terça-feira, 26 de setembro de 2017

Onde Está o Teu Coração?


Antigamente eu achava que nós não tínhamos nenhum controle sobre o nosso coração e, portanto, teríamos que segui-lo ou contê-lo dependendo do que ele (o coração) estivesse querendo fazer. No entanto, após muitos anos meditando na Palavra de Deus, e especificamente após receber um ensino de Andrew Wommack chamado "How to Prepare Your Heart" (Como Preparar o Seu Coração), eu aprendi que o coração não é assim tão aleatório. É possível nós controlarmos nosso coração. Vamos aprender um pouco sobre isso.

Enganoso é o Coração...

Antes de prosseguir, quero comentar rapidamente sobre o versículo abaixo:
"Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?" (Jeremias 17:9)
Sem a presença de Deus dentro de si, o homem se tornou maligno, e o seu coração se tornou obscuro, e perverso. Para resolver este problema, Deus enviou seu Filho Jesus que morreu na cruz em nosso lugar e permitiu o milagre do "novo nascimento" falado por Jesus em João 3:3.

Agora, se você é cristão "nascido de novo" pela fé em Jesus Cristo, você desfruta de um novo coração!
"E dar-vos-ei um coração novo, e porei dentro de vós um espírito novo; e tirarei da vossa carne o coração de pedra, e vos darei um coração de carne." (Ezequiel 36:26)
Desta forma, com este novo coração, podemos, de forma gradativa, nos tornar mais e mais semelhantes a Cristo, voltando a ser imagens de Deus na terra.

Pois bem, como fazer para conduzirmos nosso coração por este novo caminho de vida junto a Deus? Vamos responder a esta pergunta hoje!

Onde está o nosso tesouro?

Vamos ver o que o nosso Mestre Jesus nos ensina sobre esta coisa de tesouro:
"Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam;
Mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam.
Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração."
(Mateus 6:19-21)
Será que Jesus não quer que a gente tenha nada de valor neste mundo? Creio que não, pois Ele mesmo falou que se pedíssimos bens ao Pai, Ele nos daria (Mateus 7:11). Mas o que o Senhor está ensinado aqui é sobre como colocar nosso coração nas coisas certas.

Todos temos muitos desejos, pois somos bombardeados, desde criança, com toda sorte de produtos e ideias sobre o que comprar, o que ser quando crescer, etc. Assim, tendo em vista que recebemos todo tipo de semente (informações), nosso coração irá produzir todo tipo de desejo.

No entanto, não são os desejos que surgem em nosso coração que determinam o que é mais valioso para nós. O que determina o que realmente tem valor para nós é o quanto de esforço, tempo e dinheiro nós investimos naquilo!

Vou te dar alguns exemplos:

Vamos imaginar um menino que gosta muito de brincar com carros. Quando este menino cresce e vira um homem, ele não tem muita condição financeira, então, só possui um único carro. Mas Deus o faz prosperar e ele começa a investir este dinheiro, bem como tempo, em adquirir carros antigos e alimentar este "sonho de infância".

Bem, o coração deste homem começará a dar muito valor aos seus carros. Este será o seu tesouro! O seu coração estará nesses carros, ele os amará e sofrerá muito caso perca o seu "tesouro".

Agora, digamos que outra pessoa valorize muito os estudos, ela se dedica horas por dia para crescer na área acadêmica, boa parte do seu tempo é dedicado a isto, ela praticamente não tem muito tempo disponível para outras coisas. Advinhe o que será o seu tesouro?

Desta forma, tudo aquilo em que nós investimos tempo, esforço e, principalmente, dinheiro será o nosso tesouro, pois nosso coração será colocado em tais coisas.

Podemos Mudar o Nosso Coração?

De acordo com Jesus, a resposta é sim! Podemos mudar o foco do nosso coração. Para isso, basta dedicarmos tempo, esforço e dinheiro nas coisas corretas. Veja que Jesus orienta que:
"Não ajunteis tesouros na terra...Mas ajuntai tesouros no céu..." (Mateus 6:19-20)
Veja que depende de nossa atitude, nosso investimento. Você precisa parar de dedicar seu tempo/esforço/finanças às coisas mudanas. Ao mesmo tempo, investir tempo/esforço/finanças nas coisas do Reino de Deus. Seu coração irá seguir isso!

Medite um pouco sobre onde você gasta a maior parte da sua renda? Em quê você dedica mais tempo? No quê você dá o seu melhor? Nas coisas do mundo ou nas coisas do Reino de Deus?

