobre todo o pecado. Veja bem, o juízo é sobre o pecado e, consequentemente, sobre toda criatura que adota a natureza pecaminosa. Assim, quando nos ligamos a Cristo, nossos pecados são aniquilados n'Ele, e somos livres da ira contra o pecado, tanto agora como no futuro.
"...e esperar dos céus a seu Filho, a quem ressuscitou dos mortos, a saber, Jesus, que nos livra da ira futura." (1 Tessalonicenses 1:10)


A ira sobre Israel


O povo de Israel tinha uma aliança onde eles seriam abençoados, caso observassem os mandamentos da Lei, ou cairiam sob maldição, se não guardassem a Lei. A própria Lei de Moisés afirmava que os mandamentos tinham caráter perpétuo.
"Portanto, guardai isto por estatuto para vós e para vossos filhos, para sempre." (Êxodo 12:24)
Como sabemos, a nação de Israel como um todo não aceitou Jesus Cristo como o seu Messias e, por isso, caiu nas maldições previstas na Lei de Moisés, sendo espalhados pelas nações e sofrendo a ira justa de Deus, conforme tudo quanto estava escrito.

Além de não receberem o Salvador - o qual foi enviado inicialmente para eles -, eles foram os primeiros perseguidores da Igreja. Assim, Deus os entregou à destruição através do Império Romano, durante a invasão de Jerusalém, evento citado por Paulo no versículo seguinte:
"E nos impedem de pregar aos gentios as palavras da salvação, a fim de encherem sempre a medida de seus pecados; mas a ira de Deus caiu sobre eles até ao fim." (1 Tessalonicenses 2:16)

As doenças vêm de Deus?


Geralmente as pessoas que dizem que o coronavírus (e demais catástrofes) vêm de Deus são pessoas que creem que Deus é quem coloca doenças sobre as pessoas. Mas a Palavra mostra que a opressão advinda das enfermidades são obra de satanás e não de Deus:
"...como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com virtude; o qual andou fazendo o bem e curando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com ele." (Atos 10:38)
Note que todas as pessoas que Jesus curou estavam sendo oprimidas pelo diabo e não por Deus. Ora, caso as doenças fossem uma obra de Deus, não adiantaria orarmos contra a vontade de Deus! Durante a vigência da Lei de Moisés, Deus deixou claro que se o povo obedecesse, Ele os livraria das enfermidades, mas se não O ouvissem, sofreriam todo tipo de doenças (Deuteronômio 28). Isso mostra que doença é maldição e não bênção, e de Deus só vêm boas dádivas e dons perfeitos (Tiago 1:17).

A obra de Jesus consistiu em justamente levar sobre Si mesmo os pecados e as doenças e nos libertar da escravidão, nos tornando justos aos olhos de Deus pela fé e não por obras. Assim, podemos desfrutar dos benefícios da justificação e não suportamos o peso de ter que prover a salvação para nós mesmos (Efésios 2:8).

Jesus andou por toda parte fazendo o bem e curando a todos (os que criam) e não colocando doenças sobre as pessoas. Jesus é a exata imagem de Deus! Se você quer saber quem Deus é, olhe para Cristo!

O assunto Cura Divina é mais extenso e não daria para escrever sobre tudo isso aqui nesta postagem. Então, caso você se interesse, coloco aqui o link de uma série de estudos meus sobre este tema (12 vídeos com um total de 8 horas de ministração):

Série sobre CURA DIVINA (YouTube)

A ira e os sofrimentos terrenos


Podemos resumir a questão da ira divina em três categorias:

  1. IRA GERAL - Sob a qual todos nós já estivemos e que consiste em Deus nos abandonar às nossas próprias vontades, não intervindo em nossas vidas para nos guiar e livrar.
  2. IRA ESPECÍFICA - Decisão punitiva antecipada com a finalidade de barrar o mal e evitar uma destruição maior, por exemplo, a ira sobre Israel, que perseguiu a igreja logo em seu início.
  3. IRA FUTURA - Juízo final sobre o pecado em toda a Criação.

