domingo, 20 de janeiro de 2019

O Espinho na Carne do Apóstolo Paulo - Parte 3


A falta de entendimento sobre o espinho na carne do apóstolo Paulo acabou se tornando uma brecha, na igreja, que traz incredulidade, principalmente no que diz respeito à cura divina. Creio que este entendimento foi superado nos textos anteriores, onde mostrei que o espinho era um demônio e que não foi enviado por Deus.

Além disso, procurei mostrar que não poderia ser uma doença, pois a Nova Aliança contém promessas claras sobre o fato de Deus já nos ter abençoado com cura e autoridade sobre demônios, de sorte que não existe a possibilidade de Deus "abrir exceção" e negar tais promessas. Caso ainda haja dúvidas em sua alma sobre tal verdade, recomendo o estudo da minha série de vídeos sobre cura divina, conforme citado no texto anterior.

Neste texto, explicarei a você porque Deus não pôde (isso mesmo, não "pôde") remover o espinho na carne de Paulo e quais as implicações disso para nós.

As perseguições por amor a Cristo


Entrarei em um assunto que também é vasto, assim como o assunto da cura, portanto, caso ainda restem dúvidas em seu coração, sugiro que você acompanhe a série de estudos (link para o primeiro texto e link para o primeiro vídeo da série) da nossa irmã Bruna Monastirski, acerca do sofrimento humano. Ela aborda esta temática de maneira mais profunda, sendo que, neste texto, darei apenas algumas pinceladas no assunto.


No texto passado, vimos que o espinho na carne remonta a pessoas através da quais o povo de Deus é perseguido. Isto acontecia no Velho Testamento e acontece no Novo. Pessoas são usadas pelo inimigo como instrumentos do mal a fim de nos bater, assim como foi com Paulo.

Jesus advertiu que aqueles que O perseguiram também perseguiriam os discípulos que viriam depois. O Senhor usou a seguinte lógica:
"Lembrai-vos da palavra que vos disse: Não é o servo maior do que o seu senhor. Se a mim me perseguiram, também vos perseguirão a vós; se guardaram a minha palavra, também guardarão a vossa." (João 15:20)
O lado positivo desta verdade é que aqueles que, potencialmente, dariam ouvidos a Jesus também poderão nos dar ouvidos no que diz respeito à Palavra de Deus, ou seja, é uma moeda de dois lados.

Ora, voltemos a falar sobre as perseguições por amor a Cristo. Tal perseguição não tem origem natural, mas sobrenatural; o "deus deste século" cegou os homens descrentes de uma forma que eles não compreendem o que estão fazendo. Jesus chega a dizer, alguns versos depois, que o diabo levaria os homens "religiosos" a perseguirem o povo de Deus a ponto de lhe matar, mas crendo estar operando um serviço divino:
"Expulsar-vos-ão das sinagogas; vem mesmo a hora em que qualquer que vos matar cuidará fazer um serviço a Deus." (João 16:2)
Se conectarmos este verso acima com outros versos do evangelho de João, poderemos observar qual a origem dos desejos homicidas que enchem os corações dos perseguidores do evangelho:
"Mas agora procurais matar-me...
Vós [os judeus religiosos] fazeis as obras de vosso pai...
Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai da mentira."
(João 8:40,41,44)
Agora fica claro que o diabo impulsionava o desejo homicida naqueles que perseguiam o apóstolo Paulo, quando buscavam matá-lo. Isto aconteceu com nosso Mestre Jesus, aconteceu com Paulo e acontecerá com todo aquele que procurar servir a Deus. O nível de perseguição poderá ser maior ou menor, mas sempre existirá.

Nossa atitude diante da perseguição


Naturalmente, ninguém gosta de ser perseguido, pois a perseguição infligida pelo inimigo pode se manifestar de muitas formas cruéis. Pode começar com ataques verbais, tais como acusações, injúrias, mentiras, etc.; ou desbancar para coisas como prisões, tortura e morte. O nível de perseguição depende da medida de espaço que satanás consegue na sociedade respectiva: suas leis e sua cultura.

De fato, podemos entender, pela Bíblia, que, ao perseguir a Igreja, Jesus também se sente perseguido. Veja o que o próprio Cristo falou para Paulo, quando da ocasião do encontro na estrada de Damasco:
"E, caindo em terra, ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues?
E ele disse: Quem és, Senhor? E disse o Senhor: Eu sou Jesus, a quem tu persegues. (...)"
(Atos 9:4-5)
Ao perseguir ferozmente os cristãos, Paulo, na verdade, estava perseguindo ao próprio Jesus. A Igreja é o Corpo de Cristo na Terra, conforme atestam as Escrituras (1 Coríntios 12:12; Efésios 1:23; Colossenses 1:18), e persegui-la é a mesma coisa que perseguir Jesus, a cabeça deste corpo. Afinal, ninguém pode afirmar que "o seu corpo é perseguido, mas a cabeça é deixada em paz".

De qualquer forma, o próprio Jesus deixou as orientações necessárias para que pudéssemos passar pela perseguição e, ainda, aproveitá-la para crescimento. Vejamos o que o Mestre falou:
"Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa.
Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós."
(Mateus 5:11-12)
Não há como você se alegrar em meio ao sofrimento se não tiver um alvo bem definido. Já ouvi relatos de pessoas que passaram anos estudando para entrar em algum concurso público de alto salário. São histórias semelhantes: abnegação, perseverança, foco, dentre outras palavras, são usadas para descrever esses momentos de esforço. Contudo, ao vencer a difícil etapa de passar no concurso, vem a recompensa na forma de um bom emprego, com estabilidade e segurança. Os poucos meses (ou anos) de estudo se transformarão em décadas de recompensa, tanto para si como para a família do felizardo concurseiro.