Não se conforme com este mundo, pois tem valores totalmente invertidos dos valores de Deus. Jesus tem uma promessa maravilhosa para nós:
"Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas." (Mateus 6:33)
Nosso Pai Celestial nos promete que, se O pusermos como prioridade em nossas vidas, Ele mesmo se responsabilizará por cuidar de nossas necessidades materiais.

No entanto, esta prioridade não pode ser apenas "de boca", mas em atitudes e em sinceridade.

Que a graça do nosso Senhor Jesus Cristo seja com você. Amém.

Pr. Wendell Costa

quinta-feira, 21 de setembro de 2017

Propósitos da Oração 2 - O Muito Falar


Talvez uma das áreas onde mais encontremos distorções no que diz respeito à vida cristã é exatamente na área de oração. Oração é algo muito bom, mas nem toda oração é agradável a Deus. Jesus falou algo muito importante sobre o real propósito de se orar...
"E, quando orardes, não sejais como os hipócritas; pois GOSTAM DE ORAR..." (Mateus 6:5)
Se interrompermos o versículo aqui, notaremos que o que Jesus falou contradiz o que muitos cristãos pensam sobre oração, pois Jesus afirma que os hipócritas "gostam de orar"!

Nossa ideia é que, se alguém ora muito, significa que ela é uma pessoa espiritual, porém, não é bem assim. Se observarmos as religiões que existem no mundo, acredito que praticamente todas possuem alguma forma de oração. Inclusive, há religiões que são bem mais rígidas no que diz respeito a orações, como, por exemplo, o islamismo.

No entanto, nós que conhecemos a Jesus Cristo, sabemos que Deus não ouve tais orações, pois o Pai estabeleceu um Caminho para Ele mesmo: Seu Filho Jesus. Se continuarmos a ler o versículo que citei anteriormente, veremos que os hipócritas religiosos gostavam de orar, porém com a motivação errada:
"...pois gostam de orar em pé nas sinagogas, e às esquinas das ruas, PARA SEREM VISTOS PELOS HOMENS." (Mateus 6:5)
E esta é a única recompensa que recebem, ou seja: ser visto pelos homens (mas não por Deus)!

A MOTIVAÇÃO CORRETA DA ORAÇÃO


Como vimos na parte 1 deste estudo, a nossa motivação deve ser desenvolver um relacionamento pessoal com o Pai, pois para isso mesmo foi que Jesus veio ao mundo, para "trazer muitos filhos à glória" (Hb 2:10). Assim, Jesus nos orienta a fazer de nossas orações um momento íntimo com nosso Pai:
"Mas tu, quando orares, entra no teu quarto e, fechando a porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará." (Mt 6:6)
Muitos religiosos vêem na oração algo do qual eles podem se exaltar sobre os outros, ou seja, chamam atenção para si mesmos para quererem se mostrar como pessoas mais espirituais:
"O fariseu, de pé, assim orava consigo mesmo: ó Deus, graças te dou que não sou como os demais homens, roubadores, injustos, adúlteros, nem ainda com este publicano." (Lc 18:11)
Soa até engraçado, para não dizer trágico, ouvir certas pessoas orando, pois alteram a voz e passam a usar um vocabulário estilo "bíblico", com palavras antigas e difícies, palavras que elas nem usariam em uma conversa, digamos, "normal". Eu sei do que estou falando, pois já fiz isso também!

Nossa oração irá refletir nosso relacionamento com Deus. Se Deus for alguém "distante", nossas palavras soarão artificiais; se for um relacionamento "pai e filho", elas vão demonstrar intimidade, respeito e amor.

O Pai não precisa que você fale com "palavras bonitas", usando um português antigo, ou que você altere sua voz para parecer mais bela. Não, Ele deseja que você abra seu coração, que busque conhecê-lo e servi-lo por amor (o amor virá quando você O conhecer verdadeiramente). O Pai deseja um relacionamento "Pai-filho" com você!

O MUITO FALAR


Um mito muito sério que foi introduzido na igreja é que para que Deus nos escute é necessário "orar muito" sobre alguma coisa.

Eu já cansei de ouvir esta frase de pessoas que vêm me pedir oração, e dizem que estão passando por um problema muito sério, e é necessário "orar muito", e insistem comigo para que eu "ore muito" por elas.

Sinceramente, eu tenho muitos motivos para orar, e se eu realmente fosse "orar muito" por cada pessoa que me pede isso, teria que parar de trabalhar, pastorear, não teria mais tempo pra minha família, etc.