Observando, por fim, que a ira vai se agravando na medida em que os homens rejeitam o conhecimento de Deus e retém a verdade das pessoas, preferindo a injustiça (Romanos 1:18-32). Creio que estamos chegando a uma situação mundial que demonstra essa rejeição a Deus. As consequências são graves.

Através da salvação provida por Deus em Cristo, mediante a fé, somos salvos da ira contra o pecado, tanto a presente como a futura. Contudo, você deve entender que vivemos em um mundo caído, onde a vontade de Deus NÃO é estabelecida (ao contrário do que dizem alguns, que tudo o que acontece aqui é porque "Deus quer", o que é uma grande mentira). Assim, devido à queda do homem, mesmo nós que estamos em Cristo sofremos as consequências do pecado e do fato de que a maior parte da humanidade rejeitou a salvação.

Esta situação só será plenamente resolvida quando do juízo final, onde haverão novos Céus e nova Terra, nos quais habitará a justiça (2 Pedro 3:13).



RESPONDENDO ÀS PERGUNTAS


Nesta parte, vou tentar responder, resumidamente, algumas das perguntas que me foram feitas com relação à pandemia do coronavírus.

1) O coronavírus é a "mão de Deus" pesando?
Não. As doenças são consequências gerais do pecado, elas atingem todo o planeta e a humanidade em geral. Nós como cristãos temos direito às promessas de saúde, por estarmos em Cristo, mas é necessário edificar a nossa fé nessa área, a fim de não sofrermos junto com o resto do mundo. A ira de Deus não está sobre o Corpo de Cristo - a Igreja -, pois se assim fosse, o sacrifício de Cristo não teria sido suficiente. A obra de Cristo (que é a exata Imagem de Deus) foi no sentido de curar e não de enviar doenças.

2) A passagem em Isaías 26:20 é uma profecia sobre o coronavírus?
Se lermos todo o contexto ao redor do versículo, veremos que fala da volta de Jesus e do juízo final. Ainda não estamos nesse momento, portanto a passagem não poderia se referir ao coronavírus. Além disso, se fosse uma profecia para hoje, todos os cristãos deveriam se trancar nos seus aposentos até que a propagação do vírus passasse, e isso não é possível. Muitos profissionais cristãos (médicos, enfermeiros, policiais, caminhoneiros, agricultores, supermercado, dentre outros) não podem simplesmente se trancar em casa e parar de trabalhar, senão haverá fome, mortandade, assaltos etc. Eu chamaria até mesmo de irresponsabilidade usar tal passagem bíblica para essa situação atual.

3) Devemos interceder ou repreender a praga?
Devemos interceder sim por todos, principalmente pelos governos, para que Deus dê a eles sabedoria para lidar com a pandemia. Também devemos orar para que o Senhor mostre um remédio/vacina eficaz para o combate à virose. Aqueles que creem na saúde divina podem (e devem) orar por livramento e cura, por si mesmo e pelos seus, não temos autoridade para repreender a doença sobre todo o mundo, porque cada pessoa precisa crer. Aos que não creem, estarão desprotegidos, pois sem fé é impossível agradar a Deus (Hebreus 11:6). Mas recomendo que assistam a série sobre cura e comecem a edificar a fé nessa área.

4) O coronavírus é consequência do pecado?
Sim. Vivemos em um mundo caído, e a terra produzirá doenças, pois está sob maldição (Gênesis 3:17). Isso passou a ocorrer após o pecado de Adão, onde a morte entrou. Quanto mais as pessoas pecam mais dão lugar ao diabo e às catástrofes naturais. O cristão precisa ser guiado pela Palavra e pelo Espírito Santo para poder escapar de tais coisas.

A propósito, a citação abaixo (que também está no início deste texto) é dos terroristas do Estado Islâmico e não de um cristão, muito embora já ouvi até pastores dizerem coisas semelhantes a essas. Infelizmente, muitos cristãos têm a mesma visão do nosso Deus e Pai que os terroristas têm do seu deus.

"O coronavírus é uma praga, um tormento enviado por Deus sobre quem Ele quiser. As doenças não acontecem por si mesmas, mas por mandamento ou decreto de Deus." (Al-Naba, revista do Estado Islâmico) [3]

Que a graça do Senhor Jesus Cristo seja com você.