Quando se tem a promessa de uma boa recompensa, tem-se um fator que servirá de combustível para que encaremos os sofrimentos com um ânimo correspondente. Jesus não promete uma vida sem sofrimentos ou perseguições, mas Ele prometeu que seremos abençoados e felizes se nós formos perseguidos por amor a Ele, desde que tenhamos a atitude correta de olhar para o alvo, para a recompensa que nos está prometida.

O próprio apóstolo Paulo, ao escrever aos romanos, demonstra que possuía um alvo eterno que o motivava a avançar frente às adversidades:
"Porque para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada." (Romanos 8:18)

Sim, haverá perseguições por causa da Palavra, contudo o Mestre nos ensina que haverá um maior galardão e, quando Deus assim promete, podemos confiar que será uma grandíssima recompensa.

Paulo "entende o recado"


Quando o Senhor falou para Paulo "a minha graça te basta", Ele não estava dizendo um "não", mas estava redirecionando o coração do apóstolo para que este pudesse ter seu foco na recompensa que estava diante dele, e não nos sofrimentos causados pela pesada perseguição sofrida.

Vamos examinar o texto que estamos estudando aqui:
"Acerca do qual três vezes orei ao Senhor para que se desviasse de mim.
E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo.
Por isso sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco então sou forte."
(2 Coríntios 12:8-10)
Afligido pela perseguição, Paulo ora ao Senhor para que este impeça o demônio de agir, através dos homens, a fim de esbofeteá-lo. O Senhor responde no sentido de que a graça seria suficiente para sustentá-lo.

Explico que graça se refere a tudo o que Cristo proveu na Cruz para nós: proteção, cura, provisão, vida eterna. Ao longo da história da vida deste grande homem, vemos que Deus protegeu Paulo da morte diversas vezes, inclusive de uma morte por apedrejamento (Atos 14:19), outra vez, da morte através da mordida de uma víbora (Atos 28:3-6), dentre outros livramentos. Além disso, Deus o supriu, o fortaleceu e o conduziu ao longo de décadas de perseguição e privação: a graça de Deus foi suficiente para Paulo.

Ao final de sua vida terrena, Paulo diz: "combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé" (2 Timóteo 4:7) e se prepara para receber a sua "coroa" (verso 8), não uma recompensa terrena e temporária, mas uma recompensa eterna.



Por que Deus não remove a perseguição?


Esta é uma pergunta natural, principalmente para um novo na fé, embora muitos "velhos convertidos" não saibam respondê-la. Após este pequeno estudo, a pergunta, na verdade, deveria ser esta: Será que Deus pode impedir satanás de agir através de pessoas?

Tentarei respondê-la em poucas palavras, já que é uma questão que envolve um análise mais aprofundada.

Quando Deus criou Adão, não havia o pecado no homem. Sem pecado, satanás não poderia agir na humanidade. Quando satanás tentou Eva, ele a tentou para "comer da árvore do conhecimento do bem e do mal" (Gênesis 3:1-6). Ora, Deus havia dito a Adão que se este comesse de tal árvore, ele morreria. Quando Adão comeu, aparentemente, não morreu, porque Deus falava de morte espiritual, embora a morte física haja acompanhado à espiritual posteriormente.

Quando Adão e Eva, voluntariamente, pecaram e comeram da árvore de conhecimento, eles abriram a porta para que satanás habitasse na Terra e pudesse influenciar o homem com conhecimento, desta vez, um conhecimento "misturado" (bem com mal). À medida que o homem se aprofundava no conhecimento maligno, satanás obtinha mais e mais acesso para manipular os seres humanos e estabelecer seu império de morte sobre a Terra. Algumas gerações após o pecado, simplesmente todo pensamento humano se tornou maligno (Gênesis 6:5), então Deus anuncia o dilúvio e prepara a salvação da humanidade através da Arca de Noé.

Basicamente, Deus não impede que um ser humano cometa pecado e dê lugar a satanás. Se Deus manipulasse assim a vontade humana, Ele teria criado apenas robôs, e não teríamos a capacidade de amar, pois o amor verdadeiro sempre será uma escolha. Como fomos criados "à imagem e semelhança de Deus", nos foi dada a capacidade de escolher entre amar ou não amar. Além disso, Deus entregou ao homem o domínio sobre a Terra (Gênesis 1:26-28) e, assim fazendo, Ele faz com que nós tenhamos que escolher escolher nosso caminho.

O Juízo de Deus


Deus estabeleceu que irá julgar o mundo e todas as obras dos homens (João 12:48; Atos 17:31; Romanos 2:16, dentre outros), mas tal dia ainda não chegou. Assim sendo, se Deus realmente fosse impedir satanás de operar através dos homens, Ele teria que executar o juízo final agora mesmo. Ocorre que ainda há tempo para arrependimento e salvação para a humanidade, embora este tempo esteja se esgotando.

Podemos, contudo, confiar no Senhor, sabedores que Ele, por Sua graça, irá nos conduzir neste mundo em trevas, nos livrando do mal e nos fortalecendo para que possamos cumprir nossa missão, assim como foi com o apóstolo Paulo.

Que a graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja com você. Amém.

Pr. Wendell Costa

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Não estejam inquietos por coisa alguma

Imagem 1: a ansiedade tem atingido boa parte da população. Viver uma vida sem preocupações e inquietações é praticamente uma utopia nos dias...