Como Deus Tratou o Homem Após o Pecado
Ao contrário do que muita gente pensa e ensina, mesmo após o pecado, Deus continuou interagindo com o homem, tentando guiá-lo para evitar que o pecado nos dominasse por completo. O amor de Deus pelo ser humano continuou a ser demonstrado, e isto é visto ao longo das Escrituras, em especial no livro de Gênesis.
Certamente o pecado é algo grave e que separa o homem de Deus. O salário do pecado é a morte espiritual, e trouxe, ainda, a morte física e todas as más consequências que vemos ao nosso redor. No livro de Gênesis, vemos que, logo após o pecado, no primeiro contato com Deus, a reação de Adão foi se esconder porque sentiu medo (Gênesis 3:8-10).
Isto mostra que mesmo após o pecado de Adão, não foi Deus quem se afastou deles, mas sim eles que fugiram da Presença de Deus, isto porque o homem se afasta de Deus quando tem consciência do pecado!
Isto mostra que mesmo após o pecado de Adão, não foi Deus quem se afastou deles, mas sim eles que fugiram da Presença de Deus, isto porque o homem se afasta de Deus quando tem consciência do pecado!
Vamos meditar sobre este assunto nesta quinta parte deste estudo.
Por que Deus retirou o homem do Jardim do Éden?
Após o pecado do homem, Deus o lança fora do Jardim do Éden (Gênesis 3:23). A maioria das pessoas faz uma leitura errada sobre este evento, e entende que Deus foi demasiadamente rigoroso conosco. Contudo, é exatamente o contrário! Nunca devemos nos esquecer de que Deus é amor, e tudo o que Ele faz, primeiramente, é motivado por amor e não por ira. Deus pôs o homem pra fora do Éden, exatamente para protegê-lo. Vamos examinar o texto bíblico, note o texto destacado:
"Então disse o Senhor Deus: 'Agora o homem se tornou como um de nós, conhecendo o bem e o mal. Não se deve, pois, permitir que ele também tome do fruto da árvore da vida e o coma, e viva para sempre'. Por isso o Senhor Deus o mandou embora do jardim do Éden para cultivar o solo do qual fora tirado." (Gênesis 3:22-23)
No texto acima, Deus deixa claro o motivo de ele ter retirado o homem do jardim do Éden: para que ele não vivesse para sempre! Mas, espere um pouco! Onde podemos ver "amor" nisso?
Vamos analisar esta questão...
Vamos analisar esta questão...
Se voltarmos para Gênesis 2:17, veremos que o Senhor falou pra Adão que no dia em que ele comesse da árvore do conhecimento do bem e do mal, "certamente morreria". No entanto, quando lemos o relato do pecado original, vemos que, aparentemente, Adão não morreu. Estaria Deus mentindo?
Deus não pode mentir, pois Ele é a própria Verdade (João 14:6, Romanos 3:4, etc.)! Desta forma, devemos entender que Deus falava da morte espiritual do homem, e não da morte física. Ora, a morte física também veio, mas só posteriormente.
Esta interpretação está consistente com Efésios 2:1, que diz que nós estávamos "mortos" devido aos pecados. Esta morte não poderia ser física, pois mesmo em pecado, nosso corpo estava funcionando, e nosso intelecto (a "alma") também funcionava, pois nós podíamos pensar, estudar, etc.
Assim, concluímos que Deus falava da morte do espírito humano, isto é, se o homem escolhesse comer da árvore do conhecimento do bem e do mal, ele morreria espiritualmente, e a morte física acompanhou a morte espiritual.
Bem, levando isto em consideração, agora podemos entender o que Deus queria fazer quando preferiu retirar o homem do jardim: Ele não queria que o homem vivesse para sempre estando morto espiritualmente. Estaríamos condenados a uma vida eterna separados de Deus, separados da verdadeira vida.
Mesmo após o pecado, Deus continua a manter comunhão com o homem
Poderia um Deus santo manter comunhão com um homem pecador? Geralmente, se você perguntar a alguma pessoa religiosa, a resposta será um sonoro "não". No entanto, não é isto que vemos na continuidade do livro de Gênesis.