Pr. Wendell Costa


REFERÊNCIAS


[1] Coronavírus: 10% dos mortos no Brasil têm menos de 60 anos
Taxa é maior do que na China, apesar de a letalidade ser comprovadamente maior entre idosos
Jornal O Globo: Constança Tatsch, Elisa Martins e Rafael Garcia, 01/04/2020. LINK: https://oglobo.globo.com/sociedade/coronavirus/coronavirus-10-dos-mortos-no-brasil-tem-menos-de-60-anos-24342985

[2] Conheça as 5 maiores pandemias da história
O coronavírus não é o primeiro causador de pandemias mundiais. Relembre outras doenças que mudaram os rumos da história da humanidade
Revista Galileu: LETÍCIA RODRIGUES. 29 MAR 2020. LINK: https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/Saude/noticia/2020/03/conheca-5-maiores-pandemias-da-historia.html

[3] Estado Islâmico recomenda que terroristas não entrem na Europa para evitar coronavírus.
Revista publicada pelo grupo pede que seguidores 'não entrem na terra da epidemia'
Jornal O Globo, 15/03/2020. LINK: https://oglobo.globo.com/mundo/estado-islamico-recomenda-que-terroristas-nao-entrem-na-europa-para-evitar-coronavirus-24306476

segunda-feira, 9 de março de 2020

Posso Tomar a Ceia em Pecado?


Nos meus anos de pastoreio e liderança já me deparei com essa pergunta diversas vezes, feita de diversas formas:
  • Pastor, posso tomar Ceia sem ser batizado nas águas?
  • Posso tomar Ceia sentindo raiva de alguém?
  • Posso tomar a Ceia se não for casado no civil?
  • Pastor, eu bebo chimarrão e tereré, posso tomar Ceia?
  • Etc.
Acredite-me: já me fizeram todas essas perguntas... Se você não tem dúvidas sobre as respostas, saiba que muitos cristãos têm! Antes de responder às perguntas acima, vamos entender o que é a Ceia do Senhor, de acordo com as Escrituras.

O Que é a Ceia


Pouco antes de ser levado preso para ser crucificado, durante a celebração da Páscoa, junto com os discípulos, Jesus estabeleceu a Ceia como um memorial que deveria ser praticado pelos Seus seguidores. Vemos esta passagem no evangelho de Lucas:
"E, tomando o pão, e havendo dado graças, partiu-o, e deu-lho, dizendo: Isto é o meu corpo, que por vós é dado; fazei isto em memória de mim." (Lucas 22:19)
O apóstolo Paulo explica o sentido da Ceia, em 1 Coríntios 11. Na ocasião, Paulo escrevia à igreja de Corinto, a fim de "ajustar" o comportamento desregrado que ocorria naquela igreja, durante o momento da Ceia. Dentre outras orientações, Paulo fala sobre o propósito daquele momento:
"Semelhantemente também, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o novo testamento no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que beberdes, em memória de mim. Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice anunciais a morte do Senhor, até que venha." (1 Coríntios 11:25,26)
Assim, vemos que a Ceia do Senhor foi dada por Jesus em substituição à Páscoa judaica, que era a festa que tinha o propósito de lembrar ao povo de Israel da libertação da escravidão do Egito. Quando Deus falou a Moisés para a criação da Páscoa, Ele ordenou que esta festa serviria para lembrar da grande libertação que Ele daria ao povo.
"E este dia vos será por memória, e celebrá-lo-eis por festa ao Senhor; nas vossas gerações o celebrareis por estatuto perpétuo." (Êxodo 12:14)
Assim como a nação de Israel deveria estar sempre se lembrando daquele evento, a partir do qual eles foram libertos da escravidão e viraram povo independente e consagrado ao Senhor, assim também Jesus nos dá um memorial, que deve servir para lembrarmos do sacrifício de Cristo por nossos pecados, evento este que nos libertou da escravidão de satanás, nos dando a cidadania do Reino de Deus.
"Porque Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado por nós." (1 Coríntios 5:7)


Os Elementos da Ceia


A Ceia do Senhor traz dois alimentos, que são o pão e o vinho (este, geralmente, substituído por suco de uva). Jesus (e Paulo) não usa o termo "vinho", mas sim "cálice", por isso não vejo problema em se usar suco de uva no lugar do vinho, muito embora, originalmente, me parece que eles realmente usavam vinho, já que Paulo critica a igreja de Corinto pelo fato de que pessoas se embriagavam durante a Ceia (1 Cor 11:21).