Este princípio de que precisamos "falar muito" para sermos ouvidos por Deus é um princípio "pagão" e não cristão. Antes de mais nada, Jesus disse que os gentios é que:
"...pensam que pelo seu muito falar serão ouvidos." (Mateus 6:7)
E logo depois, Jesus fala "Não sejam iguais a eles!" (Mt 6:8). Os "gentios" (ou "pagãos") são exatamente aqueles que não têm aliança nem relacionamento com o Pai, e portanto, não compreendem a Deus, nem sabem orar da forma correta.

Tenho certeza que por maiores problemas que você possa ter, nenhum se compara à morte. E imagine estar morto por 4 dias! Este era o problema que Lázaro, amigo de Jesus, estava passando (João 11). Jesus orou por Lázaro, pra o tirar desse "problema". Vejamos a oração que Ele fez:
"Pai, graças te dou, porque me ouviste." (João 11:41)
Depois disso, Jesus dá uma ordem a Lázaro (Jesus aqui não faz uma oração ao Pai).

Em muitos outros momentos, vemos Jesus fazer orações bem curtas e prontamente ser ouvido. Em diversos outros, Jesus simplesmente dava uma ordem e a doença era curada, ou a necessidade suprida.

Essas mesmas pessoas que me pedem que "ore muito" por elas, em geral, têm muita dificuldade em receber alguma coisa de Deus. Vamos tratar disso ao longo desses estudos, mas por ora, ficamos com esta grande verdade: Deus não precisa que você fale muito, pois Ele sabe o que você precisa antes mesmo de você falar.
"E quando orarem, não fiquem sempre repetindo a mesma coisa, como fazem os pagãos. Eles pensam que por muito falarem serão ouvidos. Não sejam iguais a eles, porque o seu Pai sabe do que vocês precisam, antes mesmo de o pedirem." (Mateus 6:7,8)

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Oração não é tentar convencer a Deus a te abençoar, mas sim ter comunhão com teu Pai Celestial, que te ama e tem todo o prazer em te ver bem.
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RESUMINDO


  • Os hipócritas e religiosos também oram, e gostam de orar.
  • Há uma motivação correta para se orar, e é ter comunhão com o Pai e com Seu Filho Jesus.
  • Orar muito para "forçar" Deus a atender os seus pedidos não é um princípio bíblico.


VÍDEO

Veja um vídeo que cobre este assunto:

segunda-feira, 11 de setembro de 2017

Propósitos da Oração 1 - Comunhão


Nesta nova série de estudos, pretendo ensinar sobre os propósitos da oração de acordo com as Escrituras, usando também minha própria experiência, além do que tenho recebido através de outros filhos de Deus ao longo desses anos servindo ao Senhor.

Sei que o que vou ministrar não é toda a verdade sobre o assunto, mas oro para que o Pai use esses ensinamentos pra que você possa ser edificado um pouco mais nesta área da oração.

Além de ministrar sobre os propósitos da oração propriamente ditos, importa também desfazer muitas das coisas que vem sendo ensinadas na igreja sobre oração mas que não são verdadeiras. Ao longo dos anos, tenho ouvido e lido muitas distorções que têm sido ensinadas como sendo coisas muito espirituais, sendo que, na verdade, não passam de religiosidade, condenção e até mesmo sincretismo religioso que penetrou na igreja devido à falta de conhecimento das Escrituras e do poder de Deus…
“...Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus.” (Mateus 22:29)
Continue comigo e cresça em comunhão com o seu Pai Celestial!

COMUNHÃO COM O PAI: NOSSO GRANDE ALVO

Você já imaginou como eram as “orações” de Adão antes do pecado? Já que não haviam doenças, necessidades, tentações, etc. não havia muito o que pedir a Deus, exceto, talvez, conhecimento e sabedoria. No entanto, a Bíblia mostra que o Senhor passeava pelo Jardim do Éden todos os dias e tinha comunhão com o homem. Como seria esta comunhão? Sobre o quê conversavam?

Em Gênesis 2:19, a Escritura mostra que o Senhor trouxe a Adão todos os animais do campo e as aves para que este lhes desse nomes. Acredito que isso levou bastante tempo, e, enquanto Adão nomeava os bichos, ele conversava com seu Pai.

