segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

Amor - A Verdadeira Natureza de Deus - Parte 12

O Deus de Amor no Velho Testamento


Já vimos que a Lei de Moisés não foi dada como solução definitiva para o pecado, e nem tinha o propósito de revelar a verdadeira natureza de Deus, mas sim de expor o pecado do homem e preparar o caminho para o Salvador Jesus Cristo, que é a solução definitiva para o nosso pecado. Contudo, podemos ver um Deus de amor mesmo em meio a toda a dureza da Velha Aliança.

Nesta parte, vamos examinar alguns pontos importantes da Lei Mosaica e perceber o cuidado do Senhor com os mais fracos, tais como órfãos, viúvas e estrangeiros.

O Ano do Jubileu


Quando comparamos Israel com as nações que existiam ao seu redor, um grande diferencial que vemos era o Ano do Jubileu. A cada ciclo de 49 anos, haveria um ano especial onde a terra que havia sido vendida a outras famílias deveria voltar à sua família de origem.
"E santificareis o ano quinquagésimo, e apregoareis liberdade na terra a todos os seus moradores; ano de jubileu vos será, e tornareis, cada um à sua possessão, e cada um à sua família." (Levítico 25:10)
E para quê servia o ano do jubileu? Bem, a Lei dada por Deus à nação de Israel, neste aspecto, evitaria que famílias se tornassem pobres definitivamente. De fato, a terra só poderia ser "arrendada" e não vendida.

Naquele ambiente, predominantemente rural, o valor da terra era obtido a partir do número de colheitas que o comprador obteria e não pelo valor da terra em si, ou seja, a terra valia o que ela poderia produzir e, desta forma, não havia espaço para a especulação, tão comum nos dias de hoje (pessoas ricas adquirem grandes porções de terra e as mantém improdutivas, apenas aguardando para que se valorizem para, então, serem vendidas).

O ano do jubileu forçava uma cultura de trabalho com a finalidade de prosperidade geral do povo e não de apenas algumas famílias, com isto, se evitava a pobreza permanente de parte da população. Apesar disso, a propriedade privada era respeitada, não podendo isto ser ligado ao socialismo.

Proibição parcial da escravidão


Outra coisa bem interessante era a proibição de se escravizar um israelita. Para entendermos a profundidade desta proibição é necessário lembrar de como era o coração do homem e a cultura da época, coisa que já vimos em partes anteriores deste estudo. A escravidão era totalmente normal entre todas as nações. Os próprios israelitas haviam acabado de ser libertados dela quando saíram do Egito.

E, de fato, era possível ter escravos, desde que não fosse do próprio povo de Israel, pois só era possível escravizar estrangeiros. Ora, isto era algo muito diferente do que ocorria nas nações da época, algo que demonstrava muito respeito a pessoa humana, não sendo comum.
"Quando também teu irmão empobrecer, estando ele contigo, e vender-se a ti, não o farás servir como escravo.
Como diarista, como peregrino estará contigo; até ao ano do jubileu te servirá;
(...)
E quanto a teu escravo ou a tua escrava que tiveres, serão das nações que estão ao redor de vós; deles comprareis escravos e escravas."
(Levítico 25:39-44)
Apesar de ainda permitir a escravatura, a Lei de Moisés possuía diversos mandamentos que buscavam proteger as pessoas que se encontravam em tal condição, garantindo a alimentação (Levítico 25:6), o descanso semanal (Deuteronômio 5:14), punição em caso de morte do servo (Êxodo 21:20), etc.

O cuidado com os excluídos


Deus demonstrava muito cuidado com os excluídos da sociedade. Se hoje temos mais justiça social, estatuto do adolescente, estatuto do idoso, etc. saiba que este tipo de coisa não existia à época. Basta lembrarmos como os reis do Egito e Judeia ordenaram a morte de milhares de crianças inocentes sem o menor remorso (se quiser, releia a parte 10 deste estudo).

Assim, o Senhor se preocupou em levar os israelitas a se colocarem no lugar de um estrangeiro para terem cuidado de não maltratá-los, pois eles também haviam sido maltratados no Egito e experimentaram o quanto é ruim ser humilhado e surrado.
"Que faz justiça ao órfão e à viúva, e ama o estrangeiro, dando-lhe pão e roupa. Por isso amareis o estrangeiro, pois fostes estrangeiros na terra do Egito." (Deuteronômio 10:18-19)
Garanto a você que nenhuma nação da época possuía uma lei ordenando que o povo "amasse os estrangeiros"... Provavelmente, seria mais comum os estrangeiros serem escravizados ou, quando muito, serem postos para fazer os serviços mais desprezíveis.

Além do mandamento visto acima, o Senhor estabeleceu que a maldição viria sobre o que se aproveitasse dos mais fracos a fim de obter vantagens:
"Maldito aquele que perverter o direito do estrangeiro, do órfão e da viúva. E todo o povo dirá: Amém." (Deuteronômio 27:19)

Dízimos para os "excluídos"


Atualmente, muitas denominações são bem rigorosas no que diz respeito ao dízimo, e usam o Velho Testamento para manipular as pessoas para darem dízimos e ofertas através da acusação e constrangimento. Contudo, alguns versículos são omitidos. A maioria das igrejas não usa os dízimos e ofertas para ajudar os necessitados, mas apenas para o crescimento do seu próprio "império" religioso.