Vamos examinar o texto que mostra o sentido dos elementos da Ceia:
"Porque eu recebi do Senhor o que também vos ensinei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão; E, tendo dado graças, o partiu e disse: Tomai, comei; isto é o meu corpo que é partido por vós; fazei isto em memória de mim.
Semelhantemente também, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o novo testamento no meu sangue; (...)"
(1 Coríntios 11:23-25)

O PÃO

O pão representa o corpo de Cristo, que foi "partido" por nós. Isto quer dizer que o Corpo de Cristo, que estava contido em apenas um homem - Jesus - foi dividido, para se tornar a Igreja. O Espírito de Cristo, agora, passa a habitar dentro de cada cristão, formando um Corpo espiritual. Pouco depois de falar sobre a Ceia, Paulo fala: "Ora, vós sois o corpo de Cristo, e seus membros em particular." (1 Coríntios 12:27). Assim sendo, o pão partido representa que fazemos parte deste Corpo, pelo fato de termos aceitado a salvação trazida por Jesus.

O CÁLICE

Um cálice, metaforicamente, era uma situação que alguém poderia passar, boa ou má. O termo foi usado extensamente nas Escrituras, geralmente significando algo árduo de se passar, muitas vezes usado como representação do juízo divino. Caso você queira ver alguns versículos nesse sentido, coloquei alguns abaixo:
  • representando juízo divino: Isaías 51:17, Ezequiel 23:33, Apocalipse 14:10;16:19
  • representando salvação: Salmos 16:5; 116:13
No caso do cálice de Cristo, ele representa o sangue que Jesus derramou para pagar por nossos pecados e, de fato, todo o martírio de Jesus, o qual culminou com a Sua crucificação, tomando o nosso lugar. Assim como o povo de Israel sacrificou milhares de cordeiros, inaugurando a Páscoa Judaica, assim Jesus foi sacrificado por toda a humanidade. Jesus recebeu sobre Si a ira de Deus (sobre o pecado), daí o uso do termo "cálice" para representar o sofrimento do Senhor Jesus.
"Dizendo: Pai, se queres, passa de mim este cálice; todavia não se faça a minha vontade, mas a tua." (Lucas 22:42)


Uma figura ou representação


Os elementos da Ceia REPRESENTAM coisas, a saber: o pão, representando o Corpo de Cristo, que foi partido e hoje é a Igreja; o cálice, representando o sofrimento de Cristo, que derrama Seu sangue pelos nossos pecados.

Isto é muito importante e precisamos entender bem, para não invertermos as coisas! Os elementos pão e suco NÃO são mais importantes que as coisas que eles representam!

O Corpo de Cristo é muito mais importante que o pedaço de pão que você come na Ceia. A obra redentora de Jesus é muito mais importante que o cálice de suco que você toma! Aliás, estes elementos não teriam sentido especial algum se não fosse pelo que representam.

Infelizmente, pessoas carnais tendem a focar nas coisas terrenas e não nas espirituais. A falsa religião acaba invertendo as coisas de Deus e troca as prioridades de lugar. Não é de se admirar que a Ceia é uma das coisas que tem seus valores invertidos. Vamos entender...

Se alguém está em Cristo é uma nova criatura. Espiritualmente, ela foi "batizada em Cristo" e agora é parte do Seu Corpo, chamado de "Igreja". Quando a pessoa pratica a Ceia do Senhor, ela apenas está trazendo à sua memória este fato. Novamente repito: a Ceia é uma representação, não a coisa real.

Se Deus recebeu alguém como filho, e não vai rejeitá-lo por qualquer motivo, então não deveria tal pessoa deixar de cear por qualquer motivo. Embora este pequeno estudo não possa ser usado para esclarecer todas as verdades que dizem respeito à salvação, precisamos entender alguns pontos básicos.

