quinta-feira, 13 de julho de 2017

Para que serve orar em línguas estranhas?



Afinal de contas, por que eu devo orar em línguas estranhas? O que a Bíblia ensina sobre este tema?

Existe muito material disponível na Internet sobre isso, mas é bem comum eu encontrar pessoas que são cristãs e que pertencem a igrejas pentecostais mas, no entanto, não sabem dar esta resposta com precisão. Muita gente tem alguma informação sobre isto, mas há também muita crença errada sobre este assunto.

Então... vamos ao que interessa!

Línguas é para todos?

Não é um propósito desta postagem ser um estudo abrangente sobre isso, então, vou apenas mostrar, de forma rápida, o que as Escrituras falam, de forma a poder me concentrar no assunto principal: "para que serve as línguas estranhas".

Jesus Cristo não é uma mera religião, Ele é o Filho de Deus que veio ao mundo para salvar a humanidade do pecado e das consequências dele. Esta mensagem é a informação mais importante que existe, pois é capaz de dar a vida eterna àqueles que a recebem.

Para confirmar algo assim tão importante, o próprio Deus opera certas coisas testemunhando a veracidade do evangelho. No versículo seguinte, vemos as 4 formas que Deus age para dar testemunho de Sua Palavra. Vejamos:
"Testificando também Deus com eles, por sinais, e milagres, e várias maravilhas e dons do Espírito Santo, distribuídos por sua vontade" (Hebreus 2:4)
No verso acima, eu enfatizei duas formas que o próprio Deus usa para testificar, ou seja, confirmar a mensagem do verdadeiro evangelho (existem os falsos, mas não vamos falar sobre isto agora). Veja que os termos "sinais" e "dons" estão sublinhados, fiz isso para mostrar a diferença entre eles:

SINAIS - Jesus falou que certos sinais iriam seguir a todo o que cresse no evangelho:
"E estes sinais seguirão aos que crerem: Em meu nome expulsarão os demônios; falarão novas línguas; pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e porão as mãos sobre os enfermos, e os curarão." (Marcos 16:17-18)
DONS - O Espírito Santo distribui certos dons conforme a Sua vontade:
"Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo.
(...)
E a outro a operação de maravilhas; e a outro a profecia; e a outro o dom de discernir os espíritos; e a outro a variedade de línguas; e a outro a interpretação das línguas.
Mas um só e o mesmo Espírito opera todas estas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer."
(1 Coríntios 12:4,10,11)
Observe que os sinais são para todos os que crêem (no evangelho), já os dons não. Os dons dependem da vontade do Espírito Santo e são dados de forma "particular".

Por exemplo, todo cristão pode expulsar um demônio, pois Jesus delegou a Sua autoridade para toda a Igreja. Já nem todos receberão o dom de "discernimento de espíritos" ou o de "variedade de línguas", pois estes dependem de ser a vontade de Deus pra você.

Desta forma, as Escrituras mostram que existe as línguas estranhas que são um sinal da veracidade do evangelho, e estas são para todos. Mas existe um dom que é dado de forma particular chamado de "variedades de línguas", e este dom é dado para a ministração na igreja, assim como são todos os demais dons listados em 1 Coríntios 12.

Agora, vamos falar sobre o propósito do dom de línguas gerais, ou seja, o que é dado como um sinal para o crente.

E então? Pra que serve?

Bem, a resposta rápida é a seguinte: as línguas estranhas servem para que você seja edificado:
"O que fala em língua desconhecida edifica-se a si mesmo..." (1 Coríntios 14:4)
Fácil, né? Vamos então desenvolver esta frase "edifica-se a si mesmo"...

Por que eu preciso ser edificado e o que significa isto? Seguinte, nós fomos chamados por Deus para sermos Sua imagem aqui na terra. O apóstolo Paulo resume isto da seguinte forma:
"Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a pela fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim." (Gálatas 2:20)
Cristo habitar em nós não significa ser um robô, tipo, não é Cristo quem controla seus pensamentos, palavras, ações e omissões. Cristo viver em nós significa que nós mesmos passamos a conhecê-lo e deliberadamente obedecer Sua Palavra. Na medida em que eu ando na Palavra de Deus, voluntariamente, Cristo - que é a Palavra - passa a viver em mim.

Quando eu oro em línguas estranhas o meu espírito é que está orando, e não a minha mente:
"Porque, se eu orar em língua desconhecida, o meu espírito ora bem, mas o meu entendimento fica sem fruto." (1 Coríntios 14:14)
Veja só: não é o Espírito Santo que está "possuindo" sua boca e orando, não! É o seu espírito recriado que está orando, e o seu espírito é uma nova criatura (2 Coríntios 5:17), e, portanto, sabe coisas que sua mente desconhece.