Antes de pensarmos em oração como um momento em que eu vou “descarregar” sobre Deus todos os meus pedidos, eu devo entender que Ele deseja de mim simplesmente um relacionamento Pai e filho.
"Vocês, orem assim: Pai nosso..." (Mateus 6:9)
Jesus, ao longo do capítulo 6 de Mateus, por diversas vezes, enfatiza que Deus é nosso “Pai”, e chama atenção para que nosso relacionamento com Ele seja um entre “pai e filho”.

No início da minha fé, eu tive muita dificuldade em enxergar Deus como um “pai”, pois não tive um relacionamento muito íntimo com meu pai físico. Além disso, como meus pais se divorciaram quando eu era adolescente, e ele foi morar com sua segunda esposa em uma outra cidade, fiquei sem um referencial de um bom pai presente.

Inclusive, é fácil observar como o diabo tem lutado para tirar os homens de dentro de suas casas, destruindo a família, e provocando tantos males na sociedade. Sem um referencial de pai, os homens facilmente são levados pela irresponsabilidade, criminalidade, drogas, falta de compromisso com a família, etc. Isso ocorre exatamente porque os filhos perdem a imagem de um verdadeiro pai.

O próprio Jesus chamava Deus Pai como “aba” (Marcos 14:36), que significa “pai”, porém, se fôssemos traduzir o verdadeiro sentido desta palavra para os dias de hoje, a melhor tradução seria: “papai” ou, como meus filhos me chamam: “painho”.

Não é uma coincidência que Jesus nos trouxe a revelação de que Deus é um “pai”. Aliás, poucas vezes, Jesus chamou Deus de “Deus”, pois, em geral, Jesus O chamava de “Pai”. Esta é a melhor palavra para descrevê-lo, pois Ele é o Criador de todas as coisas, e portanto, é o nosso Pai verdadeiramente.

CRISTO NOS RESTAURA À POSIÇÃO PERDIDA DE FILHOS

O verdadeiro caráter de Deus não foi revelado pela Lei de Moisés ou pelo Velho Testamento, pois “a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo” (João 1:17). Desta forma, olhando para a Velha Aliança, temos apenas uma “sombra” da realidade. Mas Cristo nos traz a real imagem das coisas (Hebreus 10:1), e nos permite conhecer ao Pai de forma íntima.
"E, porque sois filhos, Deus enviou aos vossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai." (Gálatas 4:6)
Ao crermos no Senhor Jesus Cristo, somos reintegrados ao Reino de Deus, o qual Adão perdeu pelo seu pecado, e o Pai nos recebe de braços abertos, sem nos condenar, para um relacionamento conosco. Não há nada mais maravilhoso que conhecer o Pai e o Filho, e, de fato, isto é a vida eterna:
"E a vida eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste." (João 17:3)
No conhecido versículo de João 3:16, vemos que o grande propósito que trouxe Jesus para morrer por nós não foi apenas perdoar os nossos pecados...
"Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna." (João 3:16)
Se você ler direitinho, verá que o perdão dos pecados não é o objetivo final, mas sim nos dar a “vida eterna”. Somos livrados da morte para que tenhamos “a vida eterna”. E, como vimos no versículo anterior, a vida eterna é conhecer verdadeiramente o Pai e Jesus Cristo.

À medida em que conhecemos ao nosso Pai, somos transformados por Sua luz, pois esta luz ilumina nosso entendimento e podemos vê-lo como Ele realmente é. À medida em que O conhecemos, nossas orações vão sendo transformadas em momentos prazerosos com nosso o Papai.

EM RESUMO

  • O grande propósito da oração não é apenas “pedir, pedir”, mas sim ter comunhão com nosso Pai Celestial.
  • Jesus nos permite voltar a ser filhos de Deus, abrindo, assim, a porta para um relacionamento entre o Pai e Seus filhos.
  • A vida eterna é conhecer ao Pai e a Seu Filho Jesus Cristo e desfrutar de um relacionamento com Eles.

VÍDEO

Veja um vídeo com este mesmo assunto em nosso canal no YouTube:




Que a paz de Jesus Cristo seja com a sua vida. Amém.

Pr. Wendell Costa

segunda-feira, 4 de setembro de 2017

Amor - A Verdadeira Natureza de Deus - Parte 10

A Lei de Moisés


Na parte 8 desta série de textos, vimos que Deus abençoou a terra, permitindo que a humanidade continuasse a viver nela a despeito do fato do homem ser pecador e "a imaginação do coração do homem ser má desde a sua meninice" (Gênesis 8:21). No entanto, como as obras humanas eram más, não havia como Deus salvar o homem tendo por base as obras dele.