Perdemos a salvação quando pecamos?


Este é um assunto onde existem muitas correntes doutrinárias, e não vejo como eu poderia esclarecer tudo nesta postagem. Pretendo dar uma visão geral sobre isso, correndo o risco de ser criticado em um ou outro ponto, mas creio que vale a pena correr o risco, a fim de ajudar aqueles que, de forma sincera, querem agradar a Deus, mas estão se condenando e deixando de cear, devido às regras de homens e/ou condenação vinda da sua própria consciência.

Um grupo cristão prega que uma pessoa, ao realmente se converter a Cristo, será salva e não pode perder a salvação, pelo fato dela ser uma decisão unicamente de Deus. Assim sendo, seus pecados jamais poderiam levar você a perder a sua salvação.

Um outro lado prega que qualquer pecado fará com que você perca o seu status de justo perante Deus, sendo necessário que você confesse cada novo pecado cometido, caso contrário, se você morrer, irá para o inferno.

Afinal, qual a visão correta?

Bem, de acordo com a Bíblia, a salvação não é algo que venha de nós mesmos, ela é dada como um dom:
"Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus.
Não vem das obras, para que ninguém se glorie;"
(Efésios 2:8,9)
Ora, no grego, de forma semelhante ao inglês, o verbo "ser" é o mesmo que "estar", assim sendo, o versículo acima também poderia ser traduzido como "pela graça estais salvos", pois o tempo verbal está no presente. Não há nada no Novo Testamento que indique que somos salvos pela graça, mas depois nos mantemos salvos através das obras!

A salvação vem pela fé em Jesus Cristo, e nós permanecemos salvos também pela fé, não por obras.

Contudo, SE realmente fomos salvos, as obras de justiça começarão a ser praticadas, como consequência da mudança que aconteceu em nosso espírito. Jesus trata dessa questão quando diz que a árvore se conhece por seus frutos (Mateus 7:17-18; 12:33, dentre outros). Ou seja, se você nasceu de Deus, seu espírito é uma nova criatura, e você começará a andar em santidade como uma CONSEQUÊNCIA de sua salvação, não como causa.

Assim, entendo que mesmo quando você não anda de forma perfeita e comete pecados não intencionais, poderá participar da Ceia normalmente, pois estará em plena comunhão com Cristo. Como a Ceia é tão somente um memorial, caso o cristão precisasse ser perfeito para participar dela, praticamente nenhum poderia participar.

Os que impõem esse tipo de regra, proibindo as pessoas de participar da Ceia do Senhor por causa de alguns tipos de falha ou pecado, também pecam, mas participam da Ceia assim mesmo. Com isso, uma hipocrisia é vivida dentro das igrejas.




O que ocorre quando pecamos?


Vou tentar, de forma resumida, falar um pouco sobre a questão do pecado para alguém que foi salvo. É importantíssimo enfatizar que, SE alguém é salvo, tal pessoa será uma nova criatura em seu espírito (2 Coríntios 5:17), conforme já dito. O novo nascimento ao qual Jesus se referiu em João 3 é um renascimento espiritual e não material.

Quando somos salvos, já recebemos um novo espírito da parte de Deus, o qual é essa nova criatura. Este é um espírito novo, recém criado e que traz a imagem de Deus. Cristo está neste novo espírito (1 Coríntios 6:17) e, por isso, ele não pode pecar:
"Qualquer que é nascido de Deus não comete pecado; porque a sua semente permanece nele; e não pode pecar, porque é nascido de Deus." (1 João 3:9)
Assim, quando cometemos algum pecado, este pecado não atinge o nosso novo espírito, pois ele foi selado pelo Espírito Santo (Efésios 1:13), a fim de que não percamos a salvação devido a sermos falhos ainda. Esta limitação será retirada quando da ressurreição dos nossos corpos, na segunda vinda de Cristo. Ali receberemos novos corpos glorificados, semelhantes ao que Jesus possui hoje, e não poderemos mais pecar.

Podemos continuar no pecado já que somos salvos pela graça?