O Deus de amor ordenou que, a cada 3 anos (o dízimo era dado uma vez por ano), o dízimo era pra ser compartilhado entre aqueles que não possuíam terras, bens, escravos, etc.
"Ao fim de três anos tirarás todos os dízimos da tua colheita no mesmo ano, e os recolherás dentro das tuas portas;
Então virá o levita (pois nem parte nem herança tem contigo), e o estrangeiro, e o órfão, e a viúva, que estão dentro das tuas portas, e comerão, e fartar-se-ão; para que o Senhor teu Deus te abençoe em toda a obra que as tuas mãos fizerem."
(Deuteronômio 14:28-29)

Deus não queria sacrifícios


No Velho Testamento, os pecados começaram a ser punidos com rigor. Já vimos o porquê disto, e não vou detalhar os motivos novamente. No entanto, aqueles que se achegaram mais a Deus, tais como os profetas, chegaram à compreensão de que o seu Deus realmente não queria o sacrifício de animais.

Os sacrifícios foram ordenados para que o homem pudesse compreender que "sem derramamento de sangue não há remissão de pecados" (Hebreus 9:22). Cada vez que o homem pecasse, ele deveria oferecer animais de sua criação, os quais ele perderia para sempre. Era um ato de fé, pois eles acreditavam que Deus os abençoaria por tal atitude, e que o pecado, caso não fosse coberto, iria trazer maldição.

Mas, no fundo, no fundo, os homens sabiam que a morte de um animal não poderia pagar um pecado, pois pecado é algo espiritual, e é algo cometido por um homem, e só um homem poderia pagar o pecado. Vejamos o que o rei e profeta Davi falou:
"Pois não desejas sacrifícios, senão eu os daria; tu não te deleitas em holocaustos.
Os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus."
(Salmos 51:16-17)
É importante lembrar que Davi escreveu este salmo após ser confrontado pelo profeta Natã. Davi havia cometido adultério com Bate-Seba e ordenou a morte de seu marido, Urias, que, por sinal, era um homem fiel ao rei.

Contudo, apesar da gravidade de seu pecado, Davi escreve afirmando que Deus não desejava sacrifício, mas sim arrependimento! Davi conhecia ao seu Deus.

O caso do profeta Jonas


Um outro caso que me chama a atenção é o do profeta Jonas. Deus ordenou a Jonas que fosse até Nínive para clamar contra ela devido ao seu pecado. Contudo, Jonas fugiu indo para uma outra cidade: Társis. Acredito que você conheça esta história: Deus enviou uma baleia que engoliu Jonas e o levou ao arrependimento de sua desobediência.

Já ouvi pessoas dizerem que Jonas fugiu da tarefa que o Senhor havia passado para ele por ter medo, ou seja, Jonas foi covarde. Contudo, isto não é verdade.

Jonas conhecia a Deus, e sabia que sua tarefa tinha o propósito não de destruir, mas de trazer arrependimento. Deus, sendo um Deus de amor, não deseja derramar Sua ira sobre nós, mas sim nos salvar. Vejamos o que o próprio Jonas fala sobre suas motivações ao fugir do Senhor:
"E orou ao Senhor, e disse: Ah! Senhor! Não foi esta minha palavra, estando ainda na minha terra? Por isso é que me preveni, fugindo para Társis, pois sabia que és Deus compassivo e misericordioso, longânimo e grande em benignidade, e que te arrependes do mal." (Jonas 4:2)
De fato, Jonas fugiu porque ele queria que Nínive fosse destruída! E sabia que Deus o estava enviando para levar arrependimento à cidade, assim como, realmente, ocorreu. Como profeta do Senhor, Jonas já devia ter visto isto acontecer outras vezes, ou seja, Deus enviava o profeta para advertir a pessoa, caso ela desse ouvidos à advertência, era poupada do juízo.

Jonas conhecia a impiedade de Nínive e queria que Deus a destruísse, mas o Senhor é amor, e faz o que está a seu alcance para levar o perdão ao homem sem, contudo, comprometer sua santidade e justiça.

O maior mandamento da Lei


Quando perguntado sobre qual seria o maior mandamento da Lei de Moisés, Jesus respondeu:
"E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento." (Mateus 22:37-38)
No entanto, Jesus não parou por ali, o Mestre continuou afirmando...
"E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo.
Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas."
(Mateus 22:39-40)
Jesus nos mostra que toda a Lei de Moisés e os profetas precisam ser interpretados com base em amor, tanto amor a Deus como amor ao nosso próximo, e que estes dois mandamentos estão vinculados um ao outro.

Não compreender o caráter de amor de Deus nos transformará em meros religiosos que seguem regras "secas" mas que não têm um propósito de edificação de laços familiares. Desde o princípio, não vemos o Senhor preocupado em criar religiosos, mas sim em desenvolver em nós o entendimento de que somos todos irmãos e que Deus é o nosso Pai.

Jesus nos desvenda o verdadeiro caráter de Deus: o amor. Um amor que foi ao ponto de levar o Deus Criador de todas as coisas a se tornar um homem e se oferecer para uma morte humilhante e dolorosa em prol de nossa salvação.

E é com base neste amor, que passamos a entender toda a Escritura, e, em especial, a Lei de Moisés com toda sua aparente dureza e rigor. Entendemos que Deus teve que fazer aquilo para que o homem pudesse entender que havia se afastado muito da pureza, bondade e misericórdia do Pai, e que precisava se arrepender e receber a cura definitiva: Jesus Cristo, nosso bendito Salvador.

Que a graça do Senhor Jesus seja com você.

Pr. Wendell Costa

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