Mesmo sendo um Deus santo e puro (e, definitivamente, Ele é!), Ele continuou a manter comunhão com o homem após o pecado. Note o comportamento dos irmãos Caim e Abel:
Mesmo sendo um Deus santo e puro (e, definitivamente, Ele é!), Ele continuou a manter comunhão com o homem após o pecado. Note o comportamento dos irmãos Caim e Abel:
"E aconteceu ao cabo de dias que Caim trouxe do fruto da terra uma oferta ao Senhor.
E Abel também trouxe dos primogênitos das suas ovelhas, e da sua gordura; e atentou o Senhor para Abel e para a sua oferta." (Gênesis 4:3-4)
De onde Caim e Abel tiraram esta ideia de trazer ofertas ao Senhor? Como eles chegaram a este entendimento? Obviamente, alguém os orientou a isso, e só poderia ser o próprio Senhor, pois veremos nos versículos seguintes que Deus falava com eles, mesmo sendo pecadores.
Além de orientar os homens a trazerem ofertas, o Senhor também tentava impedi-los de pecar. Quando Deus não atentou para a oferta de Caim, o semblante deste descaiu (versículo 5). Ou seja, Caim ficou "pra baixo", mas o Senhor chegou junto e tentou mostrar a ele que se tivesse o coração mau, de nada adiantaria trazer ofertas a Deus, pois não seriam recebidas:
"E o Senhor disse a Caim: Por que te iraste? E por que descaiu o teu semblante? Se bem fizeres, não é certo que serás aceito?" (Gênesis 4:6-7)
Em Mateus 5:23-24, Jesus diz a mesma coisa: não adianta trazer ofertas ao Pai se você tem rixa com o seu irmão. Antes, é necessário desfazer o mal dentro de nós para que nossas ofertas sejam aceitas por Deus.
Como Deus tratou o primeiro assassino?
Mesmo após a advertência do Senhor, Caim se irou contra seu irmão Abel e o matou. Isto está registrado em Gênesis 4:8. Já no versículo 9, o Senhor confrontou Caim, que foi insolente ao Todo Poderoso:
"E disse o Senhor a Caim: Onde está Abel, teu irmão? E ele disse: Não sei; sou eu guardador do meu irmão?"
Se você fosse Deus, e soubesse que um irmão mau acabou de matar o irmão bom. O que você faria? E se você fosse falar com este homem malvado e ele desse uma resposta insolente a você?
Mas vamos ver como Deus tratou este primeiro assassino registrado na Bíblia:
"E disse Deus: Que fizeste? A voz do sangue do teu irmão clama a mim desde a terra.
E agora maldito és tu desde a terra, que abriu a sua boca para receber da tua mão o sangue do teu irmão. Quando lavrares a terra, não te dará mais a sua força; fugitivo e vagabundo serás na terra.
Então disse Caim ao Senhor: É maior a minha maldade que a que possa ser perdoada." (Gênesis 4:10-13)
Se fizermos uma leitura rápida, veremos que Deus diz que Caim se tornou "maldito", e entenderemos que Deus o amaldiçoou, no entanto, se olharmos mais cuidadosamente, veremos que Deus não o amaldiçoou. O Senhor apenas declarou as consequências do pecado de Caim: ele seria maldito "desde a terra" (verso 11). O universo físico foi criado com uma Lei que chamamos "Lei da Semeadura", que diz que tudo o que plantamos volta pra nós multiplicado.
Esta Lei da Semeadura vale pra plantas, animais e também pra o homem. Vale para nossas atitudes:
"Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará." (Gálatas 6:7)
A Lei da Semeadura é como a Lei da Gravidade, ela não é "pessoal", ou seja, não é Deus quem determina quem vai colher isso ou aquilo, na verdade, é você mesmo quem faz isso. A Lei da Semeadura vale para todos: você irá colher exatamente o que você plantou!
Caim semeou morte e era natural que ele colhesse a morte, porém, após o Senhor declarar o que ele sofreria, Caim entendeu as consequências de sua maldade e disse:
Caim semeou morte e era natural que ele colhesse a morte, porém, após o Senhor declarar o que ele sofreria, Caim entendeu as consequências de sua maldade e disse:
"É maior a minha maldade que a que possa ser perdoada. Eis que hoje me lanças da face da terra, e da tua face me esconderei; e serei fugitivo e vagabundo na terra, e será que todo aquele que me achar, me matará." (Gênesis 4:13-14)
É interessante que em nenhum momento, Deus ordena a Caim que vá embora. De fato, foi o próprio Caim que disse "da tua face me esconderei". Esta é a principal consequência do pecado: nos escondemos de Deus (assim como fez Adão após o pecado, em Gênesis 3:8).