Esta pergunta pode parecer tola, mas não é! O apóstolo Paulo precisa respondê-la duas vezes no livro de Romanos, capítulo 6, versos 1 e 15. Como não é o escopo desta postagem, não entrarei em detalhes aqui, mas o pecado tem sim efeitos nocivos para o cristão e é totalmente desencorajado na Nova Aliança. Em resumo, podemos dizer que a Graça não foi dada por Deus para que pudéssemos continuar vivendo para o pecado e ir para o Céu. A graça foi dada para que pudéssemos viver para Deus e escapar do pecado.

O pecado endurece o nosso coração para Deus (Hebreus 3:13) e dá lugar ao diabo (Efésios 4:27). Portanto, devemos buscar a santidade sempre, a fim de que possamos ser frutíferos para o Senhor e desfrutarmos da realidade do Seu Reino na Terra.

Além disso, ao termos consciência do pecado, ela (a consciência) nos acusará e isso trará condenação sobre nós, permitindo que satanás nos atinja no corpo e na alma. Por isso, quando nossa consciência nos acusa, devemos tratar dela através da confissão (reconhecimento) de nossos pecados, para fechar este espaço que o inimigo obtém em nossas vidas.

Também é extremamente necessário crescermos no conhecimento de Deus, para entendermos a Sua vontade e não ficarmos nos acusando por coisas que não são, de per si, pecaminosas.



Examinando-se a Si Mesmo


Considerando tudo o que já vimos, podemos, agora, entender as orientações de Deus nos versos seguintes:
"Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma deste pão e beba deste cálice.
Porque o que come e bebe indignamente, come e bebe para sua própria condenação, não discernindo o corpo do Senhor."
(1 Coríntios 11:28,29)
Quando nossa consciência está contaminada pelo pecado, trazemos condenação sobre nós mesmos. Assim, é fundamental termos uma atitude de auto exame, a fim de confessarmos os nossos pecados. Esta não deve ser uma atitude apenas no momento da Ceia, mas durante toda a nossa vida, embora que a Ceia é um momento que nos convida a isso, devido a estarmos trazendo à memória o preço que foi pago pelos nossos pecados e o Corpo do qual fazemos parte.

Aqui encontramos um dos grandes problemas da Ceia: as pessoas simplesmente deixam de celebrar a Ceia com medo de serem condenadas, contudo não tratam a questão do pecado em si. O problema não é a Ceia, mas sim o pecado e a consciência acusando.

Se você está em comunhão com Cristo não faz sentido deixar de participar da Ceia, como se esta fosse mais importante do que a própria salvação! Se você estiver vivendo em pecado, com ou sem participar da Ceia, isso vai afetar a sua vida, endurecendo seu coração para Deus e dando lugar ao diabo. Deixar de cear não vai mudar isso.



Conclusão


Assim sendo, considerando que a Ceia é uma representação de uma realidade espiritual, não há sentido em se deixar de cear se você estiver em comunhão espiritual com Cristo. E caso esteja sendo acusado de pecado, deve confessar e deixar o referido pecado. Deixar de cear não vai impedir o diabo de roubar, matar e destruir na sua vida.

Agora vou responder as perguntas iniciais, com base em tudo o que foi falado anteriormente:

Posso tomar Ceia sem ser batizado nas águas? Sim, mas se sua igreja proíbe isso, então respeite as regras da sua igreja.

Posso tomar Ceia sentindo raiva de alguém? Sim, mas aja em fé e perdoe a pessoa, ainda que os sentimentos perdurem por algum tempo, o que é perfeitamente normal. Você também não precisa conviver com pessoas que te fazem mal.

Posso tomar a Ceia se não for casado no civil? Sim, mas por isso ser motivo de escândalo, você deve procurar resolver esta situação. Caso sua igreja também não concorde, você deve respeitar e não participar da cerimônia da Ceia, mas não por causa de Deus.

Pastor, eu bebo chimarrão e tereré, posso tomar Ceia? Sim, porque o que contamina o homem não é o que entra no homem, mas o que sai do homem. Embora eu não goste de chimarrão (achei horrível quando provei), sei que há gosto pra tudo neste mundo...

E, por fim...