Desta forma, Deus anuncia a "salvação pela fé" para Abraão, conforme falei na parte 9 da série. Assim, Deus tornaria o homem justo, independentemente das obras, e esta boa notícia é mostrada no versículo abaixo:
"E creu ele [Abraão] no Senhor, e imputou-lhe isto por justiça." (Gênesis 15:6)
No entanto, entre Abraão e Jesus, Deus enviou uma lei: a Lei de Moisés! Nela, vemos um Deus extremamente rigoroso com o pecado, punindo-o severamente com a morte em muitos casos. Aparentemente, Deus deixou de ser paciente com o homem e passou a punir os pecados com rigor, além de exigir todo tipo de sacrifício e reparações por cada ato pecaminoso cometido.

Teria Deus mudado de ideia?

Neste momento, vamos começar a compreender o porquê da Lei de Moisés e sua dureza contra o pecado. Continue conosco.

A Dureza do Coração do Homem


Quando eu lia o Velho Testamento, ficava espantado com a violência que há ali. Tanto os homens cometiam atos que seriam impensáveis nos dias de hoje, como via um Deus irado e pronto a punir com a morte infrações que eu achava serem de menor gravidade. Um bom exemplo é o caso de um homem que foi condenado ao apedrejamento após ser pego apanhando lenha num dia de sábado (Números 15:32-36).

Para mim, aquilo parecia um livro de ficção, e não conseguia fazer o vínculo de certas partes do Velho Testamento com o Deus de amor mostrado no Novo Testamento.

Antes de mais nada, é fundamental compreender a situação do coração do homem naquele momento. Quando Jesus explicava o porquê de Deus haver permitido o divórcio durante a Lei de Moisés, Ele falou:
"Disse-lhes ele: Moisés, por causa da dureza dos vossos corações, vos permitiu repudiar vossas mulheres; mas ao princípio não foi assim." (Mateus 19:8)
Jesus explicou que a Lei permitiu um homem repudir sua mulher pelo fato do seu coração ser tão duro que de nada adiantaria Deus ordenar ao homem permanecer casado até o fim da vida, pois o homem não conseguiria manter isso. No entanto, Jesus deixou claro que antes do pecado, não era assim.

Isto mostra que, quando Deus trouxe a Lei de Moisés, o homem estava com o coração tão endurecido e afastado de Deus que havia perdido a noção de bem e mal (veremos mais detalhes a frente).

Portanto, podemos dizer que a Lei foi dada por causa da dureza do coração do homem, e não por causa da dureza do coração de Deus! Vamos examinar um pouco dos costumes da época na qual a Lei foi dada e você poderá compreender melhor esta minha alegação.

Agora, vamos examinar alguns dos costumes que haviam na época de Moisés e que Deus quis combater através da Lei.

Características das culturas na época da Lei


Área Sexual


O livro de Levítico, em seu capítulo 18 traz diversos mandamentos que visavam purificar o povo de Israel dos pecados na área sexual. Aquela nação havia saído do Egito onde aprendeu diversos costumes malignos. O povo se dirigia à Canaã, terra onde também predominavam as perversões sexuais. Deus os adverte:
"Não fareis segundo as obras da terra do Egito, em que habitastes, nem fareis segundo as obras da terra de Canaã, para a qual vos levo..." (Levítico 18:3)
Agora, vamos ver algumas dessas "obras" que ocorriam, naturalmente, no mundo da época:

1) Relações sexuais com parentes próximos, tais como pai com filha, irmão com irmã, entre avô e neto (a), etc.:
"Não desonre o seu pai, envolvendo-se sexualmente com a sua mãe. Ela é sua mãe; não se envolva sexualmente com ela.
Não se envolva sexualmente com a mulher do seu pai; isso desonraria seu pai.
Não se envolva sexualmente com a sua irmã, filha do seu pai ou da sua mãe, tenha ela nascido na mesma casa ou em outro lugar."
(Levítico 18:7-9)
No restante do capítulo, há ainda práticas sexuais comuns à época, tais como:
  • Sexo durante o período menstrual (verso 19)
  • Adultério (verso 20)
  • Homossexualidade (verso 22)
  • Bestialidade, que é sexo com animais (verso 23)

Estas práticas eram comuns nas nações da época e trazia grande contaminação perante o Senhor:
"Com nenhuma destas coisas vos contamineis; porque com todas estas coisas se contaminaram as nações que eu expulso de diante de vós.
Por isso a terra está contaminada; e eu visito a sua iniqüidade, e a terra vomita os seus moradores." (Levítico 18:24,25)

Na prática religiosa


Algo que hoje em dia é praticamente impensável, naquela época, era comum: oferecer os próprios filhos como sacrifício aos deuses. As crianças morriam queimadas no fogo, em grande sofrimento.