Temos a mente de Cristo

E se tudo o que você pedisse ao Senhor fosse exatamente aquilo que Deus quer fazer? Nâo seria legal isso? Pois bem, o Espírito Santo dentro de nós é chamado de a "mente de Cristo":
"Porque, quem conheceu a mente do Senhor, para que possa instruí-lo? Mas nós temos a mente de Cristo." (1 Coríntios 2:16)
No versículo acima, Paulo está citando o Velho Testamento, Isaías 40:13, onde Deus fala de como Ele criou tudo, e quem teria sido o Seu conselheiro. A resposta óbvia é "ninguém", ou seja, o próprio Deus foi quem projetou e executou todo o Universo, visível e invisível. Veja que inteligência!

Quando cremos na mensagem do evangelho somos tornados partes de Cristo. Nos tornamos um com Ele, e Jesus compartilha conosco o Seu próprio Espírito. No entanto, tudo isto é feito segundo a realidade espiritual e não material.

Materialmente, ainda somos imperfeitos, e estamos longe de conhecermos toda a vontade de Deus. Ora, o próprio apóstolo Paulo fala que conhecemos a Deus apenas "em parte" (1 Coríntios 13:9). Como não sabemos exatamente a vontade perfeita de Deus em todas as situações, quando formos orar, provavelmente, nossa oração será motivada pelas circunstâncias exteriores e pela nossa própria limitação de conhecimento.

Se não orarmos conforme a vontade de Deus, Ele não poderá responder, pois Deus só age de acordo com Sua Palavra. Na verdade, a oração tem como seu principal propósito fazer com que a vontade de Deus seja feita aqui na terra assim como ela é feita no Céu.

Portanto, a oração que fazemos apenas baseados em nosso próprio conhecimento intelectual será imperfeita. Deus, por Seu infinito amor por nós, nos dá, então, um sinal de que somos novas criaturas: passamos a falar em novas línguas.

Novas criaturas falam novas línguas!

Precisamos falar!

Imagine que você precise pregar um prego numa parede, mas não tem o martelo. Daí você pede ao seu pai a dita ferramenta. Seu pai coloca o martelo sobre a mesa e avisa você sobre isso. Então, você fica olhando para o martelo mas não o pega e, portanto, não o utiliza. Pergunto eu: este martelo vai servir para quê?

Da mesma forma, Deus nos entregou um dom que só produzirá edificação se você o usar, afinal, como lemos em 1 Coríntios 14:4 "o que fala em línguas edifica-se". Se você recebeu o batismo no Espírito Santo e orou apenas uma vez e não dedica tempo para orar em espírito, está como esta pessoa que recebeu uma ferramenta mas não a está usando.

O dom de línguas tem seu principal uso em nossa vida particular de oração. Para usá-lo na igreja de forma pública é necessário que alguém seja usado em outro dom: "a interpretação de línguas". Obviamente, você pode "falar consigo mesmo e com Deus", ou seja, durante o culto, ore (ou cante) em línguas mas sem fazer alarde, sem chamar a atenção, pois podem haver pessoas descrentes ou que não saibam o que significa essa língua diferente.

Bem, sobre a importância de dedicar tempo a orar em línguas estranhas, o grande apóstolo dos gentios, Paulo, orava em línguas mais que toda a igreja de Corinto!
"Dou graças ao meu Deus, porque falo mais línguas do que vós todos." (1 Coríntios 14:18)
Não é à toa que este homem de Deus foi capaz de suportar tantas aflições por amor a Cristo e, ao mesmo tempo, alcançar quase todo o império romano com a mensagem do evangelho. A sua capacidade vinha do Senhor, e o versículo acima mostra qual era a fonte de tanto poder: ele orava muito em línguas!

A propósito, antes de encerrar, vou fazer um parêntese aqui: Tem igrejas que não crêem nos dons do Espírito Santo pra hoje em dia, daí eles dizem que no versículo acima, Paulo está dizendo que era tipo um "poliglota", e que falava mais idiomas que os irmãos de Corinto. Ora, basta ver o contexto de todo o capítulo 14 e ficará claro que não são línguas naturais, mas sim espirituais (o capítulo todo busca disciplinar o uso de línguas estranhas, interpretação de línguas, profecia e revelação durante o culto). Então, cuidado quando ouvir enganos deste tipo!

Que a graça do Senhor Jesus seja com você. Amém.

Pr. Wendell Costa

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