Posso Tomar a Ceia em Pecado? Não! Porque se você estiver com consciência de pecado, isso vai trazer condenação a você! Se você entende que está indigno diante de Deus, essa situação precisa ser resolvida com urgência, pois terá consequências negativas em sua vida. Seu problema não é a Ceia, mas sim as consequências de abrir a porta para o inimigo e deixar de desfrutar da realidade do Reino de Deus.

Que a paz do Senhor seja com o teu espírito. Amém!

Pr. Wendell Costa

segunda-feira, 2 de março de 2020

LÍNGUAS ESTRANHAS - O QUE É ISSO?


"Assim por lábios gaguejantes, e por outra língua, falará a este povo. Ao qual disse: Este é o descanso, dai descanso ao cansado; e este é o refrigério; porém não quiseram ouvir." (Isaías 28:11,12) 
"Está escrito na lei: Por gente de outras línguas, e por outros lábios, falarei a este povo; e ainda assim me não ouvirão, diz o Senhor." (1 Coríntios 14:21)
O evangelho é o poder de Deus para a salvação de todo o que crê nele, Deus também dá testemunho de que Sua Palavra é verdadeira através de certos sinais que seguem aos discípulos. Um destes sinais é que eles "falariam novas línguas" (Marcos 16:17). No entanto, muitas denominações negam este dom e existe toda uma doutrina para tentar provar que, na verdade, as línguas citadas no Novo Testamento por Jesus e pelos apóstolos são idiomas estrangeiros que Deus concedeu, na época, para que os discípulos pudessem evangelizar rapidamente o mundo.

Infelizmente, satanás conseguiu infiltrar uma mentira na igreja com diversas finalidades:
  • roubar, através do engano, um dos principais sinais sobrenaturais que o Senhor dá para confirmação do evangelho;
  • impedir os cristãos de serem edificados;
  • impedir a intercessão com o auxílio sobrenatural do dom de línguas;
  • provocar divisão na igreja, etc.

A única forma de combatermos a mentira é com a verdade, pois quando conhecemos a verdade somos libertos do poder de satanás, o pai da mentira (João 8:44).



O que é o dom de línguas


O que as Escrituras explicam sobre o que seria o falar em línguas? Bem, vamos ver um versículo que dá uma definição clara sobre isto:
"Porque, se eu orar em língua desconhecida, o meu espírito ora bem, mas o meu entendimento fica sem fruto." (1 Coríntios 14:14)
Os termos grifados foram acrescentados pelo tradutor e não fazem parte do texto original grego e, por isso, não aparecem em algumas traduções (a versão acima foi tirada da João Ferreira de Almeida Corrigida Fiel). Bem, ficando com o texto original, temos o seguinte:


"Se eu orar em língua, meu espírito ora, mas meu entendimento ("mente", ou "intelecto") fica sem fruto (estéril)"
No verso seguinte, temos o seguinte:

"Que farei, pois? Orarei com o espírito, mas também orarei com o entendimento; cantarei com o espírito, mas também cantarei com o entendimento." (1 Coríntios 14:15)

Pelo texto bíblico, e ao contrário dos falsos ensinos, a oração em línguas nada mais é do que o nosso próprio espírito falando com Deus. Nossos espíritos foram recriados no momento em que nós aceitamos Jesus como nosso Senhor e Salvador, assim como está escrito em 2 Coríntios 5:17, que diz que somos "novas criaturas".

Jesus falou sobre esse "novo nascimento" em João 3, quando conversou com o mestre judeu Nicodemos, explicando a ele que era necessário que nascesse de novo, para que pudesse ver ou entrar no Reino dos Céus. Cristo falou algo muito importante e fundamental para entendermos o que é o dom de línguas. Assim está escrito:
"O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito." (João 3:6)
O novo nascimento não é um nascimento físico, mas sim espiritual. Deus nos muda na parte mais íntima de nosso ser: o espírito. O nosso novo espírito, que recebemos da parte do Pai, por meio do Espírito Santo, é a "nova criatura" falada em 2 Cor 5:17, citado acima. E ele é perfeitamente funcional, não é como nossos corpos físicos, que vão se desenvolvendo ao longo do tempo.