Deus deu ordens para que o Seu povo não cometesse tais atrocidades:
"E da tua descendência não darás nenhum para fazer passar pelo fogo perante Moloque; e não profanarás o nome de teu Deus. Eu sou o Senhor." (Levítico 18:21)
No entanto, apesar da proibição da Lei, essa prática demoníaca foi observada por alguns dos reis de Israel, tal como o rei Acaz:
"Andou nos caminhos dos reis de Israel e chegou até a queimar o seu filho em sacrifício, imitando os costumes detestáveis das nações que o Senhor havia expulsado de diante dos israelitas." (2 Reis 16:3)
Observe na parte sublinhada que este era um "costume" das nações que habitavam a terra de Canaã. Sabemos, também, pela história, que diversos outros costumes abomináveis eram praticados por nações pagãs ao redor do mundo. Um bom exemplo disso era a antropofagia (comer carne humana), que era praticada aqui no Brasil por algumas das tribos.

Figura que mostra prática de sacrifício humano nos povos da América Central na época anterior ao "descobrimento". Fonte: https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=2842280

Na administração pública


Uma outra área onde identificamos costumes que, geralmente, não são praticados hoje é na Administração Pública (nos governos das nações). Atualmente, os governantes procuram ter assessoramento técnico e científico para tomar suas decisões. Mas, na época da Lei, os governantes lançavam mão de feitiçaria para tomar decisões:

"O faraó, porém, mandou chamar os sábios e feiticeiros; e também os magos do Egito fizeram a mesma coisa por meio das suas ciências ocultas." (Êxodo 7:11)

Observamos o uso de feitiçaria para auxiliar os administradores públicos aqui no Egito, mas isto era um costume normal das nações da época.

Hoje em dia, nenhum governo sério vai usar feitiçaria ou astrologia para buscar orientações sobre como governar. No entanto, um dos impérios mais poderosos do tempo antigo, os babilônicos, lançavam mão de feiticeiros e astrólogos para essa finalidade, como vemos no livro de Daniel:
"Por isso o rei convocou os magos, os encantadores, os feiticeiros e os astrólogos para que lhe dissessem o que ele havia sonhado. Quando eles vieram e se apresentaram ao rei..." (Daniel 2:2)
Além disso, podemos citar, ainda, homicídios em massa, até mesmo de crianças, como foram os casos do Faraó, que ordenou a morte das crianças israelitas (Êxodo 1:16) e Herodes, que mandou matar todos os meninos até 2 anos de idade por ter sido enganado pelos magos (Mateus 2:16).

O Certo e o Errado


A humanidade havia se endurecido pelo pecado de tal forma que perdeu completamente a noção de bem ou mal, certo e errado. A Lei de Moisés foi enviada para trazer a consciência do homem de volta a esta noção:
"...para fazer diferença entre o santo e o profano e entre o imundo e o limpo..." (Levítico 10:10)
Desta forma, Deus teve que preparar um povo santo, antes de poder enviar o Seu Filho, pois a mensagem do evangelho não seria compreendida, já que os homens não conseguiam mais discernir o bem do mal, o certo do errado. E qual a consequência de não compreender o certo e o errado?

A resposta é: você não vai se arrepender de suas atitudes se você não entende que é errado!

Assim, a Lei de Moisés não foi dada para revelar a verdadeira natureza de Deus, mas sim a natureza maligna que estava dentro do homem. A Lei foi dada para expôr o pecado!
"...porque pela lei vem o conhecimento do pecado." (Romanos 3:20)
"Que diremos pois? É a lei pecado? De modo nenhum. Mas eu não conheci o pecado senão pela lei; porque eu não conheceria a concupiscência, se a lei não dissesse: Não cobiçarás." (Romanos 7:7)
A Lei funcionou como um exame que revelou o problema, a doença do homem. No entanto, ela não trouxe a cura. A cura para o pecado só veio através de Jesus Cristo.

Que a graça do Senhor Jesus seja com você. Amém!

Pr. Wendell Costa

Não estejam inquietos por coisa alguma

Imagem 1: a ansiedade tem atingido boa parte da população. Viver uma vida sem preocupações e inquietações é praticamente uma utopia nos dias...