segunda-feira, 4 de setembro de 2017

Amor - A Verdadeira Natureza de Deus - Parte 10

A Lei de Moisés


Na parte 8 desta série de textos, vimos que Deus abençoou a terra, permitindo que a humanidade continuasse a viver nela a despeito do fato do homem ser pecador e "a imaginação do coração do homem ser má desde a sua meninice" (Gênesis 8:21). No entanto, como as obras humanas eram más, não havia como Deus salvar o homem tendo por base as obras dele.

Desta forma, Deus anuncia a "salvação pela fé" para Abraão, conforme falei na parte 9 da série. Assim, Deus tornaria o homem justo, independentemente das obras, e esta boa notícia é mostrada no versículo abaixo:
"E creu ele [Abraão] no Senhor, e imputou-lhe isto por justiça." (Gênesis 15:6)
No entanto, entre Abraão e Jesus, Deus enviou uma lei: a Lei de Moisés! Nela, vemos um Deus extremamente rigoroso com o pecado, punindo-o severamente com a morte em muitos casos. Aparentemente, Deus deixou de ser paciente com o homem e passou a punir os pecados com rigor, além de exigir todo tipo de sacrifício e reparações por cada ato pecaminoso cometido.

Teria Deus mudado de ideia?

Neste momento, vamos começar a compreender o porquê da Lei de Moisés e sua dureza contra o pecado. Continue conosco.

A Dureza do Coração do Homem


Quando eu lia o Velho Testamento, ficava espantado com a violência que há ali. Tanto os homens cometiam atos que seriam impensáveis nos dias de hoje, como via um Deus irado e pronto a punir com a morte infrações que eu achava serem de menor gravidade. Um bom exemplo é o caso de um homem que foi condenado ao apedrejamento após ser pego apanhando lenha num dia de sábado (Números 15:32-36).

Para mim, aquilo parecia um livro de ficção, e não conseguia fazer o vínculo de certas partes do Velho Testamento com o Deus de amor mostrado no Novo Testamento.

Antes de mais nada, é fundamental compreender a situação do coração do homem naquele momento. Quando Jesus explicava o porquê de Deus haver permitido o divórcio durante a Lei de Moisés, Ele falou:
"Disse-lhes ele: Moisés, por causa da dureza dos vossos corações, vos permitiu repudiar vossas mulheres; mas ao princípio não foi assim." (Mateus 19:8)
Jesus explicou que a Lei permitiu um homem repudir sua mulher pelo fato do seu coração ser tão duro que de nada adiantaria Deus ordenar ao homem permanecer casado até o fim da vida, pois o homem não conseguiria manter isso. No entanto, Jesus deixou claro que antes do pecado, não era assim.

Isto mostra que, quando Deus trouxe a Lei de Moisés, o homem estava com o coração tão endurecido e afastado de Deus que havia perdido a noção de bem e mal (veremos mais detalhes a frente).

Portanto, podemos dizer que a Lei foi dada por causa da dureza do coração do homem, e não por causa da dureza do coração de Deus! Vamos examinar um pouco dos costumes da época na qual a Lei foi dada e você poderá compreender melhor esta minha alegação.

Agora, vamos examinar alguns dos costumes que haviam na época de Moisés e que Deus quis combater através da Lei.

Características das culturas na época da Lei


Área Sexual


O livro de Levítico, em seu capítulo 18 traz diversos mandamentos que visavam purificar o povo de Israel dos pecados na área sexual. Aquela nação havia saído do Egito onde aprendeu diversos costumes malignos. O povo se dirigia à Canaã, terra onde também predominavam as perversões sexuais. Deus os adverte:
"Não fareis segundo as obras da terra do Egito, em que habitastes, nem fareis segundo as obras da terra de Canaã, para a qual vos levo..." (Levítico 18:3)
Agora, vamos ver algumas dessas "obras" que ocorriam, naturalmente, no mundo da época:

1) Relações sexuais com parentes próximos, tais como pai com filha, irmão com irmã, entre avô e neto (a), etc.:
"Não desonre o seu pai, envolvendo-se sexualmente com a sua mãe. Ela é sua mãe; não se envolva sexualmente com ela.
Não se envolva sexualmente com a mulher do seu pai; isso desonraria seu pai.
Não se envolva sexualmente com a sua irmã, filha do seu pai ou da sua mãe, tenha ela nascido na mesma casa ou em outro lugar."
(Levítico 18:7-9)
No restante do capítulo, há ainda práticas sexuais comuns à época, tais como:
  • Sexo durante o período menstrual (verso 19)
  • Adultério (verso 20)
  • Homossexualidade (verso 22)
  • Bestialidade, que é sexo com animais (verso 23)

Estas práticas eram comuns nas nações da época e trazia grande contaminação perante o Senhor:
"Com nenhuma destas coisas vos contamineis; porque com todas estas coisas se contaminaram as nações que eu expulso de diante de vós.
Por isso a terra está contaminada; e eu visito a sua iniqüidade, e a terra vomita os seus moradores." (Levítico 18:24,25)

Na prática religiosa


Algo que hoje em dia é praticamente impensável, naquela época, era comum: oferecer os próprios filhos como sacrifício aos deuses. As crianças morriam queimadas no fogo, em grande sofrimento.