Quando nós nascemos, não sabemos falar. O idioma português (ou seja qual for o seu idioma materno) é aprendido de forma gradativa, na medida em que nossos pais vão nos ensinando. Em nossa vida escolar, principalmente, vamos aperfeiçoando o idioma, com o auxílio da língua escrita.

Contudo, isso não ocorre com o nosso espírito, pois ele já foi dado "perfeito" (completo), quando do novo nascimento. Não tenho como me aprofundar neste assunto aqui, neste texto, mas tenho um estudo completo sobre o tema "espírito, alma e corpo", aqui mesmo em meu blog (link para a parte 1 deste estudo). Além dos textos, temos também uma série de vídeos sobre isso no canal do Ministério Águios.

O fato é que recebemos um novo espírito da parte de Deus, quando da nossa conversão, e este espírito é, repito, perfeito (completo). Um espírito sabe falar e ouvir, como qualquer ser inteligente criado por Deus. Muitos não compreendem como é um espírito e, por isso, não conseguem entender bem o dom de línguas.

Quando falamos em línguas, o nosso espírito é quem fala, mas o nosso intelecto não está produzindo as palavras. Esta separação existe por causa da diferença entre o espírito e a alma. Muitas igrejas e pessoas não sabem diferenciar o espírito da alma, então fazem toda uma confusão teológica para tentar combater o dom de línguas. Isso tem sido péssimo para o Corpo de Cristo, que perde um dos dons mais fundamentais na luta contra a carne, o mundo e o diabo.

Em nosso entendimento, não temos todo o conhecimento, porque nossa mente é limitada. O nosso espírito, por outro lado, não é tão limitado. Além disso, é no nosso espírito onde temos comunhão com o Espírito Santo. Desta forma, quando oramos em línguas, o nosso espírito sabe exatamente como orar. Por isso que a Palavra nos mostra que oramos "bem":
"De outra maneira, se tu bendisseres com o espírito (...)
Porque realmente tu dás bem as graças (...)."

(1 Coríntios 14:16,17)

Não sabemos orar corretamente


Em Romanos 8:26, o Espírito Santo, através do apóstolo Paulo, nos revela que não sabemos como pedir da forma correta, exatamente devido às limitações do nosso intelecto. O nosso conhecimento não é perfeito, sempre falta alguma coisa. De fato, isso não é um problema, foi Deus quem nos criou desta maneira, pois assim, nós dependeríamos d'Ele mesmo, e das outras pessoas, para que pudéssemos crescer em nosso entendimento.

Com o pecado, o espírito humano foi separado de Deus e nós ficamos muito mais limitados, sem a nossa Fonte para nos conduzir. Assim, uma parte do homem morreu (no mundo espiritual, a morte quer dizer a separação eterna do Criador), e os nossos intelectos passaram a ser a principal forma como somos conduzidos no mundo.

A obra de Jesus foi feita a fim de nos restaurar por completo das consequências do pecado. Inicialmente, há a regeneração do nosso espírito à imagem de Cristo. Com isso, recebemos novamente a capacidade de sermos conduzidos plenamente por Deus, mesmo neste mundo caído.

O dom de línguas faz parte desta restauração, onde Deus nos dá a capacidade de orarmos com este novo espírito, recriado à imagem de Cristo. Agora sim, em espírito, podemos orar conforme a perfeita vontade de Deus, sem a barreira do nosso conhecimento parcial.

Existe um porém no que diz respeito a orarmos com o nosso espírito: nossa mente não compreende o que falamos!

Por causa disso, nossas orações precisam ser "divididas", ora falamos com Deus usando o nosso espírito (em línguas estranhas) ora falamos com o nosso entendimento, para que nossa mente também produza fruto. Além disso, o dom de línguas não produz nenhum efeito sobre o que está ouvindo nossa oração, caso ele não a compreenda.

Em outras postagens, falarei sobre o uso correto do dom de línguas.

Que a paz do Senhor Jesus seja com o teu espírito. Amém.

Pr. Wendell Costa

Não estejam inquietos por coisa alguma

Imagem 1: a ansiedade tem atingido boa parte da população. Viver uma vida sem preocupações e inquietações é praticamente uma utopia nos dias...