Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho. (Filipenses 1:21)
Em meio à sua intensa vida apostólica, Paulo é preso em Jerusalém, acusado de pregar contra a Lei de Moisés. Então, enquanto ainda estava preso, ele escreve a epístola aos Filipenses. O crime de Paulo foi pregar o evangelho de Jesus Cristo, algo que, naquele momento, ainda não era crime pelas leis romanas.
Este grande apóstolo do Senhor descreve um pouco das aflições pelas quais passou, na sua segunda epístola aos Coríntios, capítulo 11. Nessa passagem bíblica, Paulo resume tudo o que sofreu em sua jornada, falando de açoites, prisões, naufrágios, etc. Em outra passagem das Escrituras (Gálatas 6:17), ele cita as marcas de Cristo, que estavam em seu corpo.
Isso tudo nos mostra que a vida de Paulo não era nada confortável, mas que foi uma vida bastante sofrida. Certamente ele também desfrutou de bons momentos, enquanto adorava a Deus e tinha comunhão com a igreja do Senhor, mas os seus sofrimentos por causa de Jesus ficam bem evidentes em seus textos.
Ora, como um homem que passou por tantos sofrimentos conseguia desfrutar de alegria e ainda orientar aos cristãos a se "regozijarem sempre"? (Filipenses 4:4)
Bem, o próprio Deus, através de Paulo, nos dá as chaves para uma vida vitoriosa neste mundo, de maneira que tenhamos condições de andar em paz e alegria, a despeito das circunstâncias pelas quais passamos.
MEU VIVER É CRISTO
A primeira chave é “vivermos Cristo” aqui neste mundo. Isso implica em alguns desdobramentos, a saber:
- Conhecer a própria salvação trazida por Deus em Cristo (“o que é ser salvo”; “salvo de quê?”).
- Conhecer o chamado específico que Deus tem para cada um de nós e procurar seguir tal chamado (“qual a minha missão no mundo?”)
Ora, conhecer a salvação plenamente não é algo sobre o qual podemos explorar em apenas uma postagem, por isso tecerei apenas alguns comentários sobre isso.
Afinal de contas, nós somos salvos de quê?
Bem, fomos salvos do pecado e de todas as suas consequências, o que inclui muita coisa. Toda a criação foi contaminada pelo pecado e sofre, hoje, com as suas consequências.
Perceba que todo o mal que existe neste mundo, tais como mentira e engano, roubo, doença, assassinato, fome, miséria, traição etc. são consequências diretas da entrada do pecado na terra. Assim sendo, a salvação foi preparada para nos livrar de tudo isso.
Mas a salvação foi feita por Deus em 3 etapas distintas. Na primeira etapa, um pecador se arrepende da sua maneira de viver e entrega a sua vida a Cristo, sendo salvo em espírito. Deus troca a sua velha natureza pecaminosa por uma nova natureza de santidade e justiça. Esta etapa ocorre no espírito humano.
A segunda etapa ocorre em nossa mente (a "alma", do grego "psyquê"), pois precisaremos reaprender a viver com base nessa nova natureza espiritual, recebida da parte de Deus, por meio de Cristo. Todo pecado que estava entranhado em nossa mente precisa ser removido, o que afetará nosso comportamento, nossos hábitos e o nosso caráter. Esse processo é conhecido como "santificação" e é fundamental para que possamos desfrutar da realidade do Reino de Deus, aqui na terra.
A terceira etapa da nossa salvação se cumprirá na volta de Jesus, quando Ele transformar os nossos corpos mortais em corpos eternos gloriosos. Mas mesmo antes disso, há a esperança da vida eterna para os que morreram no Senhor, assim como o próprio apóstolo Paulo afirmou na sua epístola aos Filipenses (capítulo 1, verso 23).
Todas estas coisas estão reveladas para nós, através das Escrituras Sagradas, iluminadas pelo Espírito Santo em nossos corações. Gradativamente, devemos voltar nossas mentes para Deus, através das verdades contidas na Palavra de Deus, o que irá mudar o curso da nossa vida, removendo o nosso foco da vida natural e pecaminosa para a vida eterna e santa.
O segundo desdobramento, para podermos viver Cristo na terra, é conhecermos o nosso chamado ministerial. Afinal, para que Deus nos chamou? Ou seja, qual o serviço que Ele tem para fazermos: a nossa missão neste mundo?
Isto é essencial para nos dar um sentimento de propósito nesta vida e nos ajudar a canalizar nossos recursos, para o cumprimento desse propósito. Alguém que não tem o senso de missão irá se perder totalmente com os cuidados deste mundo e será levado ao sabor das circunstâncias. Não estará disposto a buscar a Deus e a pagar o preço pra cumprir o seu chamado na Terra.
Assim como um atleta se abstém de muitos prazeres, a fim de obter vitória em sua prática esportiva, um discípulo de Cristo, que conhece o propósito de sua própria vida, consegue se abster de todas as distrações, de forma a não parar diante das dificuldades e tentações que encontra pela frente.
O MORRER É LUCRO
A certeza de que temos a vida eterna é fundamental neste processo de podermos viver uma vida de paz e alegria, em meio às circunstâncias adversas deste mundo. Por mais que tenhamos uma vida confortável e tranquila, tribulações chegarão até nós, principalmente se você estiver servindo a Deus com sinceridade e fervor.
O mesmo apóstolo Paulo, em sua segunda epístola a Timóteo, comenta sobre as tribulações que passou em Antioquia, Icônio e Listra, concluindo o seguinte:
E também todos os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições. (2 Timóteo 3:12)
Portanto, não há nada que pague a certeza de termos a vida eterna, mesmo antes da ressurreição dos mortos.
Mas de ambos os lados estou em aperto, tendo desejo de partir, e estar com Cristo, porque isto é ainda muito melhor. (Filipenses 1:23)
Por maior que seja a tribulação que nos atinge, sabemos que temos a vida eterna no Filho de Deus, e podemos prosseguir com esta confiança: "Deus é o nosso ajudador"; e a morte dos santos é "preciosa aos olhos do Senhor" (Salmo 116:15).
Portanto, com os nossos nomes escritos nos Céus, prossigamos, com alegria e fervor, em nossa missão de evangelizar e discipular. Ponha os seus olhos (do coração) em Jesus, pois quer na vida quer na morte somos d’Ele!
Que a graça do Senhor seja com o teu espírito. Amém.
Pr. Wendell Costa