Deus deu ordens para que o Seu povo não cometesse tais atrocidades:
"E da tua descendência não darás nenhum para fazer passar pelo fogo perante Moloque; e não profanarás o nome de teu Deus. Eu sou o Senhor." (Levítico 18:21)
No entanto, apesar da proibição da Lei, essa prática demoníaca foi observada por alguns dos reis de Israel, tal como o rei Acaz:
"Andou nos caminhos dos reis de Israel e chegou até a queimar o seu filho em sacrifício, imitando os costumes detestáveis das nações que o Senhor havia expulsado de diante dos israelitas." (2 Reis 16:3)
Observe na parte sublinhada que este era um "costume" das nações que habitavam a terra de Canaã. Sabemos, também, pela história, que diversos outros costumes abomináveis eram praticados por nações pagãs ao redor do mundo. Um bom exemplo disso era a antropofagia (comer carne humana), que era praticada aqui no Brasil por algumas das tribos.

Figura que mostra prática de sacrifício humano nos povos da América Central na época anterior ao "descobrimento". Fonte: https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=2842280

Na administração pública


Uma outra área onde identificamos costumes que, geralmente, não são praticados hoje é na Administração Pública (nos governos das nações). Atualmente, os governantes procuram ter assessoramento técnico e científico para tomar suas decisões. Mas, na época da Lei, os governantes lançavam mão de feitiçaria para tomar decisões:

"O faraó, porém, mandou chamar os sábios e feiticeiros; e também os magos do Egito fizeram a mesma coisa por meio das suas ciências ocultas." (Êxodo 7:11)

Observamos o uso de feitiçaria para auxiliar os administradores públicos aqui no Egito, mas isto era um costume normal das nações da época.

Hoje em dia, nenhum governo sério vai usar feitiçaria ou astrologia para buscar orientações sobre como governar. No entanto, um dos impérios mais poderosos do tempo antigo, os babilônicos, lançavam mão de feiticeiros e astrólogos para essa finalidade, como vemos no livro de Daniel:
"Por isso o rei convocou os magos, os encantadores, os feiticeiros e os astrólogos para que lhe dissessem o que ele havia sonhado. Quando eles vieram e se apresentaram ao rei..." (Daniel 2:2)
Além disso, podemos citar, ainda, homicídios em massa, até mesmo de crianças, como foram os casos do Faraó, que ordenou a morte das crianças israelitas (Êxodo 1:16) e Herodes, que mandou matar todos os meninos até 2 anos de idade por ter sido enganado pelos magos (Mateus 2:16).

O Certo e o Errado


A humanidade havia se endurecido pelo pecado de tal forma que perdeu completamente a noção de bem ou mal, certo e errado. A Lei de Moisés foi enviada para trazer a consciência do homem de volta a esta noção:
"...para fazer diferença entre o santo e o profano e entre o imundo e o limpo..." (Levítico 10:10)
Desta forma, Deus teve que preparar um povo santo, antes de poder enviar o Seu Filho, pois a mensagem do evangelho não seria compreendida, já que os homens não conseguiam mais discernir o bem do mal, o certo do errado. E qual a consequência de não compreender o certo e o errado?

A resposta é: você não vai se arrepender de suas atitudes se você não entende que é errado!

Assim, a Lei de Moisés não foi dada para revelar a verdadeira natureza de Deus, mas sim a natureza maligna que estava dentro do homem. A Lei foi dada para expôr o pecado!
"...porque pela lei vem o conhecimento do pecado." (Romanos 3:20)
"Que diremos pois? É a lei pecado? De modo nenhum. Mas eu não conheci o pecado senão pela lei; porque eu não conheceria a concupiscência, se a lei não dissesse: Não cobiçarás." (Romanos 7:7)
A Lei funcionou como um exame que revelou o problema, a doença do homem. No entanto, ela não trouxe a cura. A cura para o pecado só veio através de Jesus Cristo.

Que a graça do Senhor Jesus seja com você. Amém!

Pr. Wendell Costa

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