Caim reconhece a sua maldade e se arrepende (mas não posso dizer que foi um arrependimento sincero, o que você acha?). Meu foco aqui é com a reação do Senhor Deus: ao invés de confirmar que realmente Caim seria assassinado devido ao seu pecado, Ele, na verdade, coloca um sinal em Caim para evitar que ele seja morto:
Caim reconhece a sua maldade e se arrepende (mas não posso dizer que foi um arrependimento sincero, o que você acha?). Meu foco aqui é com a reação do Senhor Deus: ao invés de confirmar que realmente Caim seria assassinado devido ao seu pecado, Ele, na verdade, coloca um sinal em Caim para evitar que ele seja morto:
"O Senhor, porém, disse-lhe: Portanto qualquer que matar a Caim, sete vezes será castigado. E pôs o Senhor um sinal em Caim, para que o não ferisse qualquer que o achasse." (v. 15)
Deus, de fato, não trata Caim com o rigor que o pecado merece! Seria isto uma aprovação do pecado? Será que Deus aprovou o pecado de Caim? Claro que não! Deus tentou evitar isso, conforme já vimos. No entanto, já vimos na parte 4 que o homem é o responsável por seus atos, Deus não manipula a vontade humana, pois isto não seria amor.
Deus tratou Caim com misericórdia, e o livrou da morte, colocando um sinal sobre ele.
Você acha que Caim deveria ter morrido por seu pecado? Se sua resposta é "sim", eu também acho que seria a punição mais "justa". Mas você já cometeu algum pecado? Se sua resposta foi "sim" então você (e eu) também deveríamos morrer! O salário do pecado é a morte, e assim como Deus foi misericordioso com Caim, assim Ele é misericordioso com todos.
No livro de 2 Samuel, capítulo 11, temos a história do Rei Davi, que cometeu adultério com Bate-Seba. Como ela engravidou, Davi tentou fazer com que o seu marido, Urias, dormisse com ela pra que ele (e o povo) pensasse que o filho era dele, de Urias.
No livro de 2 Samuel, capítulo 11, temos a história do Rei Davi, que cometeu adultério com Bate-Seba. Como ela engravidou, Davi tentou fazer com que o seu marido, Urias, dormisse com ela pra que ele (e o povo) pensasse que o filho era dele, de Urias.
No entanto, este plano não deu certo, e Davi teve outra brilhante ideia: colocar Urias na linha de frente da batalha pra que ele morresse. Este plano deu certo (aparentemente).
Davi vivia sob a Lei de Moisés, e, pela Lei, estes dois pecados deveriam ser punidos com morte. No entanto, quando Davi se arrepende, Deus diz:
"Então disse Davi a Natã: Pequei contra o Senhor. E disse Natã a Davi: Também o Senhor perdoou o teu pecado; não morrerás." (2 Samuel 12:13)
Claro que Davi colheu as consequências do pecado dele (assim como Caim), mas Deus foi misericordioso com ele e o poupou da morte, que seria a punição adequada para o caso. Ainda vamos estudar sobre a Lei de Moisés, e como Deus começou efetivamente a punir pecados sob a Lei, mas mesmo ali, o Senhor não desejava a morte dos homens, mas sim o arrependimento.
Deus tratou Caim com misericórdia, paciência e perdão, pois Ele é assim. E precisamos entender isto para podermos andar em amor. No entanto, aprenderemos que a humanidade não compreende esta atitude de Deus em não punir o homem com o salário do pecado, e continuou a se afastar do seu Criador.
Que a paz do Senhor seja com o teu espírito. Amém.
Pr. Wendell Costa
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Leia a parte 6 deste estudo no link abaixo:
Amor - A Verdadeira Natureza de Deus - Parte 6
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Leia a parte 6 deste estudo no link abaixo:
Amor - A Verdadeira Natureza de Deus - Parte 6
Muito bom enxergar Deus como Ele realmente é, amoroso e compassivo. Excelente reflexão, Pr. Wendell.
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